Prêmio Top Blog 2011

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domingo, 30 de outubro de 2011

Mentira

Quando Nina abraçou a amiga Marina, sentiu que ela tremia: “Minha querida, você está ensopada, com toda essa chuva aí fora... Vamos logo tirar essa sua roupa molhada. Não vê que sente frio?” Marina demorou um pouco mais no abraço de Nina, para depois se soltar de seus braços e afagos!
Ainda soluçando, enxugou as lágrimas, que também vertiam dos olhos sinceros de Nina. Correu para o quarto e se trancou. Nina foi atrás: “Marina! Abra já esta porta... Conte-me o que aconteceu. O que se passa com você, meu amor? Não vê que sinto um frio em minha alma?”
Marina, ao escutar aquelas palavras, já nua, abriu de imediato a porta: “Nina, minha doce Nina! Preciso lhe contar algo... Sente-se aqui na cama.”
Nina desejava ardentemente abraçar seu corpo, mas cedeu ao seu pedido: “Marina, meu coração está acelerado. Conte-me logo, ou terei de calar sua boca com um beijo...”
A amiga foi logo se cobrindo com roupas secas, e disse, num tom cinzento: “Recebi um recado de minha família. Há alguém lá, em minha cidade, que precisa urgentemente de minha ajuda. E eu preciso ir agora, nesse instante, pegar a última balsa... Só vou colocar alguns pertences nessa mochila... Meu violão fica com você. Preciso ir! Em breve, estarei de volta. Fica bem, minha Nina, e saiba que meu amor por você é tão grande quanto a imensidão desse universo!”
Estando pronta, Marina saiu em disparada, sem sequer olhar para trás, deixando Nina afogada em suas lágrimas de solidão!
BA!






quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Balanço

A mesma nuvem carregada, que cobria o céu sobre as cabeças de Marina e Pedro, também começava a derramar seus pingos, marcados na areia da praia. Rodeando uma grande fogueira, um palco fora suspenso com finos troncos de madeira. Tudo estava muito colorido! E as pessoas iam se aproximando umas das outras. Poucos turistas misturavam-se a poucos nativos. Pedro foi anunciado e subiu ao palco com sua gaita. Aquele show foi um show diferente pra ele. Sentia seu coração acelerar cada vez que se lembrava de toda Estória com H que Marina lhe contara poucas horas atrás. Pra aliviar a dor, naquela noite, Pedro tocou com o coração. A chuva começava a cair mais forte, quando uma bela moça chamou a atenção dos olhos dele. Ela estava de costas, com uma camiseta vermelha e uma saia muito branca. Seus cabelos eram longos e negros. Carregava muitas pulseiras coloridas em cada braço, e parecia estar só, mas com um balanço de corpo que fez Pedro parar de soprar o pequeno instrumento. Ele sequer podia acreditar que, quando visse aquele rosto de frente, veria sua amiga de infância num corpo de mulher.
CS!

O Céu Como Testemunha

Pedro levou as mãos sobre a cabeça, que rodava como pião. Levantou-se e olhou no fundo dos olhos de Marina, que chorava. Naquele momento, a lua foi tampada por nuvens escuras, carregadas de chuva, e o céu foi a única testemunha das duras palavras que saíram da boca de Pedro. Falou do amor que sentiu, um dia, por Nina. Falou do carinho e amizade que sentia por Marina. Falou da confiança que teve ao entregar sua carta e aquele colar de borboletas nas mãos da amiga. Falou de sua raiva. Muita raiva. Marina escutava aquelas palavras com a cabeça baixa. Chegou a pedir desculpas por inúmeras vezes, mas seu pedido era interrompido pela revolta de Pedro. A conversa se estendeu por alguns minutos, e no final Pedro deu um ultimato à Marina. Aquela seria a noite que ela deveria contar toda a verdade para Nina, do contrário ele mesmo faria isso. Marina implorou por mais um tempo, mas não houve piedade por parte de Pedro, que, de costas, tomou o rumo da vila. Ela, desesperada, correu para casa de Nina, que, sem saber de nada, mantinha a casa fechada à espera da amiga. Ao atravessar a porta, juntando força para atender a ordem de Pedro, Marina perdeu toda a coragem ao ver Nina ali, bem à sua frente. Chorando muito, só conseguiu chegar bem perto, e com as mãos levantadas para o céu disse soluçando: "Minha querida, por favor, me abrace!"
CS!

domingo, 23 de outubro de 2011

Verdade

Pegando o caminho de volta pra casa de Nina, Pedro deu de cara com Marina. Seu rosto estava assustado e ela suava frio. Marina reconhecera o grito desesperado de Pedro, enquanto Nina teve dúvidas de quem seria aquele homem escondido atrás de sua própria sombra. Também não reconheceu  a voz máscula que gritava.  Sentiu medo por isso. Marina pediu que ficasse dentro de casa e que não saísse de lá de jeito nenhum. Nina obedeceu a amiga.  Cinco minutos depois, estavam Pedro e Marina frente a frente. Pedro, com a garrafa nas mãos, deu um empurrão na amiga perguntando logo o que havia acontecido. Por que Marina havia sumido? Por que Marina era amiga de Nina daquela forma? Por que Pedro tinha sido enganado e traído? Marina tentava se recuperar do susto de ver Pedro logo ali na sua frente. Tentava, mas não conseguia colocar as ideias no lugar. Decidiu então contar toda a verdade. Do começo ao fim. Falou de seu amor por Nina à primeira vista. Disse das mentiras que inventara, disse dos sonhos que tinha em viver com Nina. Contou do desaparecimento de Alexander, da morte de um tal doutor e até mesmo da chegada de um detetive na ilha. Pedro fechou os olhos e se jogou na areia da praia.
CS!  

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Na Dúvida, Persista!

Quando toda a Ilha escutou aquele grito do Pedro, Nina e Marina já estavam abraçadas, havia três dias, quando aconteceu aquele “beijo na boca”, quando resolveram, de vez, morar juntas!
Durante estes dias, Ícaro, o tal detetive metido a “Sherlock Holmes”, estava indócil totalmente. Desde quando aconteceu aquela loucura toda dentro da delegacia e os depoimentos das quatro mulheres foram por água abaixo, sua rebeldia o tornava cada vez mais um homem disposto a encontrar quem, de fato, levou à morte o coitado do doutor Roberto. E ele ainda desejava encontrar o paradeiro de Alexander, aquele que muitos julgavam estar vivo! Ícaro tentava descobrir provas, as quais estavam lhe dando muito trabalho. Marcaria, dentro em breve, um novo encontro com as quatro rés, que haveriam de estar em seu banco das acusadas!
Ao gritar “Ninaaaaaa”, com todas as suas forças, Pedro simplesmente resolveu sair correndo em direção à praia, revoltado e triste, sem mais o desejo de encontrar cara a cara com Nina, após a sua visão. Ter visto Nina e Marina juntas, daquele jeito, fez-lhe entender que ele não era mais bem-vindo na vida de sua doce amada. Mas, enquanto corria, seu coração lhe dizia: “Na dúvida, persista!”
Será? Pedro imaginou ou tinha certeza de que havia um relacionamento entre elas? Só por conta de um abraço? Só por conta de mãos acariciando um rosto?
Pedro, imediatamente, voltou atrás... Precisava tirar tudo isso a limpo! Precisava saber o quê acontecia lá naquela varanda da casa de Nina. Precisava saber se Nina ainda era dele, ou se já pertencia a ela!!!
BA!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O Que os Olhos Veem o Coração Não Perdoa

A caminho da casa de Nina, Pedro foi tentando encaixar as peças de um quebra-cabeças que o tempo tratou de espalhar. Estava confuso. Agora homem, sentia-se um adolescente de novo. Seu pensamento se mantinha fixo em Nina e na maluca de sua amiga Marina, que sequer mandara notícias. Ao chegar mais perto, Pedro reconheceu de imediato a voz de Marina ao violão. Num primeiro momento, sorriu, mas depois sua expressão se fechou, quando, de longe, viu o movimento do corpo de Nina em direção à Marina. Aquelas mãos, que ele conhecia tão bem, foram as mesmas que abraçaram Marina, acariciando seu rosto. Pedro sentiu seu estômago embrulhar. Pensou em sair correndo e se atirar do rochedo, como quem quisesse acordar de um pesadelo. Mas, sua reação foi outra. Já bem próximo da casa, gritou com todas as forças que tinha: "Ninaaaaaa..." Seu grito ecoou por toda a ilha. As duas, abraçadas, olharam assustadas em sua direção!!!
CS!

O Tempo Que Não Volta Atrás!

Pedro alcançou a garrafa, entre os galhos, como quem alcança a última fruta do pé. Sentiu o pedaço de vidro esquentar sua mão, e do alto deu um pulo, chegando ao chão com as pernas fortes e cheias de vitalidade. Achou engraçado o que viu, e curioso tentou abrir a garrafa. Só conseguiu depois de enfiar, com os dedos, a rolha para dentro. Sem querer, meio sem jeito, ao puxar o papel, acabou rasgando-o em dois pedaços. Nada que pudesse impedir a leitura daquele objeto estranho. As mesmas pernas fortes vacilaram ao iniciar a leitura e perceber que se tratava de uma carta de amor de Nina, escrita para ele. Não pôde acreditar. Como isso podia ter acontecido? Como aquela garrafa velha foi parar sob a copa da "Árvore dos Desejos"? Por que aquela carta com escritos tão verdadeiros foi parar dentro daquela garrafa e não na sua caixa de correspondência? Por que Nina nunca lhe respondera sua carta? Por quê? Por quê? Sua cabeça ferveu como um vulcão em erupção e, mesmo com pouco tempo antes que seu show começasse, pôs-se a caminho de onde acreditava que Nina ainda morava. Mal podia acreditar que estaria frente a frente com ela. Mal podia acreditar no que veria ainda naquela noite!!!
CS!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ilhadas e Aliadas no Amor!

As amigas, Nina e Marina, agora aliadas no amor, não perderam tempo... Ainda, naquela noite, após o "beijo na boca", foram até à pousada para buscar todos os pertences de Marina. Resolveram que já era hora de dar asas àquela ideia de morarem juntas. Assim seria... Até quando, não sabemos!
De volta à casa, as mulheres riram muito, de tanta felicidade. Parecia-lhes que um novo tempo bom estava por vir. Antes mesmo que Marina ajeitasse suas coisas misturadas às coisas de Nina, pois espaço ali não havia o bastante, Nina, encontrando uma garrafa de vinho na prateleira da cozinha, disse: “Largue tudo isso, Marina! Deixe tudo como está... Amanhã, eu lhe ajudo a colocar ordem nesses seus trecos aí... Vamos para a varanda, pois a noite está linda... Tomaremos toda essa garrafa em homenagem a uma nova vida aqui em casa... Ou melhor, aqui em nossa casa!”
Marina estava irradiante! Sorriu, e foi tomando logo a mão de Nina: “Seremos felizes aqui... Já sinto o cheiro de vida nova adentrando por esta nossa humilde e gostosa casa. Faremos tudo o que eu lhe prometi, lembra-se? Vamos transformar essa cabana numa casa bem confortável... Vamos, menina, abra logo esse vinho!”
Nina, tomada de grande exaltação, lhe pediu: “Só se você tocar o seu violão... Toca, toca aquela minha canção, a que você compôs pra mim? Quero ouví-la, quantas vezes puder!”
Até mesmo a Lua parou para ouvir...
BA!




domingo, 9 de outubro de 2011

Beijo na Boca!

Três dias antes da chegada de Pedro à Ilha, quando Marina tocou, em seu violão, e cantou, enfim, a canção que fez para Nina, naquele dia em que voltaram do posto policial, sem que nenhuma das quatro mulheres pudessem dar seus depoimentos devido ao ocorrido, a Ilha se encheu de alegria! No céu, havia festins coloridos como a anunciar uma nova era. A noite mal aproximava com a despedida do Sol, que acariciava com seu sorriso a chegada da Lua, estonteante e bela, a tingir de luminosidade o interior da casa de Nina... E após o longo abraço entre aquelas duas amigas:
“Você, Marina, é uma grande compositora! Coisa mais linda... Essa sua canção!”
Marina, à beira de um colapso, estando tão feliz, apenas balbuciou: “Gostou mesmo, Nina?”
Nina não sabia o quê mais dizer a respeito. Apenas passou suas mãos no rosto de Marina, num gesto carinhoso. Sentiu, naquele instante, uma onda de ternura e furor. Seu coração batia num compasso alegre, cheio de festa! Como não sentir uma grande emoção quando se percebe que é a musa de uma canção?
Enquanto a água fervia para o café, que esperava calmamente, Marina, ainda acariciando a mão de Nina, disse: “Deixa que eu te ame, Nina?” A doce mulher, com jeito de menina, sabia desse amor de Marina por ela: “Desde que eu o senti, já deixei... Minha amiga! Nunca percebeu? Esse seu amor me ajudou a chegar até aqui...
Marina deixou o violão de lado, encantada, e pôs-se cara a cara com Nina: “Posso lhe dar um beijo?”
Nina não pensou em virar-lhe o rosto, como se ela pudesse apenas tocar com os lábios a sua face: “Sim! Um beijo na boca... É o que eu quero de você agora!”
No fogão à lenha, a água fervia em ebulição... Aquele beijo de Marina e Nina, total efervescência!!!
BA!




sábado, 8 de outubro de 2011

A Árvore dos Desejos

Aquela era uma semana festiva e cheia de movimento na ilha. Turistas chegavam a todo momento, ansiosos por viverem alguns momentos naquele lugar mágico. Três noites após a primeira tentativa de depoimento daquelas quatro mulheres, Pedro botou os pés naquela areia que conhecia tão bem. Sentiu uma forte sensação de desassossego. Sete anos depois, estranhou a mudança do lugar e a movimentação frenética de pessoas. Catou sua mochila e foi andando meio sem rumo, tentando reconhecer os lugares e o rosto das pessoas. Não reconheceu ninguém... E distraído só parou quando já estava debaixo daquela enorme copa de árvore. A Árvore dos Desejos continuava linda e forte como sempre. Foi como Pedro tivesse estado ali no dia anterior. Abaixou-se e, agachado, passou as mãos na grama verde e macia. Jogou seu corpo no chão. E foi ai que percebeu um pedaço de vidro agarrado em meios aos galhos da árvore. Pedro levantou-se e decidiu subir no tronco da árvore, assim como já havia feito tantas vezes na vida. Jogou a mochila para os lados e agarrou-se na raiz exposta. Subiu, buscando alcançar aquele objeto estranho, que refletia a luz do sol como se ouro fosse.
CS! 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Os 5 Sentidos

A confusão passou e o grupo se dissipou. Angélica, de cabeça baixa, pôs-se em direção à pousada com passos rápidos. Bia, com um rebolado que só ela sabia fazer, pôs-se a caminho da praça. Em comum entre as duas, o pensamento em Ícaro. Cada uma com seu jeito de pensar. Cada uma construindo o Ícaro que desejava. Enquanto isso, Nina e Marina terminavam seus curativos. Neste momento, Ícaro estava sério, sem todo aquele ar de guerrilheiro. As duas amigas foram atendidas e, de mãos dadas, feito crianças, passaram por ele caladas. Não sabemos o motivo, mas Ícaro não teve reação. Parado, acompanhou aquelas duas moças com o olhar, até que descessem as escadas de areia a caminho da praia. O céu já mostrava sua face escura quando chegaram na casa de Nina. Enquanto Nina cuidou de colocar água para aquecer no fogão à lenha, Marina puxou o violão e começou a deslizar os dedos, soprando algumas canções sem nexo. Quando viu, estava recitando baixinho, a canção que fez para Nina. Sua voz era suave e cheia de amor. Só percebeu a presença de Nina, quando ela encostou sua mão em seus ombros e disse: "Que música linda! Foi você quem fez?" Marina acariciou a mão de Nina e abrindo um sorriso nos lábios respondeu: "Sim, fui eu, fui eu que fiz pra você!" As duas se abraçaram!
CS!

O Toque

Nina, acordou, sentindo as mãos grandes e geladas de Ícaro. O cheiro de álcool fez com que ela tivesse vontade de vomitar. Sentiu escorrer sangue do lado direito do rosto de menina. Sua cabeça doía e ela ainda estava jogada no chão, com o corpo encostado naquele banco de madeira velha. Por alguns instantes, pensou ser as de Pedro, as mãos que a tocavam. Mas como num apertar de olhos, percebeu que aquele homem arrogante e metido era quem a tentava acudir. Levantou e quase caiu de novo, se não fossem os braços de Marina, ainda com a boca sangrando. Estavam ali as duas, uma com a cabeça cortada e a outra com os lábios partidos. Angélica e Bia continuavam assistindo e Ícaro com a bermuda branca, agora manchada de sangue, pegou as duas pelo braço e com força foi a caminho da saída em busca de um médico, mandando como se estivesse comandando dois soldados. Marina quase enlouqueceu de raiva e Nina, ainda tonta, no fundo gostou de sentir novamente os braços fortes de um homem tocando em sua pele.
CS!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Do Outro Lado do Lado de Lá

Enquanto o teto daquela pequena sala do posto policial parecia que iria desabar sobre as cabeças daquelas criaturas, a quilômetros dali, Pedro começou a se preocupar com a  ausência de notícias de Marina. Nem uma carta, nem um telefonema, e sua família sequer sabia o paradeiro dela. Afinal o que havia acontecido com sua amiga querida, desde que partira para aquela ilha, onde Pedro foi tão feliz? De qualquer maneira, Pedro, aquele belo rapaz, levava a vida com arte. Cantava e tocava instrumentos na noite da grande cidade. Não tinha conseguido se formar na faculdade ainda, mas conseguia pagar suas contas e a vida boêmia que levava com seu trabalho que tanto adorava fazer. Armadilha ou não do destino, Pedro recebeu um telefonema naquela tarde cinzenta. Era um amigo que queria contratá-lo para tocar em uma festa tradicional, porém um pouco longe dali. Curioso e disposto como sempre, Pedro não acreditou quando ouviu, pelo telefone, o nome daquela pequena ilha. Aquele lugar guardado no fundo do seu coração e que foi testemunha de tantas estórias vividas por ele. Em segundos, imaginou como Nina estaria, se lembrou de Bia, das brincadeiras dos três quando crianças. Se lembrou também de Marina, e com a coragem de um jovem rapaz, respondeu imediatamente: "Conte comigo! Você escolheu o artista certo! Era tudo o que eu precisava para voltar naquele paraíso! Quando parto?" Pedro desligou o telefone e sentiu um frio percorrer por seu corpo. Não entendeu, naquele momento, o porquê, mas sentiu um pouco de medo. Afinal, dali a poucos dias, estaria de volta àquele lugar!
CS!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Na Quietude de Um Bater de Asas!

Enquanto parecia que a corda pendia para o lado mais forte, durante toda aquela balbúrdia dentro do posto policial, a leveza do pássaro negro, na quietude de um bater de asas, fez o tempo parar, como num passe de ilusionismo! Adentrando por uma das duas janelas abertas, ele simplesmente voou, assim como voam as grandes mentes, calculadamente e saborosamente à mercê de seus intentos! A ampulheta, o relógio de areia, parou no tempo... Um grão suspenso ficou à espera...
Foi então que o espetáculo se deu! A tarde virou noite, com as estrelas apontando no céu como se fossem pontos de costuras naquele manto azul marinho... O mar, antes revolto, recobrou sua calmaria num silêncio que doía... Nem as ondas vinham e nem iam... O Sol se despediu sem mágoas... E a Ilha chorou lágrimas de confetes coloridos de alegria!
O pássaro saiu, rasante, num voo inimaginável, bem junto ao parapeito da outra janela, deixando para trás o seu riso acolhedor!
Nessa hora, o grão suspenso caiu! O tempo voltou ao tempo que transcorria...
BA!

domingo, 2 de outubro de 2011

As Quatro no Banco das Rés?

Ícaro perdeu a paciência ao ver Nina deixando a sala, naquele choro todo e sem a sua autorização. Bateu forte, com a mão direita, na porta e bradou: “O que deu nessa infeliz agora? Policial, traga aquela mulher de volta ou...” Nesse instante, Marina, mais irritada ainda, voou pra cima dele como a querer devorá-lo inteiro, bem ali, não se importando com sua conduta. Com as mãos fechadas, em punho, desejando socar o rapaz, que foi logo tentando segurá-la, com bastante força, ela gritou: “Quem você pensa que é, seu Sherlock Holmes de merda? Pensa que pode mandar e desmandar aqui? Acha que as pessoas são bonecas em suas mãos, seu...” O rapaz tapou sua boca antes que ela continuasse seu xingamento. Foi então que seu anel prateado acabou arranhando o lábio inferior de Marina, causando-lhe um pequeno corte com sangramento.
Enquanto esperneava, na tentativa de se soltar, ela viu quando Nina, Bia e Angélica entravam na sala. Com grande espanto, as três amigas se entreolharam, e Nina, mesmo ainda chorando, avançou seu corpo contra Ícaro e lhe disse aos berros: “Solta ela, solta ela, seu miserável... Não vê que ela é uma mulher e está sangrando? Você a machucou, seu borra-botas!!!”
Enquanto os três estavam ali enrolados, sem que nem mesmo o guarda presente pudesse ter a força para apartá-los, Bia e Angélica estavam paralisadas. Quando as duas viram a figura de Ícaro, não conseguiram ter reação alguma. Aquele belo e charmoso rapaz era o próprio investigador que iria interrogá-las. Aquelas quatro mulheres que, agora, estavam no banco das rés. Uma delas seria acusada e julgada? Uma delas teria tido um motivo e a coragem para matar o doutor Roberto? Uma delas seria, de fato, uma ré? Será?
BA!


O Inicio do Fim

As duas se levantaram a caminho da porta onde Ícaro estava encostado, abanando com a camiseta vermelha o tórax suado. "Entrem." Disse, com a voz marcada. "Onde estão as outras duas?" "Acho que estão atrasadas". Sussurrou Nina, com a voz baixa. Aquele homem na sua frente a fez tremer. "Se elas pensam que eu estou por conta delas, se enganam! Tenho pressa." Disse, com tom de arrogância! "E quem são vocês?" Marina tomou a frente na resposta e disse: "Eu sou Marina, amiga de Nina. E você quem é?" "Eu sou quem vai resolver este caso maluco neste fim de mundo."  Disse Ícaro. "Não me interessa que elas não estejam aqui. Vamos ver o que temos. O primeiro caso, do maluco desaparecido, vou deixar pra depois, por enquanto. Agora temos um outro maluco que morreu com um buraco de bala no coração e enfiado num buraco de areia na praia, e segurava uma garrafa velha de vidro. É isso mesmo?" Antes que Ícaro prosseguisse com aquela sessão de tortura, Nina levantou-se aos prantos e saiu da sala. Deu de cara com Angélica e Bia, que chegavam juntas exatamente naquele momento.
CS!

Encontro Marcado

Nina e Marina foram as primeiras a chegarem no posto policial da ilha. O guarda local ainda estava improvisando um acento para as quatro mulheres. O relógio já marcava quatro da tarde e as duas, de mãos dadas, aguardavam na pequena sala. Ícaro foi o próximo a chegar. De bermudas brancas, chinelo de dedos e uma camiseta vermelha jogada no ombro esquerdo, entrou na sala como se estivesse entrando no quintal de casa. Sem querer, tropeçou na perna esticada de Marina, que soltou um grito de "Ai!". Ícaro, sem pedir desculpas, passou por elas, batendo com força a outra porta que separava os dois ambientes. Marina reclamou: "Nossa, que mal-educado!" Nina emendou o comentário: "É, pode até ser mal-educado, mas que é bonito é!! De repente, ele me lembrou Pedro, não sei, acho que foi o jeito de andar!" "Que isso! Pedro não tem nada a ver com esse bruta montes..." E antes que completasse a frase viu que tinha se traído pelas palavras... Desfazendo o laço que unia sua mão à mão de Marina, Nina falou: "Como assim minha amiga, desde quando você conhece Pedro?" Marina, mais que depressa, tomando de volta a mão de Nina sob a sua, foi se explicando: "Minha querida, de tanto você falar dele, acabei imaginando seu retrato na minha cabeça. É só isso..." E antes que terminasse sua frase escutou o chamado de Ícaro, de pé, entre a porta abaixo: "Vamos lá, meninas!! E onde estão as outras duas?" A voz de Ícaro arrepiou Nina.
CS! 

sábado, 1 de outubro de 2011

Plantando Arte

Assim que o sorriso de Ícaro atingiu o olhar de Bia, ela desistiu de cobrar pelo estrago causado por ele em seu quadro. Imaginou que era uma bobagem ser tão grossa com um rapaz tão bonito feito ele. Também percebeu o trajeto daquele seu olhar... Seu corpo chegou a arrepiar. Meio sem graça, apenas disse-lhe: “Ora, ora! Esse seu sorriso já pagou pelo meu prejuízo!”
Ícaro se sentiu como o próprio Ícaro da mitologia grega, o filho de Dédalo com a escrava Persefone. Só faltou abrir as suas asas de cera, para se exibir mais para aquela garota tão bela, que lhe pareceu ser o Sol. Mal sabia ele que ela poderia derreter suas asas, e assim ele poderia despencar, caindo ao mar... (A história de Ícaro na tentativa de deixar Creta voando... Mas isso é uma outra história!)
Bia sabia muito bem como plantar uma arte, assim como essa! Seus lábios de carmim enfeitiçaram o rapaz que, mesmo sem as asas, já se derretia por ela, e, boquiaberto, perguntou-lhe: “Não, não! Faço questão de pagar... Quanto é?”
A moça arteira, fitando seus olhos, que também lhe lembravam os de Roberto, apenas respondeu, antes de lhe dar as costas: “Qualquer dia desses, eu lhe cobro! Preciso ir... Tenho um compromisso daqui a pouco. Nos veremos por aí, se você ficar mais um tempo aqui na Ilha. Ah! É bom fechar a boca, pois o vento nessa praia é tão forte... Você pode engolir areia!!!”
BA!


Encontro de Cores

Ícaro saiu do mar, e sem saber foi caminhando em direção ao lugar onde Bia estava. Passou por ela sem a perceber, enquanto os olhos de Bia acompanhavam fixamente o contorno do corpo de Ícaro em movimento. A água que pingava de seu corpo manchou a tela que Bia pintava. E ela imediatamente levantou-se da areia e, com o corpo esticado, gritou com Ícaro: "Ei você, tá pensando o que? Passa, como se fosse um animal, pelas pessoas! Você estragou meu trabalho! Agora vai ter de pagar!" Ícaro virou o pescoço para trás e aí, sim, percebeu a presença de Bia. Seus olhos percorreram dos pés à ponta dos cabelos de Bia. Ícaro sorriu!
CS! 

Fantasiando

É incrível como todos os personagens de Estória com H têm fantasias. Cada um com a sua e do seu jeito. Uns com poucas, outros com muitas. Uns que tinham coragem. Outros que tinham medo. E assim o destino seguia seu curso, presenteando com vida aquele lugar. Enquanto Nina rodava, entre os dedos de pele macia, a pérola que ganhou de presente de Roberto, ficava imaginando onde estaria a garrafa que tantos anos atrás carregou sua carta de amor, endereçada a Pedro, e que o rumo do mar tomou! Afinal, o que Roberto fazia com aquela garrafa nas mãos na noite de sua viagem? Por que, depois de tanto tempo, aquele pássaro negro cortava o céu de sua casa novamente? Do lado de fora da sala, na varanda de pau-a-pique, Marina encerava seu violão! Com as mãos sujas de óleo, espalhava o pano sobre a madeira e entre as cordas. Parecia mais estar tocando o corpo de alguém! Seus olhos não piscavam e em seus pensamentos o amor que sentia por Nina a encantava. Bia, cheia de cores, corpo bronzeado e longos cabelos pretos, continuava pintando seus quadros. Agora com menos frequência. Mas, naquele início de tarde, jogada na areia quente pelo sol, Bia rabiscou um quadro especial. Mergulhando dentro do mar azul da ilha, aquele homem, de sunga vermelha, preencheu toda a tela que Bia pintava. Neste momento, se sentiu extremamente atraída por ele. Mal sabiam eles que naquele mesmo dia, às 4 da tarde, o destino de cada um iria mudar. Todas as mulheres foram avisadas do compromisso! E Ícaro desfilava seu corpo forte e bem traçado. 
CS!