Prêmio Top Blog 2011

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sábado, 31 de dezembro de 2011

FELIZ 2012... GRANDE AMIGA E PARCEIRA CLÁUDIA SIMÕES!!!

FELIZ 2012 PARA NOSSOS LEITORES E SEGUIDORES!
O ANO NOVO CHEGARÁ REPLETO DE GRÃOS DE ESPERANÇA,
FLORESCENDO A CADA DIA...
DESEJAMOS CONTINUAR JUNTAS, TECENDO A VIDA DE
NOSSOS ADMIRÁVEIS PERSONAGENS NESSA NOSSA
DELICIOSA "ESTÓRIA COM H"


Marina... Do Outro Lado Desta "Estória com H"

“Dentro de seu coração apaixonado, a mentira, que acabara de dizer à amiga, lhe corroia. E era ainda capaz de corroer o corpo todo! Aos poucos, enquanto a balsa deslizava, aos trancos e barrancos, nas águas intranqüilas, por causa da chuva, o medo de perder Nina, para sempre, lhe consumia, feito a luz numa lamparina!”
Marina, a grande amiga de Nina, sentia a dor do abandono... A dor do “não estarem juntas”... A dor de uma tristeza infinda... Algo que jamais sentiu em toda a sua vida! Não estar, agora, ao lado de Nina, era como uma aflição... Nada mais fazia sentido. Nada mais poderia lhe causar alegria em seu coração... Esse, que batia ardentemente por ela, por ela que era sua amada amiga... Como haveria de viver sem tê-la por perto... Lugares distantes... Enquanto não pudessem se reencontrar!
“Ah! Mundo cruel... Mundo que me deixa infeliz, triste, sem eira e nem beira... Assim, sem a companhia alegre de minha amiga... Como poderei viver sem a minha parceira nesta vida? Tão longe... Tão distante de meus olhos? Tão sem os meus cuidados? Tão sem a minha proteção? Tão sem eu abraçá-la, num abraço de urso? Tão sem eu lhe dizer que a amo... Desejando que o “Colar de Borboleta” lhe faça sentir sempre a minha presença... Meu amor!!!”
BA!


Nina Decide Ser Feliz!

Naquela manhã, quando todos os personagens de “Estória com H” já se despontavam em seus capítulos, Nina decidia ser feliz a todo custo! A partir daquele dia, ela haveria de sustentar o seu desejo... Não mais agüentaria lágrimas em seus olhos de menina, de mulher... Seus olhos mostrariam apenas alegria e contentamento pela vida! Nada mais faria com que ela se entristecesse... Sua vida, de agora em diante, seria um mar de felicidade, de amor à sua própria vida!!!
Nina, a doce Nina, correu em direção ao rochedo, antes que pudesse voltar a lecionar para a garotada, que a espera, e bem à beira dele gritou:
“Eu sou uma rocha... Ninguém poderá me fazer, de novo, em frangalhos... A minha vida a mim pertence, e dela eu sei... Dela, eu serei mais eu! Está decidido... Serei Feliz!”
BA!

Ícaro e Angélica Num Mundo Novo!

Depois de penar ante seus anseios, Ícaro, o tal investigador, metido e abusado, cansando-se de tantas investidas nos casos em que deveria resolver, decidiu, naquela manhã, após o café saboroso da pousada, procurar por Angélica... Sentia uma forte atração por ela! Quem sabe, ela não poderia ajudar em sua investigação se acaso correspondesse aos seus afagos...
Bateu à sua porta! Aguardou um minuto árduo, sem paciência. Para sua surpresa, Angélica tocou a maçaneta, deixando a porta entreaberta...
Ícaro empurrou-a com a mão, já sorrindo, adentrando no quarto.
Ao avistar a moça, de costas, correu para abraçá-la, sussurrando algo em seu ouvido...
Angélica, virando-se, apenas lhe disse: “Bem-vindo, meu amigo Ícaro, ao meu novo mundo em preto e branco...”
Olhos nos olhos... Ícaro não foi capaz de perceber o que acontecia! Angélica lhe viu em preto e branco!
Num abraço, apertado, sem jeito, ambos se encontravam em total discrepância...
“Ícaro, só vejo, agora, em preto e branco... As cores sumiram de meu alcance...”
“Verdade? Nem percebe a cor de meus olhos?”
“Não... Nem me lembro da cor de seus olhos... Acordei assim! Agora, esse é meu novo mundo, um mundo em preto e branco...”
“Você está maluca, mulher...”
“Não! Estou com alguma loucura... Será?”
“Pois se é assim... Estou bem em preto e branco?”
“Está... Como num filme antigo...”
“Está de brincadeira comigo?”
“Não... Ajude-me a encontrar as cores da vida...”
BA!


Dois Por Fora

“Os dois se amaram, até que a última gota de chuva pingasse do céu!!!”
Pedro e Bia... Não poderiam supor, após aquela noite tão quente entre eles, o que acontecia na vida dos outros personagens dessa “Estória com H”, onde até o impossível já rondava pela Ilha!
O dia já clareava, fazia tempo, e esses dois decidiram deixar aquela marca do amor deles para trás... Cada um seguiu seu caminho!
Bia voltou para sua casa, ainda disposta a correr pela praia, enlouquecida pela aventura que tivera com o amigo de infância, mais uma vez... Pelo caminho, lambia os lábios, ajeitava o sutiã, e sorria enquanto se lembrava daquele frenesi todo ao lado do homem que prometeu, num segundo, naquele em que o ardor faz estremecer, amá-la para sempre...
Já Pedro, cansado e triste ao mesmo tempo, fez seus passos rumarem para a pousada, decidido a procurar por Nina antes que voltasse para sua cidade... Uns três dias depois!
Dormiu feito um gato, aconchegado em seu canto, desejando sonhar com Nina, aquela menina, aquela mulher, que ele tanto amava, que não saia de seus pensamentos...
BA!

domingo, 11 de dezembro de 2011

Olhar Preto e Branco

Enquanto os ventos da ilha tratavam de levantar poeira na vida daquelas pessoas, Angélica adormeceu, naquela noite, sentindo um profundo vazio. Sentia também saudades de Roberto. Pensou nos planos que fizeram juntos e também em sua culpa por ter perdido aquele amor para Nina e  para Bia. Cerrou os olhos e sonhou novamente com ele. Em seu sonho, Roberto parecia estar longe, de costas e agachado na areia. Parecia estar procurando por algo perdido. Angélica fazia força para se aproximar dele, mas, quanto mais tentava, mais o forte vento, que vinha em direção contrária, soprava para que ela não o alcançasse. Sentia como se desse um passo à frente e três passos atrás. Acordou com os raios de sol entrando pela janela do quarto da pousada, e, quando abriu os olhos, sentiu que não mais enxergava como antes. Sua visão estava turva. Assustada, correu para o pequeno espelho pendurado na porta do banheiro, e, com olhos arregalados, enxergou sua imagem não mais em cores. Daquele dia em diante, Angélica passaria a ver a vida em preto e branco.
CS!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Um Colar, Um Violão... Esse amor, Uma Canção!

Sacudindo a areia do corpo, Nina resolvera mudar de vida! Não ficaria mais choramingando pelo resto de seus dias...
Chegando em casa, já quase amanhecendo, quando os primeiros raios de sol acariciavam seu rosto, ela entrou, triunfantemente, já decidida a realizar uma grande mudança. Ali, naqueles parcos cômodos, haveria de fazer uma limpeza, retirando tudo o que não lhe valia mais... Juntou umas poucas tralhas, e colocou todas dentro de um saco. Haveria de doar, mais tarde, para a pequena casa de caridade no vilarejo da ilha. Antes mesmo de passar um delicioso café, deu uma boa arrumação em suas dependências; cozinha, banheiro, sala e dois quartos... Um, que era o de seus pais, outro, o seu, bem pequeno... Nele, encima da cômoda, tocou, carinhosamente, o “Colar de Borboleta”, presente de sua amiga Marina, pelo qual tinha verdadeiro apreço, pois bem sabia o quanto ele lhe protegia de todo o mal... Nina ainda não sabia que ele era a jóia rara, que, na verdade, Pedro havia comprado para ela, anos atrás, quando ele deixou a ilha...
Na sala, num canto, encostado na parede, estava o violão de Marina, que o deixou, antes de sua partida, para que Nina cuidasse dele... Ela tocou suas cordas, lembrando-se da canção que a amiga lhe tinha feito!
Assim como num lampejo, a saudade da amiga bateu forte em seu coração tão machucado!
Pensou: “Um dia, Marina voltará? Será que ela vai, de vez, se mudar para sua terra natal? Vai me deixar, aqui, tão só? Como poderei viver sem ela? Tudo que me sobrará dela será... Um colar, um violão... Esse amor, uma canção?”
Nina enxugou suas lágrimas! A água para o café já fervia no fogão à lenha... Dentro do coração de Nina, a vontade de viver em estado sublime era maior. Poderia suportar toda dor de agora em diante, pois nenhuma delas haveria de lhe tirar a alegria de voltar a viver!!!
BA!



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Despertar de Nina

Naquela noite, Nina caiu, ali mesmo, num sono profundo. Foram poucas as horas que se passaram até o primeiro raiar do sol. Porém, para Nina, pareceu mais uma eternidade. Quando abriu os olhos, ainda tentou cerrá-los, para ver se voltava a sonhar. Em seu sonho, Nina voltava a ser criança. Ela podia ver-se correndo pelos campos e brincando com seu velho Gato Borboleta. Sorriu, mesmo dormindo, quando sentiu os dedos de Bia fazendo cócegas em sua barriga. Lembrou-se das travessuras que os amigos aprontavam. Neste momento, sentiu um grande desassossego. Enquanto seu corpo revirava a areia fina da praia, seu sonho a levava para um mundo onde era feliz e ainda tinha tudo o que acabou perdendo. O primeiro pensamento de Nina, quando acordou, foi uma forte sensação de saudade. Seus olhos derramavam lágrimas em seu belo rosto, enquanto Nina contava, nos dedos, todas as pessoas que amara e que tinha perdido. Nina levantou-se e sacudiu a areia do corpo.
CS! 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Alcançando as Estrelas!


Nina, ainda no labirinto de sua solidão, buscava rabiscar no papel as suas mágoas, pois estava totalmente descontente com sua vida, que estava lhe causando um grande desagrado... Por quê?
Nesta noite em que Marina lhe abandonara, Nina sentiu, na pele, as suas perdas nefastas, e agora já não importava mais o quanto poderia ainda sofrer!
Anestesiada de sua dor, deixou seus escritos por terminar e saiu de casa, em direção à praia, decidida a não mais pensar em tudo aquilo. Queria simplesmente ver o mar de frente, buscando, em suas ondas, naquele vaivém, um novo ritmo para aquela sua vida sem graça.
Lá chegando, com os pés descalços, caminhou sobre a beira-mar, inventando coreografias que pudessem lhe aliviar o peso nas costas. Quase flutuou!
A Lua, admirada, resolveu abaixar um pouco mais, encostando-se na linha do horizonte, só para iluminar seus passos... Seus gestos... Seu rosto... Seu corpo... Sua leveza de ser!
Nina ficou um bom tempo por lá... Tanto, tanto que, assim, quase flutuando, era capaz de alcançar as estrelas!
BA!










sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Gota à Gota

Ícaro, o Sherlock Holmes de “Estória com H”, não estava nada satisfeito! Durante este tempo, ele ainda não havia conseguido juntar todas as provas de que precisava, para desvendar os dois casos que lhe caíram em mãos; o sumiço de Alexander e o assassinato do doutor Roberto. Quando chegou à Ilha, ele tinha a plena certeza de que a sua promoção já estava a caminho, porém não tão concreta ainda... Já se passavam alguns dias desde quando acontecera aquela confusão no posto da delegacia, quando as quatro mulheres - Bia, Angélica, Nina e Marina - foram chamadas para um primeiro interrogatório.
Agora, em seu quarto na pousada, o jovem investigador presumia seus planos, gota à gota, para colocar em dia todas as suas anotações até então colhidas. Estava encafifado, totalmente desconfiado de Nina, mas não sabia ainda apontar a causa dessa sua cisma. Muito em breve, ele iria convocar uma por uma para interrogá-las, colocando-as na parede de uma vez por todas! Mal sabe ele que Marina deixou a Ilha, por conta de uma fuga... Mas essa sua retirada teve outros motivos.
Angélica também desconfiava de Nina. Achava que ela teria um amor ou um ódio por Roberto, não sabia ao certo. Para ela, esses dois indícios já poderiam motivá-la a cometer o assassínio. Enquanto esse tempo passava, Angélica vivia na Ilha, um pouco recolhida em seu canto, e continuava seu trabalho de pesquisas. Não quis encontros com nenhuma dessas mulheres, com quem conviveu. Enquanto a morte de Roberto não fosse esclarecida, ela continuaria em sua solidão, que também era calculada, gota à gota, dentro de seu coração machucado. Naquele momento, pelo qual passava, ela decidiu ser uma mulher de poucas palavras!
BA!


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

À Flor da Pele

Naquela noite de chuva, encontros e desencontros, os planos de Bia dariam tão certos quanto a certeza que aquela garrafa de vinho seria tragada até a última gota. E foi assim, num abraço prolongado, braços enrolados e beijos espalhados, que ela e Pedro se entregaram à surpresa de se verem um ao outro. Seus corpos colaram como se fossem um só... A inocência dava lugar a uma forte atração. Ela não demorou muito para puxá-lo pelas mãos, e debaixo de uma forte chuva correram como crianças em direção à Árvore dos Desejos. Pedro deixou-se levar assim, como queria que seus pensamentos abandonassem a figura de Nina. Ah!... Sua doce Nina! Novamente, o destino se encarregava de deixá-la cada vez mais longe. Pelo caminho, enquanto o silêncio era cortado pelo barulho da chuva, sorrisos eram marcados nos rostos de Pedro e Bia. Suas mãos conversavam entre si, num baile frenético, entre passos trocados e empurrões marotos. Ao chegarem bem debaixo da árvore, Pedro, com as mãos cruzadas ao redor da cintura de Bia, disse em seus ouvidos: "Este é um lugar especial pra mim. Não me sinto bem. Preciso de uma amiga. Deixe-me abrir meu coração. Preciso de você Bia." Ao contrário do que Pedro esperava, ao invés de escutá-lo e abrir seus ouvidos para o pranto do amigo, Bia, desabotoando devagar os botões da blusa molhada e colorida, disse em voz baixa, em meio a pequenas mordidas no ouvido de Pedro: "Sim, meu querido! Vou ajudá-lo. Feche os olhos e entregue-se a mim... Farei com que esqueça de qualquer coisa que perturbe seu coração..." Os dois se amaram, até que a última gota de chuva pingasse do céu!!!
CS!

Uma Nota Interrompida

Naquela noite, Pedro tocava sua gaita, e carregava um coração despedaçado de tanta dor... Ali, sobre o palco, sendo a atração daquele show anunciado na Ilha, sendo visto e ouvido por nativos e turistas, mesmo debaixo de toda a chuva que insistia em atrapalhar sua apresentação, ele se lembrava das palavras de Marina, quando lhe contou toda a verdade sobre os fatos ocorridos e principalmente sobre o seu amor por Nina, sendo traído por ela. Aliás, ele pensava: “Fui traído também por minha doce Nina!”
Agora, enquanto sua música invadia, delicadamente e cheia de magia, os ouvidos daquelas pessoas que se deliciavam com o som dela, Pedro, imaginando que Marina já tivesse contado toda a verdade para Nina, conforme ele havia lhe exigido, notou na platéia aquela moça de costas, que, num balanço de seu belo corpo, lhe fez interromper o sopro naquele pequeno instrumento. Assim que ela virou o rosto, como que a buscar a continuação daquele som, Pedro, colocando seus olhos nos olhos dela, sentiu seu corpo flutuar ao constatar que era ela... Bia!
Buscando a nota que havia interrompido, continuou a melodia até o fim, sem deixar, contudo, de admirar aquele “monumento” de mulher, no qual virara a sua amiga maluquinha daquele tempo em que ele viveu na Ilha.
E Bia fazia questão de se ver notada por ele. Exibia aquele seu balanço de corpo como a desejar enfeitiçar o pobre Pedro, que, instantes antes, sofria aquela dor lancinante dentro do peito.
Já imaginando uma traquinagem na cabeça, Bia correu até uma barraca e comprou uma garrafa de vinho, antes de o show de Pedro terminar. Assim que ele desceu do palco, sob os calorosos aplausos do público, ela foi em sua direção, sentindo o coração lhe saltar pela boca. Pensou: “Hoje, ele não me escapa! Estarei, finalmente, nos braços de Pedro, como quando daquela vez em que eu, anos e anos atrás, apanhei ele e Nina juntos... Hoje, serei de Pedro pelo menos uma vez!”
BA!





sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tudo à Sua Hora!

Enquanto Nina sofria naquele labirinto de sua total solidão, amparando as lágrimas que teimavam em jorrar, feito chuva abundante escorrendo de seus olhos perdidos no tempo, Marina alcançava a última balsa em direção à cidade grande, levando consigo a angústia de ter deixado Nina, assim tão às pressas, por conta de Pedro, que a ameaçou! Dentro de seu coração apaixonado, a mentira, que acabara de dizer à amiga, lhe corroia. E era ainda capaz de corroer o corpo todo! Aos poucos, enquanto a balsa deslizava, aos trancos e barrancos, nas águas intranqüilas, por causa da chuva, o medo de perder Nina, para sempre, lhe consumia, feito a luz numa lamparina!
Marina haveria de encontrar, um dia, muito em breve, o caminho de volta... Mulher forte, porém frágil, naquele instante em que lhe escapara a coragem, teria no peito e na raça a vontade de voltar à Ilha, o desejo de voltar para os braços de Nina! Esperaria os ventos bons, a retomada de tudo o que havia plantado por conta de seu amor por Nina, o anseio de seus desejos... Tudo à sua hora!!!
BA!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

No Labirinto da Solidão

Agora Nina se sentia mais uma vez abandonada... Quantas pessoas ainda apareceriam em sua vida, e quantas delas haveriam de deixá-la desamparada, assim tão à mercê de um abandono cruel, que lhe cortava o coração, fazendo dele pedaços de angústia, de sofrimento, de medo, de raiva, de desespero, de solidão? Primeiro Lia, sua mãe que a deixou na escuridão, no momento do parto... Depois, Pedro, o primeiro amor de sua vida... Mais depois, Alexander, o pai, que ela teima em acreditar que não está morto... Também Bia, a primeira amiga, que, num determinado momento desta “Estória com H”, deixou Nina por conta de amores e vaidade... Vez ou outra, e depois, quase para sempre, seu gato de estimação, o Borboleta... Desta vez, Marina... Quem há de mostrar à Nina a saída desse labirinto?
BA!

domingo, 30 de outubro de 2011

Mentira

Quando Nina abraçou a amiga Marina, sentiu que ela tremia: “Minha querida, você está ensopada, com toda essa chuva aí fora... Vamos logo tirar essa sua roupa molhada. Não vê que sente frio?” Marina demorou um pouco mais no abraço de Nina, para depois se soltar de seus braços e afagos!
Ainda soluçando, enxugou as lágrimas, que também vertiam dos olhos sinceros de Nina. Correu para o quarto e se trancou. Nina foi atrás: “Marina! Abra já esta porta... Conte-me o que aconteceu. O que se passa com você, meu amor? Não vê que sinto um frio em minha alma?”
Marina, ao escutar aquelas palavras, já nua, abriu de imediato a porta: “Nina, minha doce Nina! Preciso lhe contar algo... Sente-se aqui na cama.”
Nina desejava ardentemente abraçar seu corpo, mas cedeu ao seu pedido: “Marina, meu coração está acelerado. Conte-me logo, ou terei de calar sua boca com um beijo...”
A amiga foi logo se cobrindo com roupas secas, e disse, num tom cinzento: “Recebi um recado de minha família. Há alguém lá, em minha cidade, que precisa urgentemente de minha ajuda. E eu preciso ir agora, nesse instante, pegar a última balsa... Só vou colocar alguns pertences nessa mochila... Meu violão fica com você. Preciso ir! Em breve, estarei de volta. Fica bem, minha Nina, e saiba que meu amor por você é tão grande quanto a imensidão desse universo!”
Estando pronta, Marina saiu em disparada, sem sequer olhar para trás, deixando Nina afogada em suas lágrimas de solidão!
BA!






quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Balanço

A mesma nuvem carregada, que cobria o céu sobre as cabeças de Marina e Pedro, também começava a derramar seus pingos, marcados na areia da praia. Rodeando uma grande fogueira, um palco fora suspenso com finos troncos de madeira. Tudo estava muito colorido! E as pessoas iam se aproximando umas das outras. Poucos turistas misturavam-se a poucos nativos. Pedro foi anunciado e subiu ao palco com sua gaita. Aquele show foi um show diferente pra ele. Sentia seu coração acelerar cada vez que se lembrava de toda Estória com H que Marina lhe contara poucas horas atrás. Pra aliviar a dor, naquela noite, Pedro tocou com o coração. A chuva começava a cair mais forte, quando uma bela moça chamou a atenção dos olhos dele. Ela estava de costas, com uma camiseta vermelha e uma saia muito branca. Seus cabelos eram longos e negros. Carregava muitas pulseiras coloridas em cada braço, e parecia estar só, mas com um balanço de corpo que fez Pedro parar de soprar o pequeno instrumento. Ele sequer podia acreditar que, quando visse aquele rosto de frente, veria sua amiga de infância num corpo de mulher.
CS!

O Céu Como Testemunha

Pedro levou as mãos sobre a cabeça, que rodava como pião. Levantou-se e olhou no fundo dos olhos de Marina, que chorava. Naquele momento, a lua foi tampada por nuvens escuras, carregadas de chuva, e o céu foi a única testemunha das duras palavras que saíram da boca de Pedro. Falou do amor que sentiu, um dia, por Nina. Falou do carinho e amizade que sentia por Marina. Falou da confiança que teve ao entregar sua carta e aquele colar de borboletas nas mãos da amiga. Falou de sua raiva. Muita raiva. Marina escutava aquelas palavras com a cabeça baixa. Chegou a pedir desculpas por inúmeras vezes, mas seu pedido era interrompido pela revolta de Pedro. A conversa se estendeu por alguns minutos, e no final Pedro deu um ultimato à Marina. Aquela seria a noite que ela deveria contar toda a verdade para Nina, do contrário ele mesmo faria isso. Marina implorou por mais um tempo, mas não houve piedade por parte de Pedro, que, de costas, tomou o rumo da vila. Ela, desesperada, correu para casa de Nina, que, sem saber de nada, mantinha a casa fechada à espera da amiga. Ao atravessar a porta, juntando força para atender a ordem de Pedro, Marina perdeu toda a coragem ao ver Nina ali, bem à sua frente. Chorando muito, só conseguiu chegar bem perto, e com as mãos levantadas para o céu disse soluçando: "Minha querida, por favor, me abrace!"
CS!

domingo, 23 de outubro de 2011

Verdade

Pegando o caminho de volta pra casa de Nina, Pedro deu de cara com Marina. Seu rosto estava assustado e ela suava frio. Marina reconhecera o grito desesperado de Pedro, enquanto Nina teve dúvidas de quem seria aquele homem escondido atrás de sua própria sombra. Também não reconheceu  a voz máscula que gritava.  Sentiu medo por isso. Marina pediu que ficasse dentro de casa e que não saísse de lá de jeito nenhum. Nina obedeceu a amiga.  Cinco minutos depois, estavam Pedro e Marina frente a frente. Pedro, com a garrafa nas mãos, deu um empurrão na amiga perguntando logo o que havia acontecido. Por que Marina havia sumido? Por que Marina era amiga de Nina daquela forma? Por que Pedro tinha sido enganado e traído? Marina tentava se recuperar do susto de ver Pedro logo ali na sua frente. Tentava, mas não conseguia colocar as ideias no lugar. Decidiu então contar toda a verdade. Do começo ao fim. Falou de seu amor por Nina à primeira vista. Disse das mentiras que inventara, disse dos sonhos que tinha em viver com Nina. Contou do desaparecimento de Alexander, da morte de um tal doutor e até mesmo da chegada de um detetive na ilha. Pedro fechou os olhos e se jogou na areia da praia.
CS!  

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Na Dúvida, Persista!

Quando toda a Ilha escutou aquele grito do Pedro, Nina e Marina já estavam abraçadas, havia três dias, quando aconteceu aquele “beijo na boca”, quando resolveram, de vez, morar juntas!
Durante estes dias, Ícaro, o tal detetive metido a “Sherlock Holmes”, estava indócil totalmente. Desde quando aconteceu aquela loucura toda dentro da delegacia e os depoimentos das quatro mulheres foram por água abaixo, sua rebeldia o tornava cada vez mais um homem disposto a encontrar quem, de fato, levou à morte o coitado do doutor Roberto. E ele ainda desejava encontrar o paradeiro de Alexander, aquele que muitos julgavam estar vivo! Ícaro tentava descobrir provas, as quais estavam lhe dando muito trabalho. Marcaria, dentro em breve, um novo encontro com as quatro rés, que haveriam de estar em seu banco das acusadas!
Ao gritar “Ninaaaaaa”, com todas as suas forças, Pedro simplesmente resolveu sair correndo em direção à praia, revoltado e triste, sem mais o desejo de encontrar cara a cara com Nina, após a sua visão. Ter visto Nina e Marina juntas, daquele jeito, fez-lhe entender que ele não era mais bem-vindo na vida de sua doce amada. Mas, enquanto corria, seu coração lhe dizia: “Na dúvida, persista!”
Será? Pedro imaginou ou tinha certeza de que havia um relacionamento entre elas? Só por conta de um abraço? Só por conta de mãos acariciando um rosto?
Pedro, imediatamente, voltou atrás... Precisava tirar tudo isso a limpo! Precisava saber o quê acontecia lá naquela varanda da casa de Nina. Precisava saber se Nina ainda era dele, ou se já pertencia a ela!!!
BA!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O Que os Olhos Veem o Coração Não Perdoa

A caminho da casa de Nina, Pedro foi tentando encaixar as peças de um quebra-cabeças que o tempo tratou de espalhar. Estava confuso. Agora homem, sentia-se um adolescente de novo. Seu pensamento se mantinha fixo em Nina e na maluca de sua amiga Marina, que sequer mandara notícias. Ao chegar mais perto, Pedro reconheceu de imediato a voz de Marina ao violão. Num primeiro momento, sorriu, mas depois sua expressão se fechou, quando, de longe, viu o movimento do corpo de Nina em direção à Marina. Aquelas mãos, que ele conhecia tão bem, foram as mesmas que abraçaram Marina, acariciando seu rosto. Pedro sentiu seu estômago embrulhar. Pensou em sair correndo e se atirar do rochedo, como quem quisesse acordar de um pesadelo. Mas, sua reação foi outra. Já bem próximo da casa, gritou com todas as forças que tinha: "Ninaaaaaa..." Seu grito ecoou por toda a ilha. As duas, abraçadas, olharam assustadas em sua direção!!!
CS!

O Tempo Que Não Volta Atrás!

Pedro alcançou a garrafa, entre os galhos, como quem alcança a última fruta do pé. Sentiu o pedaço de vidro esquentar sua mão, e do alto deu um pulo, chegando ao chão com as pernas fortes e cheias de vitalidade. Achou engraçado o que viu, e curioso tentou abrir a garrafa. Só conseguiu depois de enfiar, com os dedos, a rolha para dentro. Sem querer, meio sem jeito, ao puxar o papel, acabou rasgando-o em dois pedaços. Nada que pudesse impedir a leitura daquele objeto estranho. As mesmas pernas fortes vacilaram ao iniciar a leitura e perceber que se tratava de uma carta de amor de Nina, escrita para ele. Não pôde acreditar. Como isso podia ter acontecido? Como aquela garrafa velha foi parar sob a copa da "Árvore dos Desejos"? Por que aquela carta com escritos tão verdadeiros foi parar dentro daquela garrafa e não na sua caixa de correspondência? Por que Nina nunca lhe respondera sua carta? Por quê? Por quê? Sua cabeça ferveu como um vulcão em erupção e, mesmo com pouco tempo antes que seu show começasse, pôs-se a caminho de onde acreditava que Nina ainda morava. Mal podia acreditar que estaria frente a frente com ela. Mal podia acreditar no que veria ainda naquela noite!!!
CS!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ilhadas e Aliadas no Amor!

As amigas, Nina e Marina, agora aliadas no amor, não perderam tempo... Ainda, naquela noite, após o "beijo na boca", foram até à pousada para buscar todos os pertences de Marina. Resolveram que já era hora de dar asas àquela ideia de morarem juntas. Assim seria... Até quando, não sabemos!
De volta à casa, as mulheres riram muito, de tanta felicidade. Parecia-lhes que um novo tempo bom estava por vir. Antes mesmo que Marina ajeitasse suas coisas misturadas às coisas de Nina, pois espaço ali não havia o bastante, Nina, encontrando uma garrafa de vinho na prateleira da cozinha, disse: “Largue tudo isso, Marina! Deixe tudo como está... Amanhã, eu lhe ajudo a colocar ordem nesses seus trecos aí... Vamos para a varanda, pois a noite está linda... Tomaremos toda essa garrafa em homenagem a uma nova vida aqui em casa... Ou melhor, aqui em nossa casa!”
Marina estava irradiante! Sorriu, e foi tomando logo a mão de Nina: “Seremos felizes aqui... Já sinto o cheiro de vida nova adentrando por esta nossa humilde e gostosa casa. Faremos tudo o que eu lhe prometi, lembra-se? Vamos transformar essa cabana numa casa bem confortável... Vamos, menina, abra logo esse vinho!”
Nina, tomada de grande exaltação, lhe pediu: “Só se você tocar o seu violão... Toca, toca aquela minha canção, a que você compôs pra mim? Quero ouví-la, quantas vezes puder!”
Até mesmo a Lua parou para ouvir...
BA!




domingo, 9 de outubro de 2011

Beijo na Boca!

Três dias antes da chegada de Pedro à Ilha, quando Marina tocou, em seu violão, e cantou, enfim, a canção que fez para Nina, naquele dia em que voltaram do posto policial, sem que nenhuma das quatro mulheres pudessem dar seus depoimentos devido ao ocorrido, a Ilha se encheu de alegria! No céu, havia festins coloridos como a anunciar uma nova era. A noite mal aproximava com a despedida do Sol, que acariciava com seu sorriso a chegada da Lua, estonteante e bela, a tingir de luminosidade o interior da casa de Nina... E após o longo abraço entre aquelas duas amigas:
“Você, Marina, é uma grande compositora! Coisa mais linda... Essa sua canção!”
Marina, à beira de um colapso, estando tão feliz, apenas balbuciou: “Gostou mesmo, Nina?”
Nina não sabia o quê mais dizer a respeito. Apenas passou suas mãos no rosto de Marina, num gesto carinhoso. Sentiu, naquele instante, uma onda de ternura e furor. Seu coração batia num compasso alegre, cheio de festa! Como não sentir uma grande emoção quando se percebe que é a musa de uma canção?
Enquanto a água fervia para o café, que esperava calmamente, Marina, ainda acariciando a mão de Nina, disse: “Deixa que eu te ame, Nina?” A doce mulher, com jeito de menina, sabia desse amor de Marina por ela: “Desde que eu o senti, já deixei... Minha amiga! Nunca percebeu? Esse seu amor me ajudou a chegar até aqui...
Marina deixou o violão de lado, encantada, e pôs-se cara a cara com Nina: “Posso lhe dar um beijo?”
Nina não pensou em virar-lhe o rosto, como se ela pudesse apenas tocar com os lábios a sua face: “Sim! Um beijo na boca... É o que eu quero de você agora!”
No fogão à lenha, a água fervia em ebulição... Aquele beijo de Marina e Nina, total efervescência!!!
BA!




sábado, 8 de outubro de 2011

A Árvore dos Desejos

Aquela era uma semana festiva e cheia de movimento na ilha. Turistas chegavam a todo momento, ansiosos por viverem alguns momentos naquele lugar mágico. Três noites após a primeira tentativa de depoimento daquelas quatro mulheres, Pedro botou os pés naquela areia que conhecia tão bem. Sentiu uma forte sensação de desassossego. Sete anos depois, estranhou a mudança do lugar e a movimentação frenética de pessoas. Catou sua mochila e foi andando meio sem rumo, tentando reconhecer os lugares e o rosto das pessoas. Não reconheceu ninguém... E distraído só parou quando já estava debaixo daquela enorme copa de árvore. A Árvore dos Desejos continuava linda e forte como sempre. Foi como Pedro tivesse estado ali no dia anterior. Abaixou-se e, agachado, passou as mãos na grama verde e macia. Jogou seu corpo no chão. E foi ai que percebeu um pedaço de vidro agarrado em meios aos galhos da árvore. Pedro levantou-se e decidiu subir no tronco da árvore, assim como já havia feito tantas vezes na vida. Jogou a mochila para os lados e agarrou-se na raiz exposta. Subiu, buscando alcançar aquele objeto estranho, que refletia a luz do sol como se ouro fosse.
CS! 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Os 5 Sentidos

A confusão passou e o grupo se dissipou. Angélica, de cabeça baixa, pôs-se em direção à pousada com passos rápidos. Bia, com um rebolado que só ela sabia fazer, pôs-se a caminho da praça. Em comum entre as duas, o pensamento em Ícaro. Cada uma com seu jeito de pensar. Cada uma construindo o Ícaro que desejava. Enquanto isso, Nina e Marina terminavam seus curativos. Neste momento, Ícaro estava sério, sem todo aquele ar de guerrilheiro. As duas amigas foram atendidas e, de mãos dadas, feito crianças, passaram por ele caladas. Não sabemos o motivo, mas Ícaro não teve reação. Parado, acompanhou aquelas duas moças com o olhar, até que descessem as escadas de areia a caminho da praia. O céu já mostrava sua face escura quando chegaram na casa de Nina. Enquanto Nina cuidou de colocar água para aquecer no fogão à lenha, Marina puxou o violão e começou a deslizar os dedos, soprando algumas canções sem nexo. Quando viu, estava recitando baixinho, a canção que fez para Nina. Sua voz era suave e cheia de amor. Só percebeu a presença de Nina, quando ela encostou sua mão em seus ombros e disse: "Que música linda! Foi você quem fez?" Marina acariciou a mão de Nina e abrindo um sorriso nos lábios respondeu: "Sim, fui eu, fui eu que fiz pra você!" As duas se abraçaram!
CS!

O Toque

Nina, acordou, sentindo as mãos grandes e geladas de Ícaro. O cheiro de álcool fez com que ela tivesse vontade de vomitar. Sentiu escorrer sangue do lado direito do rosto de menina. Sua cabeça doía e ela ainda estava jogada no chão, com o corpo encostado naquele banco de madeira velha. Por alguns instantes, pensou ser as de Pedro, as mãos que a tocavam. Mas como num apertar de olhos, percebeu que aquele homem arrogante e metido era quem a tentava acudir. Levantou e quase caiu de novo, se não fossem os braços de Marina, ainda com a boca sangrando. Estavam ali as duas, uma com a cabeça cortada e a outra com os lábios partidos. Angélica e Bia continuavam assistindo e Ícaro com a bermuda branca, agora manchada de sangue, pegou as duas pelo braço e com força foi a caminho da saída em busca de um médico, mandando como se estivesse comandando dois soldados. Marina quase enlouqueceu de raiva e Nina, ainda tonta, no fundo gostou de sentir novamente os braços fortes de um homem tocando em sua pele.
CS!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Do Outro Lado do Lado de Lá

Enquanto o teto daquela pequena sala do posto policial parecia que iria desabar sobre as cabeças daquelas criaturas, a quilômetros dali, Pedro começou a se preocupar com a  ausência de notícias de Marina. Nem uma carta, nem um telefonema, e sua família sequer sabia o paradeiro dela. Afinal o que havia acontecido com sua amiga querida, desde que partira para aquela ilha, onde Pedro foi tão feliz? De qualquer maneira, Pedro, aquele belo rapaz, levava a vida com arte. Cantava e tocava instrumentos na noite da grande cidade. Não tinha conseguido se formar na faculdade ainda, mas conseguia pagar suas contas e a vida boêmia que levava com seu trabalho que tanto adorava fazer. Armadilha ou não do destino, Pedro recebeu um telefonema naquela tarde cinzenta. Era um amigo que queria contratá-lo para tocar em uma festa tradicional, porém um pouco longe dali. Curioso e disposto como sempre, Pedro não acreditou quando ouviu, pelo telefone, o nome daquela pequena ilha. Aquele lugar guardado no fundo do seu coração e que foi testemunha de tantas estórias vividas por ele. Em segundos, imaginou como Nina estaria, se lembrou de Bia, das brincadeiras dos três quando crianças. Se lembrou também de Marina, e com a coragem de um jovem rapaz, respondeu imediatamente: "Conte comigo! Você escolheu o artista certo! Era tudo o que eu precisava para voltar naquele paraíso! Quando parto?" Pedro desligou o telefone e sentiu um frio percorrer por seu corpo. Não entendeu, naquele momento, o porquê, mas sentiu um pouco de medo. Afinal, dali a poucos dias, estaria de volta àquele lugar!
CS!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Na Quietude de Um Bater de Asas!

Enquanto parecia que a corda pendia para o lado mais forte, durante toda aquela balbúrdia dentro do posto policial, a leveza do pássaro negro, na quietude de um bater de asas, fez o tempo parar, como num passe de ilusionismo! Adentrando por uma das duas janelas abertas, ele simplesmente voou, assim como voam as grandes mentes, calculadamente e saborosamente à mercê de seus intentos! A ampulheta, o relógio de areia, parou no tempo... Um grão suspenso ficou à espera...
Foi então que o espetáculo se deu! A tarde virou noite, com as estrelas apontando no céu como se fossem pontos de costuras naquele manto azul marinho... O mar, antes revolto, recobrou sua calmaria num silêncio que doía... Nem as ondas vinham e nem iam... O Sol se despediu sem mágoas... E a Ilha chorou lágrimas de confetes coloridos de alegria!
O pássaro saiu, rasante, num voo inimaginável, bem junto ao parapeito da outra janela, deixando para trás o seu riso acolhedor!
Nessa hora, o grão suspenso caiu! O tempo voltou ao tempo que transcorria...
BA!

domingo, 2 de outubro de 2011

As Quatro no Banco das Rés?

Ícaro perdeu a paciência ao ver Nina deixando a sala, naquele choro todo e sem a sua autorização. Bateu forte, com a mão direita, na porta e bradou: “O que deu nessa infeliz agora? Policial, traga aquela mulher de volta ou...” Nesse instante, Marina, mais irritada ainda, voou pra cima dele como a querer devorá-lo inteiro, bem ali, não se importando com sua conduta. Com as mãos fechadas, em punho, desejando socar o rapaz, que foi logo tentando segurá-la, com bastante força, ela gritou: “Quem você pensa que é, seu Sherlock Holmes de merda? Pensa que pode mandar e desmandar aqui? Acha que as pessoas são bonecas em suas mãos, seu...” O rapaz tapou sua boca antes que ela continuasse seu xingamento. Foi então que seu anel prateado acabou arranhando o lábio inferior de Marina, causando-lhe um pequeno corte com sangramento.
Enquanto esperneava, na tentativa de se soltar, ela viu quando Nina, Bia e Angélica entravam na sala. Com grande espanto, as três amigas se entreolharam, e Nina, mesmo ainda chorando, avançou seu corpo contra Ícaro e lhe disse aos berros: “Solta ela, solta ela, seu miserável... Não vê que ela é uma mulher e está sangrando? Você a machucou, seu borra-botas!!!”
Enquanto os três estavam ali enrolados, sem que nem mesmo o guarda presente pudesse ter a força para apartá-los, Bia e Angélica estavam paralisadas. Quando as duas viram a figura de Ícaro, não conseguiram ter reação alguma. Aquele belo e charmoso rapaz era o próprio investigador que iria interrogá-las. Aquelas quatro mulheres que, agora, estavam no banco das rés. Uma delas seria acusada e julgada? Uma delas teria tido um motivo e a coragem para matar o doutor Roberto? Uma delas seria, de fato, uma ré? Será?
BA!


O Inicio do Fim

As duas se levantaram a caminho da porta onde Ícaro estava encostado, abanando com a camiseta vermelha o tórax suado. "Entrem." Disse, com a voz marcada. "Onde estão as outras duas?" "Acho que estão atrasadas". Sussurrou Nina, com a voz baixa. Aquele homem na sua frente a fez tremer. "Se elas pensam que eu estou por conta delas, se enganam! Tenho pressa." Disse, com tom de arrogância! "E quem são vocês?" Marina tomou a frente na resposta e disse: "Eu sou Marina, amiga de Nina. E você quem é?" "Eu sou quem vai resolver este caso maluco neste fim de mundo."  Disse Ícaro. "Não me interessa que elas não estejam aqui. Vamos ver o que temos. O primeiro caso, do maluco desaparecido, vou deixar pra depois, por enquanto. Agora temos um outro maluco que morreu com um buraco de bala no coração e enfiado num buraco de areia na praia, e segurava uma garrafa velha de vidro. É isso mesmo?" Antes que Ícaro prosseguisse com aquela sessão de tortura, Nina levantou-se aos prantos e saiu da sala. Deu de cara com Angélica e Bia, que chegavam juntas exatamente naquele momento.
CS!

Encontro Marcado

Nina e Marina foram as primeiras a chegarem no posto policial da ilha. O guarda local ainda estava improvisando um acento para as quatro mulheres. O relógio já marcava quatro da tarde e as duas, de mãos dadas, aguardavam na pequena sala. Ícaro foi o próximo a chegar. De bermudas brancas, chinelo de dedos e uma camiseta vermelha jogada no ombro esquerdo, entrou na sala como se estivesse entrando no quintal de casa. Sem querer, tropeçou na perna esticada de Marina, que soltou um grito de "Ai!". Ícaro, sem pedir desculpas, passou por elas, batendo com força a outra porta que separava os dois ambientes. Marina reclamou: "Nossa, que mal-educado!" Nina emendou o comentário: "É, pode até ser mal-educado, mas que é bonito é!! De repente, ele me lembrou Pedro, não sei, acho que foi o jeito de andar!" "Que isso! Pedro não tem nada a ver com esse bruta montes..." E antes que completasse a frase viu que tinha se traído pelas palavras... Desfazendo o laço que unia sua mão à mão de Marina, Nina falou: "Como assim minha amiga, desde quando você conhece Pedro?" Marina, mais que depressa, tomando de volta a mão de Nina sob a sua, foi se explicando: "Minha querida, de tanto você falar dele, acabei imaginando seu retrato na minha cabeça. É só isso..." E antes que terminasse sua frase escutou o chamado de Ícaro, de pé, entre a porta abaixo: "Vamos lá, meninas!! E onde estão as outras duas?" A voz de Ícaro arrepiou Nina.
CS! 

sábado, 1 de outubro de 2011

Plantando Arte

Assim que o sorriso de Ícaro atingiu o olhar de Bia, ela desistiu de cobrar pelo estrago causado por ele em seu quadro. Imaginou que era uma bobagem ser tão grossa com um rapaz tão bonito feito ele. Também percebeu o trajeto daquele seu olhar... Seu corpo chegou a arrepiar. Meio sem graça, apenas disse-lhe: “Ora, ora! Esse seu sorriso já pagou pelo meu prejuízo!”
Ícaro se sentiu como o próprio Ícaro da mitologia grega, o filho de Dédalo com a escrava Persefone. Só faltou abrir as suas asas de cera, para se exibir mais para aquela garota tão bela, que lhe pareceu ser o Sol. Mal sabia ele que ela poderia derreter suas asas, e assim ele poderia despencar, caindo ao mar... (A história de Ícaro na tentativa de deixar Creta voando... Mas isso é uma outra história!)
Bia sabia muito bem como plantar uma arte, assim como essa! Seus lábios de carmim enfeitiçaram o rapaz que, mesmo sem as asas, já se derretia por ela, e, boquiaberto, perguntou-lhe: “Não, não! Faço questão de pagar... Quanto é?”
A moça arteira, fitando seus olhos, que também lhe lembravam os de Roberto, apenas respondeu, antes de lhe dar as costas: “Qualquer dia desses, eu lhe cobro! Preciso ir... Tenho um compromisso daqui a pouco. Nos veremos por aí, se você ficar mais um tempo aqui na Ilha. Ah! É bom fechar a boca, pois o vento nessa praia é tão forte... Você pode engolir areia!!!”
BA!


Encontro de Cores

Ícaro saiu do mar, e sem saber foi caminhando em direção ao lugar onde Bia estava. Passou por ela sem a perceber, enquanto os olhos de Bia acompanhavam fixamente o contorno do corpo de Ícaro em movimento. A água que pingava de seu corpo manchou a tela que Bia pintava. E ela imediatamente levantou-se da areia e, com o corpo esticado, gritou com Ícaro: "Ei você, tá pensando o que? Passa, como se fosse um animal, pelas pessoas! Você estragou meu trabalho! Agora vai ter de pagar!" Ícaro virou o pescoço para trás e aí, sim, percebeu a presença de Bia. Seus olhos percorreram dos pés à ponta dos cabelos de Bia. Ícaro sorriu!
CS! 

Fantasiando

É incrível como todos os personagens de Estória com H têm fantasias. Cada um com a sua e do seu jeito. Uns com poucas, outros com muitas. Uns que tinham coragem. Outros que tinham medo. E assim o destino seguia seu curso, presenteando com vida aquele lugar. Enquanto Nina rodava, entre os dedos de pele macia, a pérola que ganhou de presente de Roberto, ficava imaginando onde estaria a garrafa que tantos anos atrás carregou sua carta de amor, endereçada a Pedro, e que o rumo do mar tomou! Afinal, o que Roberto fazia com aquela garrafa nas mãos na noite de sua viagem? Por que, depois de tanto tempo, aquele pássaro negro cortava o céu de sua casa novamente? Do lado de fora da sala, na varanda de pau-a-pique, Marina encerava seu violão! Com as mãos sujas de óleo, espalhava o pano sobre a madeira e entre as cordas. Parecia mais estar tocando o corpo de alguém! Seus olhos não piscavam e em seus pensamentos o amor que sentia por Nina a encantava. Bia, cheia de cores, corpo bronzeado e longos cabelos pretos, continuava pintando seus quadros. Agora com menos frequência. Mas, naquele início de tarde, jogada na areia quente pelo sol, Bia rabiscou um quadro especial. Mergulhando dentro do mar azul da ilha, aquele homem, de sunga vermelha, preencheu toda a tela que Bia pintava. Neste momento, se sentiu extremamente atraída por ele. Mal sabiam eles que naquele mesmo dia, às 4 da tarde, o destino de cada um iria mudar. Todas as mulheres foram avisadas do compromisso! E Ícaro desfilava seu corpo forte e bem traçado. 
CS!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Deixa Que Eu Te Ame!

Em meio a todo esse turbilhão de emoções, nessa voragem dos últimos acontecimentos em nossa “estória com H”, Marina se sentia só, completamente abandonada de seus desejos. Não foram eles que lhe deram o encantamento para continuar vivendo na Ilha? Não foram eles os responsáveis por sua decisão mais que precisa? Ora! Marina, mesmo estando de frente com toda essa situação por qual passavam, ainda não era capaz de se aproximar de Nina para lhe contar sobre o seu amor por ela... Quantas vezes, ela pegou seu violão, querendo levá-lo à casa da amiga para lhe mostrar aquela canção que tinha escrito em sua homenagem. Com tudo o mais, nem mesmo Nina também foi capaz de conversar com ela a respeito de sua proposta, a de morarem juntas, dividindo as despesas e suas vidas!
Foi assim, avistando o mar, que Marina, pensando em tudo isso, resolveu de uma vez por todas, e gritou apenas para que o oceano ouvisse: “Deixa passar esse vendaval... Quando a bonança chegar, eu irei dizer, finalmente, à minha doce Nina: “Deixa que eu te ame!”
BA!

Sedução?

“Perdão... Errei de porta!” Disse Angélica, meio sem graça, deixando pousar seus olhos no corpo viril de Ícaro, que se virou imediatamente ao ouvir sua voz rouca: “Pensei ser o serviço de quarto. Acabei de pedir uma bebida gelada... O tempo aqui está quente e quero logo dar um mergulho no mar! Me acompanha?”
Angélica não entendeu direito a pergunta daquele belo rapaz, mas que lhe pareceu bem folgado: “No mergulho ou na bebida?” Ícaro abriu um sorriso, jogando seu charme: “Nos dois...”
Antes que ela pudesse soltar uma única palavra, ele se aproximou dela, e fazendo um gesto com a cabeça apenas disse: “Aonde foi que eu já lhe encontrei uma vez nessa vida? Você me parece familiar... Seus olhos me lembram os de uma garota que eu amei muito...” Ao que ela, se afastando dele, respondeu: “Os seus... Também me lembram os de Roberto... Agradeço os convites, mas preciso ir.  Um outro dia, uma outra hora, quem sabe? Sou sua vizinha de quarto... Até mais ver!”
Ícaro, nosso "Sherlock Holmes", segurou sua mão, antes que ela atravessasse a porta aberta: “Vou estar de olho em você, princesa!!!” E assim que Angélica lhe deu as costas, segurando um riso maroto, ele voltou ao seu espelho de vaidade e completou seu pensamento: “Aí, campeão... Assim é que se faz! Que mulher é esta, meu caro Watson?”
BA!

domingo, 25 de setembro de 2011

O Côncavo e o Convexo

Ainda de frente para o espelho, Ícaro percebeu aquele corpo de mulher entrando em seu quarto. Parecia ser uma mulher atraente. Um pouco mais madura, com o corpo bem torneado, Angélica estava um pouco mais magra devido à doença que tomava conta de seu corpo. Após a morte de Roberto, ela desistiu da ideia de se cuidar. Ícaro não conseguiu, de pronto, visualizar seu rosto, cujos traços estavam escondidos por trás da palma de uma das mãos. Ainda pelo espelho, viu um rosto pálido e triste, cujos olhos se estufaram, quando o viram ali dentro daquele quarto, de sunga vermelha, exibindo-se para um espelho de vaidade. Angélica sentiu o rosto envermelhar e pensou que ia explodir, quando percebeu que havia errado de quarto e, sem querer, invadido o quarto daquele homem estranho e terrivelmente sedutor.
CS!

Ícaro por Ícaro

Ao descer da balsa, Ícaro afundou a bota na mistura de água e areia. Com força, sacudiu a perna direita jogando areia para os lados. Identificou, pelo quepe surrado, o policial local que o esperava bem próximo ao deque descascado. Cumprimentaram-se rapidamente com um aceno discreto e Ícaro foi logo se apresentando: "Muito bem policial, não tenho tempo a perder nesse fim de mundo. Bote logo pra fora tudo o que sabe sobre estes dois casos que até o final dessa semana preciso voltar pra minha área com um ou dois assassinos amarrados na minha bagagem." Os dois conversaram a caminho da pousada. Ícaro perdeu a paciência por várias vezes. Sua arrogância não dava espaço à linguagem simples e quase inocente do policial local. Antes de jogar a mochila preta sobre a cama, interrompeu o colega dizendo: "Então quer dizer que temos um maluco desaparecido e um cara da cidade morto com um buraco de bala no coração. Essa ilha é bem movimentada hein?! Acho que vou me divertir por aqui!! E quanto às mulheres que você falou, quero todas, ainda hoje, na minha frente, naquilo que você chamou de delegacia. Fui claro? Agora, dê o fora daqui e me encontre às 16h." Quando a porta se fechou, Ícaro foi logo tirando a camisa e a calça jeans. E vestindo uma sunga vermelha, de frente para o espelho, abriu um sorriso vaidoso, passando as mãos pelo tórax cortado de músculos e dizendo em alto e bom som: "Vamos lá campeão, sua promoção te espera!!"
CS!

Quebra-Cabeças

Os dias que se passaram, após a viagem de Roberto, foram dias de agonia para todas aquelas mulheres. Bia tentava levar a vida normalmente, produzindo seus quadros em meio a uma confusão de tintas claras e escuras. Mas, sentia, a todo momento, na boca, o gosto amargo do rancor e do arrependimento. Rancor por aquilo que havia escutado de Roberto naquela última vez que estiveram juntos, e arrependimento por ter falado palavras tão duras ao homem que a fez sentir tanta paixão. Nina passou a ser a principal suspeita pelo assassinato de Roberto. Isso porque a polícia local começava a juntar as peças de um quebra-cabeças cheio de mentiras e desencontros. Mesmo assim, ela rezava todos os dias para que esse crime fosse resolvido, e ainda rezava principalmente pelo aparecimento de Alexander, que ela insistia em dizer que não acreditava em sua morte. Marina, sempre ao lado de Nina, passou a se comportar como uma investigadora nata, considerando que a polícia local não tinha a mínima experiência para desvendar aquele assassinato. Quanto à Angélica, essa voltou a se entregar às suas pesquisas, esquecendo do cuidado com a sua saúde, porém com um comportamento estranho. Mesmo com todo o apoio e conforto que as amigas lhe dedicaram naqueles primeiros dias, ela passou a ficar cada vez mais distante... Mais arredia... Parecia não querer olhar nos olhos daquela que poderia ser a assassina de seu grande amor. E a dúvida persistia: Bia, Marina, Nina, Angélica... Afinal, quem mataria Roberto? E foi numa dessas manhãs, que parecia ser mais uma no calendário do tempo, que a primeira balsa do dia trouxe, entre seus passageiros, um jovem forte e bonito. Vestia uma calça jeans rasgada nos joelhos, uma blusa branca que, apertada, mostrava o desenho de seus músculos torneados e de uma tatuagem que parecia ser o retrato de uma mulher. Com uma mochila jogada nas costas, seus olhos, por trás dos óculos escuros e espelhados, fotografaram em um instante o retrato daquela ilha cheia de mistérios. Era a oportunidade da vida que aquele jovem ambicioso esperava. Ícaro... Este era seu nome. Este era o nome daquele que chegou na estória com H, para desvendar o desaparecimento de Alexander e o assassinato de Roberto. Ícaro, jovem investigador que teria sua vida virada de cabeça pra baixo, desde que decidira assumir o caso e botar os pés naquela ilha mágica.
CS!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

No Outro Lado do Lado de Lá

Enquanto Nina permanecia fora de casa, Marina e Bia se viram incumbidas de fazer com que Angélica se acalmasse, depois de ter estado completamente confusa com toda aquela situação. Da melhor maneira possível, as moças tentaram explicar a ela o ocorrido, sem que suas palavras pudessem lhe causar um mal maior, mas Angélica teimava em não acreditar...
Sentindo o sono chegar, carregado de imagens distorcidas e sons indistintos, Angélica se entregou a um sonho dentro de outra dimensão. Estando naquele outro lado do lado de lá, ela foi capaz de penetrar no cerne da situação:
“Roberto ainda estava vivo, chamando por ela dentro daquele buraco na praia. Ela podia ouvir sua voz, clamando por seu socorro. Ela podia ver, nitidamente, os olhos dele vertendo lágrimas de pura dor, sentidas naquele seu corpo que ela conhecia de memória. Ela podia tocar no ferimento à bala em seu coração de moço bom, e podia sentir, em seus dedos, correr o sangue que brotava dele. Com suas mãos manchadas de vermelho, segurou o rosto de seu amado. Olhando bem fundo em seus olhos marejados, deu-lhe um beijo de amor e de despedida em seus lábios já quase frios..."
Estando na mais completa letargia, Angélica apenas suspirou. Foi quando escutou o som, alto e claro, do adeus de Roberto!
BA!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A Pérola nos Olhos de Roberto

Nina acompanhou o guarda. Beatriz e Marina ficaram, para cuidar de Angélica, cuja força fora roubada bruscamente de dentro de seu corpo. Nele, apenas uma alma frágil, incapaz de discernir entre a realidade e a fantasia daquele seu sonho ruim!
O corpo inerte de Roberto estava coberto por um lençol branco. Nina notou uma pequena nódoa de sangue, que permanecia naquele tecido como um sinal bem em cima de onde ainda existia o coração de Roberto. Passou sua mão por ela, como a desejar encontrar ali um resíduo de vida. Assim que o médico legista descortinou o rosto do doutor, Nina se amparou na beira daquela pedra fria, mas manteve-se forte o bastante para que o desmaio não lhe chegasse a galope naquele instante.
Apenas disse, assentindo com a cabeça: “É ele mesmo... O doutor Roberto!” E naquele fulgente momento ela se distraiu com as lembranças do amigo, desde quando o conheceu até a última vez que o viu... No dia em que ela, praticamente, o expulsou de sua casa. Sentiu-se vazia, angustiada, triste por talvez tê-lo magoado daquela vez e de outras tantas. O remorso lhe tocou o coração, que agora chorava a morte daquele que a amou um dia... Daquele que lhe deixou um grande tesouro: a pérola que ela guardava, a pérola que era ela própria, a pérola de Roberto, a menina de seus olhos!
Deixando escapar as lágrimas, Nina, ao fitar o rosto pálido de Roberto, vislumbrou, naquele seu olhar oculto, a pérola na pupila dos olhos dele!
BA!

sábado, 17 de setembro de 2011

A Alma de Roberto Rodeada de Flores e Luz!

A noite sombrosa já chegava, dessa vez, trazendo dor e saudade, como se fosse uma melancólica moldura cercando a Ilha. As densas nuvens encobriam a Lua, que mal teve tempo de se mostrar tão bela, pois sua luz era apenas um tênue raio em meio àquele caos... O mar estava calmo, porém o vaivém das ondas se fazia forte e descontrolado... A praia exalava um cheiro de tristeza em meio à sua beleza!
A alma de Roberto, agora, pertencia ao céu, levada por uma deusa, que a acolheu em seu seio, levando-a rodeada de flores e luz...
O corpo de Roberto continuava sobre a mesa do necrotério, à espera de alguém que pudesse reconhecê-lo, após a necrópsia realizada. O laudo do passamento? Uma bala certeira em seu coração de moço bom!
Nina, adiantou-se, com força e coragem, tiradas de sua já calejada vida, dizendo ao guarda: “Eu irei! Angélica não está em condições... Eu posso reconhecer o corpo deste nosso amigo!”
Nina lembrou-se, com carinho, daquela pérola, um presente de Roberto...
BA!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Caos na Casa de Nina

Após o desmaio de Angélica, dada a notícia, pelo guarda da Ilha, de que o doutor Roberto havia sido encontrado morto em um buraco na praia, e do voo do pássaro exuberante ao levar consigo a garrafa em suas garras, uma grande confusão se instalou na casa de Nina. Foi um “Deus nos acuda”!
O guarda não sabia se acudia Angélica, se segurava Bia, que se debatia contra a parede, se corria atrás daquele pássaro, se consolava Nina, que chorava sem ter hora para parar, ou se desatava o abraço que Marina dava em Nina, para que ela, a mais calma de todas, pudesse ajudá-lo naquela situação.
Por um minuto, ele havia ficado sem reação alguma. Sentiu o ar mais pesado, dentro da casa, como a esmagar o ambiente. Mas, uma estranha luz policromo chegou a pairar no teto, e jorrou seus raios até atingir os rostos de cada um ali presente. Foi quando o guarda apitou, literalmente, e disse com um vozeirão: “Meninas, pelo amor de Deus! Ajudem-me aqui. Essa moça está desfalecida...”
Nina, Marina e Bia se assustaram com o barulho do apito e saíram daquela espécie de transe em que se encontravam. Correram em direção à Angélica, que já se encontrava nos braços do guarda, para que fosse colocada em cima do sofá. Acomodada, ela ainda permanecia desmaiada. Após os chamados sem resultado, alguém teve a ideia de trazer um copo de água. Nina, ao gotejar a água em seu rosto, viu com admiração e sossego na alma quando ela abriu os olhos e disse: “Encontrei-me com Roberto! Ele não está nada bem... Precisa de auxílio, está com muito frio! Temos de socorrê-lo o quanto antes...”
As moças, tentando acalmá-la, escutaram o velho guarda, balançando a cabeça, dizer, num tom baixinho: “Sem chance! O amigo de vocês já está no necrotério, mortinho... Já passou dessa pra uma melhor. Ninguém mais poderá ajudá-lo! Só Deus, nosso Pai! Terei de levar uma de vocês para reconhecer o corpo. A investigação de sua morte já está sendo realizada...”
Elas se entreolharam, com bastante aflição, enquanto Angélica tentava se levantar do sofá...
Lá fora, após um voo rasante, o pássaro deixava cair a garrafa, contendo a carta de amor de Nina para Pedro. Caiu bem junto à “Árvore dos Desejos”, que a amparou com sua fronde majestosa!
BA!




quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Uma Suspeição Contra Bia?

Antes que possamos voltar à última cena que decorreu na casa de Nina, é elementar que seja narrado, aqui, um episódio acontecido dias atrás, quando houve um último encontro entre o doutor Roberto e Bia.
Preocupado com a saúde de sua namorada, Angélica, desde que ela havia lhe contado que estava bem doente, e ainda que sabia de seu envolvimento com Bia e de sua paixão por Nina, Roberto não teve mais paz. Parecia-lhe que suas horas estavam sendo contadas num relógio de mil ponteiros... Os de segundos!
Começou a beber bastante, também por conta do desprezo de Nina, aquela a quem amava tanto. Nesses seus últimos dias de vida, não passou sequer perto do posto de saúde... Abandonou seus pacientes e nem queria saber se um deles continuava vivo! Angélica já não tinha mais controle sobre ele! Desesperado, pensando em tudo o que havia lhe acontecido de bom e de ruim naquela bela Ilha, corria, à noite, pela praia em busca de nada. Mas seus pensamentos fervilhavam. E foi justo na noite anterior de sua morte que ele resolveu, colocaria um ponto final naquela sua bela história de amor com Nina. Lembrou-se daquela garrafa, que continha a carta de amor de Nina para Pedro, que ainda estava em seu poder. Iria, sim, procurar Nina e lhe devolveria a garrafa, contando a ela como ele havia a encontrado tempos atrás...
Quem mandou Roberto comentar sobre isso com Bia?
Naquele último encontro, ele simplesmente lhe disse: “Quer saber? Vou contar tudo para Nina!” Isso, depois de ter exposto à Bia toda a história. Ela ficou furiosa! Não iria suportar se caso a amiga fosse, enfim, atrás de Pedro. Por todos aqueles anos, Bia sempre cuidou para que isso não acontecesse. Seu ciúme era grande demais... De Pedro, de Nina!!!
Ouvindo tudo aquilo saindo da boca de Roberto, que não media as palavras para que ela entendesse, de uma vez por todas, que ele amava, de fato, Nina, Bia soltou os cachorros para cima dele, esbravejando: “Se você fizer isso, eu te mato!” E saiu correndo, com o coração disparado, soltando à boca, em direção à praia, deixando Roberto chorando, assim... Feito um menino indefeso!
BA!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sobre a Proposta e a Canção de Marina!

Desde aquela longa noite de chuva forte, quatro dias atrás, o tempo passou, atropelando alguns momentos mágicos, que deveriam fluir, seguindo seu fluxo normal. Mas a mão ágil de uma das “senhoras do destino”, ávida por fazer soprar, logo, logo sobre a Ilha, novos e revoltos ventos, que chegariam arrasando, trazendo em suas asas os novos acontecimentos, por sinal estonteantes, fez com que aquela proposta de Marina para Nina, a de morarem juntas, fosse por mais alguns dias adiada. Muito em breve, Nina aceitará, de vez, aquela idéia da amiga, concretizando, enfim, a experiência fabulosa de morar num “Lar, Doce Lar” na companhia de alguém que a ama tanto!
A canção que Marina fez pra Nina? Bem... Ela está guardada dentro do coração da autora, e está ainda aguardando os dedilhados, que irão vibrar, ocupando cada nota daquele velho e belo “pinho” de Marina, quando ela, finalmente, poderá ter o seu tempo perfeito para apresentá-la à Nina!
Enquanto isso não acontece, seguimos em frente, pois Roberto está morto... Quem matou Roberto?
BA!

domingo, 11 de setembro de 2011

A Volta do Pássaro Negro

Bia chegou primeiro que Angélica. Quando entrou na sala, sentiu o impacto do silêncio em seu rosto. Marina e Nina levaram um susto com a sua presença. Desde o flagrante na praia, Nina não tinha mais se encontrado com a amiga. Quando seus olhos se encontraram com os olhos de Bia, sentiu uma sensação estranha, foi como se as borboletas do seu colar quisessem, num bailado só, alçar voo daquele lugar. Bia foi em direção às duas e deu um beijo em Nina: "Saudade de você! Por que me abandonou?" Antes que Nina respondesse à pergunta, Marina puxou Bia pelos braços e foi logo dizendo: "E o meu beijo, Bia. Cadê?" Neste momento, Angélica colocou o pé direito dentro da casa de Nina. Todos os olhares se cruzaram em segundos eternos. Nina foi logo caminhando em direção à porta e, com os braços abertos, saudou Angélica com um abraço apertado e carinhoso: "Que bom ver você!" Antes mesmo que Angélica comentasse a recepção da amiga Nina, todas olharam em direção à janela aberta, que, preenchida com a figura daquele pássaro exuberante, parecia mais uma aquarela. Nina pediu que todas ficassem em silêncio, e quando suas mãos quase tocavam o bico daquele pássaro na janela ouviram a voz de um homem, bem próximo à porta de entrada, dizendo: "Sinto muito meninas, mas acabaram de achar o corpo do amigo de vocês jogado em um buraco na praia. Ele está morto! Menina Nina, acho que isso pertence a você." Nas mãos, o velho guarda da ilha segurava uma garrafa, que parecia conter um papel amassado. Reconhecendo imediatamente a garrafa, Nina virou-se de costas para o pássaro e foi em direção ao guarda. Antes que tocasse a garrafa, sentiu o pássaro passando por trás de seus ombros e com as garras afiadas levou consigo o pedaço de vidro que ainda guardava a carta de amor de Nina para Pedro. As palavras do guarda ressoaram na sala como uma bomba em um campo de guerra. Angélica desmaiou!
CS!

Laço

Depois daquela longa noite de chuva forte, o sol e a lua foram responsáveis em ir marcando o compasso do tempo que passava. A vida seguia seu rumo... Tratando de acomodar, cada qual, em seus sonhos, dramas, conquistas e perdas. Nina, enquanto não trabalhava, passava os dias dentro de casa, dedicando-se exaustivamente aos rabiscos do livro, que um dia sonhava em publicar. Sempre que se punha a escrever, passava horas e horas gastando o grafite do velho lápis. Algumas vezes, era interrompida pela chegada de Marina. As duas se acostumaram a dividir um bom tempo juntas. Dividiam esse tempo em longas conversas, alguns minutos de silêncio e boas risadas.  E foi em uma dessas tardes que Bia resolveu ver a amiga novamente. Após 4 dias sem ver Roberto, sentia-se abandonada. Ele simplesmente desapareceu. Ninguém o via sequer saindo do quarto da pousada. Enquanto isso, Angélica mantinha sua rotina normal de trabalho e pesquisa. E foi quebrando essa rotina que decidiu ir também visitar Nina. Sentia saudade dela! E, assim, o destino acabava de dar um laço na vida daquelas 4 mulheres. Nina, Bia, Marina e Angélica, todas elas, embrulhadas na mesma caixa de presentes. A caixa das estórias com H.
CS!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Enquanto Você Não Vem!

Marina, um pouco decepcionada com o andar da carruagem, que ela acreditou estar à sua espera para levá-la dali, da pousada, para a casa de Nina, naquela manhã, passou o dia todo atarefada com a arrumação de seu quarto. Havia roupas e objetos espalhados por todo canto. Lembrava-se da cena que havia ocorrido ali dentro, quando Nina, ao descobrir a caixinha preta do “Colar de Borboleta”, colocou-o em seu colo e disse todas aquelas asneiras para ela. Ficando furiosa, Marina perdeu o controle e fez que Nina abandonasse o quarto, num pranto de dar dó, voltando sozinha para a sua casa.
Depois de tê-la procurado logo em seguida e de ter recebido o seu perdão, dando-lhe, enfim, o presente que era dela e somente dela, e aceitado o seu pedido para que a deixasse a sós, depois daquela visita inesperada de Roberto, Marina resolveu deixar o resto da bagunça de lado. Agora, com a noite caindo, bela e exuberante, sobre a ilha, sem ao menos supor que, muito em breve um vento forte traria uma grande tempestade, que abriria um buraco cinza no céu, escondendo o brilho da Lua, ela, pensando em como poderia estar se sentindo a sua amiga Nina, apanhou, num canto esquecido, o seu velho e belo pinho. Nele, haveria de compor uma bela canção em homenagem à Nina. E foi o que fez! Pensando em esperar a volta da amiga, que poderia vir buscá-la no dia seguinte, foi entoando a melodia, que já perseguia a letra... dedilhando nas cordas do violão, soltando, de mansinho, sua bela voz. A inspiração logo apareceu, como num estalar de dedos, e a canção, de gênero "Modinha" ficou pronta antes de a chuva desabar do céu!
Satisfeita com o resultado, buscou seu mini gravador e cantou mais uma vez, agora gravando a canção que ela deu o título de “Enquanto Você Não Vem”. A letra? Nem precisou escrever, já estava guardada em sua memória. Assim que terminou a gravação, ouviu e viu os pingos da chuva batendo forte em sua janela.
Apenas pensou: “Nina vai gostar dessa canção que eu fiz pra ela!”
BA!


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Quem Ama Cuida

Roberto não podia imaginar que aquele passeio mudaria sua vida dali em diante. De mãos dadas, as mesmas que a pouco tocavam com paixão o corpo de Bia, ele e Angélica saíram em direção à praia. O vento forte e a previsão de tempestade abriram um buraco cinza no céu, que, de longe, parecia esconder o brilho da Lua. Roberto estranhou o silêncio de Angélica, que normalmente era quem falava mais. Antes de se sentarem na areia, passaram por Bia, que vinha pelo caminho oposto. Bia deu um beijo no rosto de Roberto e um abraço em Angélica, que respondeu com um beijo em seu rosto e um leve afago em seus cabelos. A tranquilidade de Bia assustava até Roberto. Como ela conseguia ser tão natural numa situação daquelas! Por sorte, o encontro não passou de um breve cumprimento. Já sentados, Angélica jogou sua cabeça no colo de Roberto, mas com os olhos fixos no mar. Daí, começou a falar com voz mansa: "Se lembra dos nossos planos antes de virmos pra cá? Quantos sonhos, quantos desejos! Imaginávamos que sairíamos em busca de um paraíso. Do nosso paraíso! Doce ilusão a nossa!" Sem deixar que Roberto a interrompesse, sequer uma vez, Angélica prosseguiu: "Como é grande o meu amor por você, doutor! Ele é tão grande que quero me separar de você!" Roberto deu um pulo, ficando de pé e, com isso, jogando a cabeça de Angélica na areia:"Como assim Angélica? Eu também te amo! Que estória é essa de separação? Tá maluca? Acho que você tomou muito sol hoje, só pode ser isso!!!" Ainda deitada na areia, Angélica continuou falando: "Eu sei de tudo Roberto. Sei de seu amor platônico por Nina, sei de sua paixão por Bia." Roberto virou as costas e deu um chute no ar, jogando areia para todos os lados. "Não se preocupe. Não se culpe por isso! Eu só quero ver você feliz! Quero que viva com intensidade tudo aquilo que desejar! Especialmente neste momento..." 
"Por que especialmente neste momento? - indagou Roberto. "O que quer dizer com isso?" "No momento que estou de partida meu amor, ou, melhor, me preparando para partir!" "Você não vai embora daqui" Gritou, com raiva, Roberto: "Me perdoe, eu sou um idiota, um fraco!" "Meu bem, o que quero dizer é que estou doente, muito doente..." Suspirou Angélica. Roberto jogou os joelhos na areia e abraçou a namorada com todas as forças que ainda lhe restavam naquele momento. A chuva desabou do céu!
CS!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Tiro Saiu Pela Culatra!

Ainda ouvindo o barulho estridente daquela porta capenga batendo às suas costas, doutor Roberto foi logo pegando o rumo da pousada. Queria sair dali logo, logo! Desapontado e com a cabeça fervilhando, andou todos os passos a pensar: “Que idiota eu fui! Não deveria ter vindo para falar com Nina. É claro que ela está me odiando. Estou “pegando” Bia, estou traindo Angélica, estou, agora, sem a mínima chance de um dia dizer à Nina sobre esse meu amor por ela, que guardo desde quando a conheci. Minha pérola... Minha doce Nina... Um dia, anos atrás, eu havia dito a ela que eu voltaria para buscar o meu tesouro, que nasceria de dentro de uma concha que eu lhe deixei como um presente! Mas ela jamais entendeu... Agora, estou mesmo ferrado. Felizmente, Nina, que tem um coração tão bom, vai calar a sua boquinha linda e nada dirá para Angélica. Já a outra, a tal de Marina, sei não... Devo ter cuidados com ela!
Quase chegando à pousada, Roberto olhou para o céu e clamou: “Velho amigo Alexander! Sinto a sua falta... Quanta saudade... Sua filha está me deixando louco!!!
Entrando, deu de cara com Angélica, que o aguardava para um passeio antes que ele fosse curar algum paciente! Meio desconcertado e um pouco mal-humorado, ele apenas deu-lhe um beijo rápido e disse: “Vamos, meu amor! Perdoe-me o atraso!”
BA!

Silêncio

Marina tratou de puxar a cabeça da amiga para bem perto de seus ombros, tentando assim confortá-la. Nina deixou-se levar por uns instantes e logo depois levantou-se. Enxugando as lágrimas do rosto, pediu que Marina fosse embora. Queria ficar sozinha com seus pensamentos, tentando colocar tudo o que vivera naqueles últimos tempos em ordem. Pobre Nina! Como colocar ordem na bagunça que o destino faz na vida da gente?! Marina ainda insistiu para ficar, mas, respeitando o desejo da amiga, foi embora depois de dar um beijo carinhoso em Nina. Nina ficou parada ali mesmo durante horas e horas, até que a noite começou a chegar, trazendo consigo um vento forte que fazia um barulho amedrontador como se previsse a chegada de uma grande tempestade. Nem o forte vento tirou Nina do lugar onde estava. Seus pensamentos revezavam entre lembranças antigas e recentes. Quanta coisa acontecia à sua volta sem que ela pudesse fazer nada. E foi num desses pensamentos profundos que Nina sentiu uma pontinha de ciúmes de Roberto. Ela nunca havia olhado para ele como um homem interessante. Mas algo aconteceu naquele dia. Nina ainda não sabia se por causa da cena de amor que havia visto ou por causa da revelação que ele havia feito para ela. Desde a mudança de Pedro, ela jamais havia se interessado por outra pessoa. E isso já estava perto de completar seis anos. Seis anos sem dar nem receber um beijo, seis anos sem fazer amor, seis anos sem se sentir mulher, assim como se sentia nos braços de Pedro. Nina então levantou-se, e foi a caminho do quarto em busca do presente que Roberto a entregou tantos anos atrás. Sem a proteção da ostra, arriscou abrir com a ponta dos dedos a fresta que separava as duas partes da concha. Surpresa, sentiu seu rosto ser iluminado por uma bela pérola branca. Branca como as areias da praia. Nina sorriu!
CS!

Revelação

Nina e Marina ainda estavam abraçadas quando Roberto chegou, atordoado e todo atrapalhado, tentando colocar no lugar os botões da blusa entreaberta. De cabeça baixa, se sentia envergonhado e pediu pra falar a sós com Nina. Marina ia se afastando, quando ouviu de Nina: "Não, ela fica. Pode falar o que quiser na frente dela. Ela, sim, é uma amiga fiel e verdadeira." Marina não entendeu muito bem, até porque ainda não sabia da cena que Nina havia presenciado minutos antes. Roberto então continuou: "Nina, sei da sua amizade com Bia e com Angélica, mas isso não tem nada a ver neste momento. O que sinto por Bia é algo que vai passar. Ela me seduziu. Foi mais forte do que eu!" Nina abaixou e balançou a cabeça para os lados, ao mesmo tempo em que ia dizendo: "Vocês homens são todos iguais. Não se preocupe, pois de minha boca Angélica não saberá de nada. Só peço que esqueça que um dia me conheceu e que foi meu amigo. Quero distância de pessoas como você." Roberto empalideceu: "Não diga isso Nina. Minha atração por Bia nada mais é do que um passatempo, enquanto não posso revelar o amor que senti por você desde a primeira vez que te vi." Nina botou as mãos na cabeça, como se quisesse não mais escutar nem ver nada naquele momento. Antes que reagisse, Marina se colocou na frente de Roberto e com a voz quase sussurrando disse: "Não entendeu o que ela falou? Suma daqui, se não vou eu mesma contar tudo pra Angélica." E com as mãos foi empurrando o peito de Roberto até que ele caísse para fora do alpendre. Neste momento, Nina desatou num choro só!!!
CS!