Prêmio Top Blog 2011

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domingo, 31 de julho de 2011

Chegada Pra Ficar

O dia começava a despertar quando Angélica pôs os pés para fora do barco que a levava junto com Roberto para a ilha. Quando seu pé direito tocou o mar, ela sentiu um calafrio que lhe percorreu todo o corpo. Angélica estava radiante! Enquanto seus olhos se enchiam de beleza da natureza farta daquele lugar, Roberto parecia tentar reconhecer o cais. Pouca coisa havia mudado naqueles cinco anos. Talvez um pouco mais de pessoas prá lá e prá cá... mas nada que prejudicasse a maravilha e a energia daquele paraíso. No caminho para a pousada, passaram pela praça, aquilo, sim, era novo para Roberto. A ilha tinha ganhado uma modesta praça, onde todos pareceriam se encontrar. Era como se tudo acontecesse ali. E foi no meio de alguns turistas e muitos nativos que um quadro chamou a atenção de Roberto. Ele puxou Angélica pelos braços, e atraído pela beleza do quadro foi em direção da moça que parecia querer vendê-lo. Era uma bela pintura. Os traços confusos eram recheados por cores fortes. O jovem médico sorriu e com educação falou com a moça: "Que bela tela! É sua? Foi você quem pintou? Está vendendo? Quanto custa? O que significa? Enquanto falava, hipnotizado, ia tocando os dedos na tela, parecendo querer adivinhar o que ali estava rabiscado. Bia, então, se levantou do lugar onde estava, puxou o quadro pelas mãos e respondeu a ele: "Ele não está à venda. Mas, se adivinhar o que está desenhado, você poderá levá-lo de graça." Roberto sorriu, dizendo não estar interessado em ganhá-lo e sim em comprá-lo. Pediu que Bia colocasse preço na tela e que ele não tinha intenção de prejudicá-la. Por trás de uma gargalhada estridente, Bia insistiu: "Você tem uma chance. Vamos, dê um palpite." Antes mesmo que acabasse de falar, Angélica, com a voz cheia de energia, disse: "Eu sei... é um colar de borboletas!!!" Roberto soltou uma risada, dizendo que a namorada estava maluca. Jamais poderia ser um colar de borboletas, e Bia interrompeu o assunto dizendo: "Ele é seu". Pode levar!" Levantou-se, batendo a areia por detrás do short curto e colorido. Roberto foi em sua direção, puxando-a pelos braços e dizendo: "Espere aí moça, eu tenho de lhe pagar." Foi a primeira vez que Bia olhou bem dentro dos olhos do doutor. Foi a primeira vez que Bia sentiu um arrepio vindo da alma!
CS!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Lembranças na Mala

"Pronto. Acabei!" Disse Roberto, apertando, a garrafa com a Carta de Amor de Nina para Pedro, dentro da mala,  e com isso conseguindo fechar o fecho-éclair. Angélica esperava, ansiosa, já dentro do carro que os levaria àquela viagem tão esperada. O casal estava juntos há três anos. Nos cinco anos que se passaram, desde sua saída da ilha, Dr. Roberto amadureceu. Não teve mais contato com Alexander nem tampouco com Nina, mas sempre se lembrava com carinho das experiências que viveu durante aquelas férias. Encontrou o amor nos braços de Angélica. Uma mulher madura, um pouco mais velha do que ele. Angélica era cheia de vida, moderna e ativa. Era uma exímia pesquisadora da vida marinha. Roberto nunca pensou em contar suas estórias na ilha para ela, mas, quando definiram que sairiam em busca de um lugar para viver, longe da cidade grande, o primeiro nome que veio em sua mente foi a ilha. Não por Nina, mas pela atração que sentira pelo lugar. Ele queria construir uma família e imaginava que a ilha seria o lugar perfeito para ser feliz ao lado de Angélica. Pobre Roberto, que sequer imaginou o que viria pela frente.
CS!

Salve-se Quem Quiser

Abraçadas com os corpos molhados e cambaleando, as duas saíram do mar com as cabeças abaixadas e esgotadas pelo esforço frenético gasto no devaneio vivido. Jogaram-se na areia. O vento e o mar pareciam ter voltado ao normal e enfeitando a meia face da Lua, que agora brilhava, as estrelas buscavam cada qual por seu devido lugar. Ainda sem nenhuma palavra dita, Bia chorava copiosamente. Nina virou-se, tentando secar o rosto da amiga com as mãos.  Seus batimentos começavam a voltar ao normal. Nina sabia que tinha salvo a vida da amiga e sentia-se feliz por isso! Do lado de Bia, um filme passava em sua cabeça. Em minutos, viu-se feliz ao lado de Nina talhando suas iniciais na Árvore dos Desejos. Depois, com a chegada de Pedro na dupla, ela suspirou fundo lembrando-se das tardes na praia... ela pintando, Nina dançando e Pedro contando estórias de príncipes e princesas. Elas eram as princesas de Pedro. Mas, num piscar de olhos, Bia sentiu o gosto amargo do rancor e da mágoa e se viu de novo flagrando Nina e Pedro se amando. Lembrou-se da discussão com a ex-amiga e do bilhete que citava um tal Colar de Borboletas. Bia sacudiu o corpo e levantou-se, indo embora em passos corridos. No caminho, Bia pensou: "Aquele Colar de Borboleta, um dia, será meu!"
CS!

Atendendo ao Grito de Socorro!

Em meio à toda aquela agitação, alguém precisava socorrer alguém que gritava por socorro! A ilha estava na penumbra. Somente a luz da Lua, que assistia a tudo, era capaz de deixar às claras algumas partes da ilha. Quem gritava por socorro? Quem haveria de socorrer esse alguém?
Após aquele estampido, um grande ruído que deixou muita gente com os ouvidos tampados, uma só pessoa poderia ter escutado aquele grito que pedia por uma assistência... Nem mesmo o belo pássaro, aquela figura inimaginável, apareceu, com suas asas arqueadas, para proteger a quem quer que fosse...
Quem gritava por socorro sabia de seu desalinho, sabia que precisava de alguém que seria capaz de vir ao seu encontro para lhe devolver o ânimo, a coragem e a inspiração que lhe faltava naquele breve instante!
E foi assim, como ver o mar pela primeira vez, que a ajuda lhe chegou: branda, mas forte, suave, mas robusta, rápida, mas inesquecível...
Aquela mão estendida procurou a mão que lhe socorria, em sua direção, sem questionamentos, incondicional, apenas pelo fato de que era preciso socorrer... Dadas as mãos, a Lua, que assistia sorridente, clareou, com mais intensidade, aquele gesto onipotente, de um poder absoluto que jamais pessoa alguma poderia sequer imaginar que haveria de existir!!!
BA!











quinta-feira, 28 de julho de 2011

Black-out

O último dia do mês de Outubro amanheceu com uma nuvem cinzenta estacionada bem em cima da ilha. Foi um dia carregado, um dia estranho. Parecia até que o comportamento das pessoas estava diferente. Havia uma agitação, uma energia forte no ar. No começo da noite, uma forte ventania percorreu a ilha, parecendo querer tirá-la do lugar. Turistas e nativos buscavam abrigo com medo do "tempo virado", como diziam alguns. Nesta hora, Bia caminhava próxima à casa de Nina e foi para lá que correu antes que o vento a carregasse. Foi logo invadindo a varanda gritando... Alexander abriu a porta sem dar muita atenção e com o queixo virado apontou na direção do quarto de Nina. Ao abrir a porta, Bia avistou a "amiga", ajoelhada e com os cotovelos apoiados na cama. Sem jeito, interrompeu o silêncio do quarto dizendo: "Vamos para a praia, estão todos lá! Dizem que hoje haverá um maremoto e que a ilha vai desaparecer do mapa. Vamos, sua preguiçosa, venha comigo!" Nina, feliz em ver Bia, balançou a cabeça dizendo não ter toda a coragem da amiga e que preferia ficar na segurança da sua casa. Antes mesmo que desdobrasse os joelhos, sentiu os braços de Bia puxando-a para fora do quarto e perguntando para quê ela rezava se o mundo ia acabar. Atravessando o vão da porta de mãos dadas, Nina disse para Bia: "Meu mundo acabou quando Pedro partiu. Nestes três anos, rezo todos os dias para que ele esteja feliz e que um dia volte pra mim!" Bia engoliu em seco, era a primeira vez que Nina tocava no nome de Pedro desde que se reaproximaram. Com uma gargalhada alta e já com os pés na areia, foi logo levantando o vestido e pulando para o mar. Nina não acreditou no que viu. Em meio à toda aquela ventania, aquela maluca se arriscava entrando na água. Atrás dela, outros malucos se aventuraram também. De repente, depois de um estrondo, toda a luz da ilha se foi. Em meio à escuridão, ouviu-se um grito de socorro!
CS!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Uma Dupla de 1 e 1/2

Após o longo abraço de urso, as lágrimas despejadas e os gritos de declarações de saudade, as duas moças saíram de mãos dadas, como se durante todo aquele tempo separadas não tivesse acontecido tanta coisa. Queriam, a todo custo, colocar a conversa em dia, os segredos guardados durante aquele tempo, as descobertas vividas. Mas, como se tivessem combinado, o assunto Pedro não existiu. Cada qual de seu jeito, não queria estragar aquele momento tão especial! Este foi um assunto trancado a sete chaves, que somente depois de muitos anos voltaria à tona. Com as emoções à flor da pele, as duas caminhavam, sorrindo, gritando, pulando de alegria como se duas crianças ainda fossem. Nina teve pouco o que falar, pouca coisa mudou desde sua separação de Bia. Durante todo aquele tempo sequer se apaixonou de novo. Seu corpo mantinha-se intocável na esperança de rever Pedro. Em compensação, Bia declarava todas as paixões vividas, o cigarro tragado, a bebida forte consumida. Em muito pouco tempo, uma já sabia de tudo da outra, ou, melhor, quase tudo. Nina por inteiro e Bia somente a metade. Pois a outra metade tratava de mirabolar de novo um plano de vingança.
CS!

Um Presente da Iha para Você!

(Hoje, enviando um e-mail muito especial!)

Dei um pulo, rapidinho, em "nossa ilha", pra lhe trazer esse presente, alegrando sua tarde!!!

Pra vc saber como foi:
"Alexander estava tirando um cochilo, Nina e Bia ainda estão conversando no meio da rua..."
Eu fui parar num belo lugar, onde Lia as colhia para o seu "homem de poucas palavras",
mas, antes, de trazê-la, achei pincel e tinta da Bia...
Ah! O único com quem trombei por lá foi o Borboleta que, se achegando, olhou para meus olhos: mandou-lhe um "miau" bem carinhoso!

Essa rosa, minha querida amiga "Cláudia Simões", tem a cor do céu da Ilha...
(Um pedaço dela pra você!)
BA!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um Abraço de Urso?

Bem no meio da rua, juntas e misturadas, Bia e Nina se abraçaram depois de quase dois anos longe uma da outra. Tropeçaram-se sem querer, talvez apenas com a conveniência de Bia, que já arquitetava, há tempos, dar um jeito de se encostar em Nina, assim como se fosse um encontro bem natural. E na verdade o foi! Tomadas por um susto repentino, estavam cara a cara e não lhes era possível qualquer atitude naquele instante. Algo lhes provocou o abraço, que, em seguida, tão rápido como um raio, as atraiu, uma nos braços da outra!
Durante uns dois minutos, aquele abraço parecia não ter fim. Mascarado como um “abraço de urso”, daqueles bem apertados, cheios de energia, como uma troca de boas coisas, que trazem segurança, e que chega mesmo a tirar o próprio ar de quem é envolvido por um abraço assim, chegando a quase sufocar, as moças não se davam conta de sua extensão. Nina bem que poderia estar sentindo essas emoções, mas Beatriz sabia muito bem burlar seus sentimentos! Conseguiu até mesmo verter lágrimas... que mancharam seus olhos pintados e a sua boca escarlate!
BA!

Cada Um Cuidando de Seu Tesouro


Assim como dizia o autor de “O Pequeno Príncipe”, Antoine de Saint-Exupéry, nesse seu belo livro: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, também os personagens desta Estória com H sentiam uma grande responsabilidade em cuidar desses seus tesouros guardados.
A saudosa Lia sabia o quanto seu amado Alexander tinha verdadeira adoração por aqueles seus escritos que ele guardava num pote, o mesmo onde Nina guardava, também, seus belos escritos, apaixonados, para Pedro. Mesmo estando enterrada num buraco na areia, a pena preta do belo pássaro era ali encontrada como um tesouro escondido e bem cuidado por Alexander. Bia cuidava e guardava, a sete chaves, o bilhete que não era endereçado a ela, aquele que Pedro havia escrito para Nina quando de sua despedida. Dr. Roberto também possuía a garrafa, que continha a carta mais bela já escrita, a Carta de Amor que Nina havia escrito para Pedro. E Pedro, por sua vez, era um grande guardador do Colar de Borboletas, que ele havia comprado para presentear à sua amada Nina, e nem sabia se um dia poderia entregá-lo a ela, a quem de fato pertencia. E Nina, a doce Nina, guardando e cativando todas as suas lembranças, assim, como seu maior tesouro naquela sua vida tão sofrida, mas ao mesmo tempo tão encantadora, não imaginava que também nutria simpatia, carinho e cuidados por aquela ostra esquisita dentro de sua concha, que estava dentro de uma pequena caixa de madeira, lembrança deixada por Roberto para ela, dois anos atrás...
Agora, Nina com seus 17 anos de idade, num tipo de beleza que atraía a todos pelo seu encantamento, não era capaz de imaginar que seus tesouros guardados eram, todos, a sua maior riqueza! Suas lembranças, seu gato colorido, o Borboleta, seus presentes ganhos, até mesmo o quadro que Bia havia lhe presenteado, eram seus cativos, porque, sem o saber, ela se tornou responsável por todos eles! E a vida continuava... Cada um cuidando de seu tesouro!!!
BA!

domingo, 24 de julho de 2011

Cada Um Tem o Seu Tesouro

Quem de nós nunca teve ou ainda tem um tesouro guardado? Certamente, todos! E isso não era diferente com os nobres personagens desta Estória com H. Enquanto Alexander tinha os escritos de Lia, assim como a pena do pássaro enterrada em um buraco na areia, Bia tinha o bilhete que Pedro deixara cair e que era de Nina, Dr. Roberto tinha a garrafa que pertenceria a Pedro com a Carta de Amor mais bela já escrita, Pedro tinha a caixinha preta com o colar de Borboletas, que um dia teria sido de Nina, e Nina, ah!... a doce Nina, tinha suas lembranças como o maior tesouro que poderia guardar.
CS!

O Tropeço que Virou Abraço

O lugarejo estava em alvoroço com a chegada de mais um final de ano. Aquela era a época que mais os nativos ganhavam um dinheiro suado com a visita de turistas, que chegavam atraídos pela beleza da ilha. Enquanto uns trabalhavam mais, Bia se divertia mais! As duas meninas agora eram duas moças com tipos bem diferentes. As duas eram bem atraentes. Nina atraía os rapazes pela beleza quase inocente no corpo de menina. Um tipo de beleza que atraía pelo encantamento. Já Bia tinha se transformando em uma mulher bem mais vistosa. O corpo, sempre bronzeado de sol, se escondia, apertado, atrás das roupas curtas e coloridas. Um tipo de beleza que atraía pelo desejo. E foi assim que as duas se encontraram de novo! Quantas vezes já haviam passado uma pela outra e virado o rosto para o lado oposto? Naquele dia, quem viu não sabe contar o porquê, mas elas simplesmente trombaram, vindo uma na direção contrária a da outra. E deste tropeço nasceu um forte, longo e caloroso abraço. As duas ficaram juntas e misturadas por alguns minutos bem no meio da rua!
CS! 

Calendário

O tempo passa e é implacável com todos!! Aquelas meninas tinham sentido na pele, mesmo sem o tempo passar, vários sentimentos de uma só vez. O calendário foi sendo riscado na cabeça de cada uma. E com isso, há cerca de dois anos que Pedro havia partido e logo em seguida o Dr. Roberto também, Nina, Bia e Alexander seguiam suas vidas. Nina, terminando a escola, mesmo com um desejo sincero de ser escritora, começou a trabalhar dando aulas a crianças nativas do lugarejo. Vivia uma vida simples ao lado do mundo paralelo que Alexander se escondia. Do outro lado, Bia vivia uma vida vazia, mas cheia de emoções. Ganhava um pouco de dinheiro vendendo, aos turistas, os belos quadros que pintava, e com esse dinheiro se entregava a prazeres que Nina nem sequer conhecia. Alexander vivia um tempo de espera, espera pelo dia que aquele pássaro negro apareceria trazendo Lia em seus braços, e que partiriam para, juntos, ficarem para sempre! Até aquela véspera de ano novo, Nina e Bia continuavam separadas. Mesmo planejando, Bia ainda não tinha encontrado coragem para colocar, em prática, a segunda parte de seu plano que era se reaproximar de Nina. Mas o destino se encarregaria de fazer isso por ela.
CS!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Concha, a Ostra e a Pérola

Naquela noite, após a visita inesperada do doutor Roberto, assim que ele lhe deu as costas, rumo à praia para encontrar Alexander, Nina sorriu ao abrir a caixinha preta que ele lhe havia deixado. Deparando-se com uma ostra ainda dentro de sua concha meio aberta, ficou a admirá-la, lembrando-se das palavras que ele lhe disse: “Guarde isso com você. É uma lembrança de alguém que te quer muito bem.” “Cuide disso, um dia eu voltarei para buscar o tesouro que existe ai dentro.”
Sem ao menos entender a mensagem que havia nelas, estranhou o presente, mas sentiu-se um pouco envaidecida por recebê-lo.
É sabido que as pérolas são causadas pela dor e sofrimento de uma concha, que, para se nutrir e sobreviver, ela se expõe às ameaças externas, sendo invadida, por exemplo, por um grão de areia. Ele, por sua vez, lhe causa danos, ferindo o seu interior. E a ostra, para aliviar esse incômodo, esse seu sofrimento, libera uma substância, de nome madrepérola, que irá revestir o grão de areia. Dessa maneira, a ostra cuida de sua proteção, minimizando seu sofrimento. Por isso, dizem, toda pérola é resultado de uma dor, que chegou, dessa maneira, por causa do amor à vida! E é assim, retirada de uma concha que passou por sua dor, que a pérola surge tão límpida, pura, bela e preciosa! Há uma brisa de magia que a cerca...
Nina não sabia dessa estória... Não desse jeito, apenas sabia que toda pérola nasce de dentro de uma concha de ostra. Mas, naquele instante, enquanto admirava o presente, ela não poderia supor que Roberto bem sabia, com detalhes, sobre tudo isso... Ele, sabendo um pouco sobre a vida que a menina moça passou e ainda passava, sentindo em seu coração, além de amor, toda uma comoção por esta criatura, resolveu lhe deixar aquela sua lembrança, pois ela bem retratava Nina! Essa estória reproduzia, com exatidão, vividamente, a imagem dela, que ele guardava em seus pensamentos. Nina era a pérola, o tesouro que buscaria mais tarde, para si, quando retornasse à ilha um dia!
E Nina, sem o saber, guardou a caixinha preta, contendo aquela ostra esquisita, em cima de sua cômoda. Haveria de espiá-la de vez em quando...
BA!


quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Pena que Valeu a Pena!

E Alexander foi logo soltando palavras, não tão poucas: “Lembra-se, doutor Roberto, quando lhe contei uma estória bem especial, dentre todas que lhe relatei sobre o meu amor por Lia? Da vez em que estava à beira do penhasco, numa noite chuvosa, e quase me joguei de lá, por vontade própria, mas fui salvo pela presença do belo pássaro, que me trouxe a imagem de Lia em suas asas arqueadas?” O jovem médico assentiu com a cabeça, tendo a nítida lembrança do fato e do quanto se arrepiou em ouvir aquela sua descrição. Alexander continuou, enquanto Roberto se assentava bem ao seu lado, interessado naquilo que poderia ser uma grande revelação, dada a circunstância. Logo mais, ele poderia se despedir do amigo...
“Naquela noite, voltei para casa, nem sei como, encharcado, molhado pela água da chuva abundante e por minhas lágrimas compulsivas. Deitei e dormi. Na manhã seguinte, desnorteado, acordei com os gritos de minha filha, chamando por aquele seu gato que havia desaparecido de casa. Sai da cama e deixei nela as marcas de meu corpo molhado...” Roberto lhe respondeu que se lembrava disso. Mas Alexander lhe interrompeu: “Só não lhe contei que havia em minhas mãos uma pena de cor bem escura... A pena do belo pássaro!” Roberto, num sobressalto, sentindo uma emoção tamanha, quase caiu para trás, quando Alexander retirou de dentro do bolso de sua calça a pena do belo pássaro, assim como um mágico retira coelhos de sua cartola! “Caramba...”, foi o que pode balbuciar naquele instante! E Alexander, meio triste, meio alegre, apenas concluiu: “Esta pena é a prova de que o pássaro existe, e ela me foi deixada, e guardada, por todo esse tempo, como um troféu! Agora, preciso enterrar, aqui, esse meu segredo, pois ele há de estar dentro dessa fina areia... A pena, algum dia, o belo pássaro irá encontrá-la bem aqui! E quando ele a encontrar é sinal de que Lia virá logo, logo me buscar!” Dito isso, Alexander colocou a pena no buraco que cavara, e derramou por cima o montinho da areia que havia nele antes. Seu segredo, agora, estava enterrado até que sua premonição se concretizasse, vinda a galope nas asas do belo pássaro, para libertá-lo de vez! Roberto, após assistir a tudo, mais que convencido da veracidade daquele fato inusitado, ajudou o amigo a se levantar, e caminharam mais um tempo na orla da praia, enquanto se despediam!
BA!



O Segredo de Alexander

O rastro de luz que a cauda  do cometa deixou no céu iluminou a noite escura, ainda mais sem a companhia das estrelas, tendo até mesmo a Lua escondida entre as nuvens. O clarão serviu para Roberto enxergar, ao longe, Alexander. Ele estava agachado com as mãos enterradas na areia fina da praia, como se quisesse, ali, cavar um buraco. Roberto caminhou em sua direção. Enquanto isso, foi repassando como um flash tudo o que havia vivido naquele lugar. O que não passaria de mais umas férias de cartão-postal, levando na bagagem algumas paixões efêmeras, passou a ser sentido como um período de reflexão, quase um retiro espiritual. A atração pela jovem Nina, o ouvido acolhedor que deu de presente a seu amigo Alexander, os ensinamentos de o que é o amor, a garrafa com a carta de Nina... tudo isso se misturava em seus pensamentos, dando ainda mais força a um sentimento de pertencer àquele lugar. Antes de tocar os ombros de Alexander, sem que ele o visse, Roberto murmurou baixinho seu pedido por ter visto o cometa: "Quero viver neste lugar. Quero viver um amor tão grande quanto o amor de Alexander por sua Lia."  Mas sua vida profissional o esperava, seus amigos, família, sua vida na sociedade da cidade grande. “Que agonia", pensou! Por que me sinto assim? O que está acontecendo comigo?” Alexander sentiu as mãos de Roberto em seus ombros, virou o rosto e sorriu para ele dizendo: " Meu jovem amigo, sabia que viria hoje. Estava à sua espera. Sente-se aqui. Quero lhe mostrar algo."
CS! 

Um Cometa no Céu da Ilha

Nina, a sua encantadora menina, havia lhe sugerido encontrar Alexander na praia. Roberto, deixando a caixinha de madeira em cima da mesa, após dizer aquelas suas doces palavras para Nina, desceu em direção à praia. Ainda hoje, gostaria de se despedir do amigo, já que estaria, na manhã seguinte, deixando a ilha, como o fez, também, Pedro.
Enquanto caminhava, até dar em seu paradeiro, ele foi pensando no quanto havia sido corajoso em ter se aproximado de Nina daquela maneira. Precisava vê-la mais uma vez, para guardar seu rosto e seu jeito adorável em sua lembrança e em seu coração, que quase lhe saltou pela boca ao ver Nina lhe abrindo a porta de sua casa, minutos antes. Ele se segurou mesmo, pois sua vontade era a de tê-la em seus braços fortes, para, num instante arrebatador, declarar a ela toda a sua paixão, revelada também por um beijo ardente, e ainda levá-la consigo. Mas, ao mesmo tempo, imaginava que aquele seu desejo não passava de uma grande fantasia que ele havia criado em sua cabeça. Não teria mesmo nenhuma chance... Assim julgou!
Já na ponta da praia, Roberto seguia em passos lentos à procura de Alexander. Foi quando deu de cara para o céu, estranhando não ver nenhuma estrela a brilhar. Mas ficou atônito, por um instante de tempo,
ao ver, maravilhado, um cometa que passava, magnífico, no céu da ilha, deixando o rastro de sua exuberante cauda!
Imediatamente, ele fez um pedido!
BA!

terça-feira, 19 de julho de 2011

A Ostra

Na noite anterior à sua partida, o jovem médico bateu mais uma vez à porta da casa de Alexander. Queria se despedir do amigo que fez e ver, pela última vez, a encantadora jovem que mais parecia um raio de sol quando a viu pela primeira vez. Dr. Roberto estava triste, todas as tentativas que fizera em se aproximar de Nina tinham fracassado por algum motivo. Iria embora daquela ilha, levando consigo a garrafa com a Carta de Amor de Nina para Pedro e as estórias contadas por Alexander. Nina foi quem respondeu à batida na porta. Ela estava linda! Com um vestido branco desbotado, os cabelos cacheados e os pés descalços, pela primeira vez fitou os olhos do doutor. "Olá", disse, logo se adiantando: "Veio ver meu pai? Ele não está. Agora é hora da sua caminhada. Você pode encontrá-lo na praia se quiser." Enquanto falava, o movimento das mãos e da boca de Nina enfeitiçou Roberto. Ele desejou que o mundo acabasse ali naquele momento. Conquistador como era, jamais poderia se imaginar em uma situação daquela. Por alguns segundos, imaginou puxar Nina em seus braços, declarar sua paixão por ela e levá-la consigo. Ao invés disso, ficou paralisado. Abaixando a cabeça, enfiou a mão no bolso da jaqueta e tirou dali uma pequena caixa de madeira. Entregou-a a Nina dizendo: "Guarde isso com você. É uma lembrança de alguém que te quer muito bem." Nina, com o rosto corado, tentou se esquivar do presente, dizendo que não o conhecia e não poderia aceitar aquilo. Roberto, corajoso, disse com voz firme. "Cuide disso, um dia eu voltarei para buscar o tesouro que existe ai dentro." Deixou a caixinha de madeira em cima da mesa e deu de ombros em direção à praia. Nina então resolveu abrir a caixa e, surpresa, não entendeu a mensagem, quando de dentro da caixa apareceu uma ostra. Nina sorriu!
CS!

Na Tentativa de Esquecer Nina

Pedro, o pobre rapaz que havia se apaixonado por Nina, e por quem, agora, sentia uma profunda desilusão, posto que a carta, escrita por Bia, dava fim a esse seu grande amor por ela, resolveu não mais pensar em tudo o que havia vivido de verdadeiro ao seu lado, enquanto esteve algum tempo na ilha.
Desde quando guardou aquela infeliz carta, ele não mais olhou para trás e só queria dissolver a imagem bacana de Nina em sua vida!
Os pequenos prazeres em suas pequenas conquistas, enquanto se abstinha do amor que sentia por Nina, eram como uma fantasia que o ajudava na tentativa de esquecê-la, resoluto, decididamente!
Pensava, às vezes, quando o amor lhe vinha mais forte: “Será que ela deseja mesmo que eu coloque alguém em seu lugar aqui dentro de meu coração? Quantas vezes ela me perguntou se existia uma outra pessoa, a quem eu pudesse amar, assim feito eu a amava? Será que Nina não gostava de eu amá-la tanto assim? Nina não era feliz com o meu amor por ela? Aonde foi que eu errei? Quem pode não gostar de ser tão amada? Nina, meu grande amor... só amo você! Vê se me entende...”
Mas, ao mesmo tempo, Pedro se dispunha a esquecer aquele amor por aquela menina mulher, e se sentia um grande herói nos braços de uma outra qualquer!
BA!

Alexander em Meio à Explosão!

Enquanto tudo “explodia”, Alexander seguia seu caminho sem se dar conta do que acontecia bem embaixo do seu nariz! Sabia que deveria cuidar mais de sua filha, Nina, atendendo ao pedido de sua amada Lia, que havia lhe soprado, algo assim, ao seu ouvido: “Cuide bem de nossa filha, pois dias terríveis estão por vir.” Mas, ele, vivendo dentro daquele seu mundo tão solitário, não foi capaz de entender bem o que o espírito de Lia lhe apontava. Pensava que a vida corria e que Nina estava vivendo-a muito bem. Ela não se queixava de nada para ele. Poderia estar, às vezes, um pouco arredia, como sempre, mas nada lhe indicava nela algo que pudesse causar a ele um cuidado maior.
Durante aquele mês, Alexander só pensava no quanto poderia estar feliz ao lado de sua Lia se acaso aquele jovem médico não lhe pudesse ter salvo a vida. “Que infelicidade...”, pensava! “Ainda não fora dessa vez. Mas, em breve, estarei nos braços de Lia...”
Mesmo assim, pensando sobre o quanto a sua morte poderia lhe salvar daquele seu mundo inútil, Alexander bem que havia se transformado um pouco por dentro. Gostava de se lembrar daquela sua conversa com o Dr. Roberto, quando, caminhando ao seu lado na praia, lhe contou, por três horas seguidas, tudo o que sabia sobre o amor, sobre o seu grande amor por Lia. Acabou descobrindo uma boa amizade com aquele jovem rapaz!
Alexander, em meio à explosão dos fatos ocorridos, continuava sendo apenas um solitário homem de poucas palavras, que aprendeu, bem devagar, a amar Nina, considerada por ele o fruto do amor que “ainda” mantinha com Lia, sua doce e eterna amada!
BA!





segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Sonho de Nina

Naquela noite quente de verão, Nina tentava se entregar ao sono, sem sucesso! A lua brilhava com intensidade do lado de fora, invadindo e iluminando seu quarto por entre as frestas da madeira. Foi quando Nina observou que a borboleta azul estava ainda pousada no quadro que Bia havia pintado e dado a ela de presente. "Que estranho", pensou Nina. Levantou-se e levou com delicadeza a mão direita em direção à borboleta. Viu quando num voo razinho a borboleta azul, da cor do céu, deu três voltas no ar e pousou novamente no quadro. Nina sorriu e voltou para cama. Fechou os olhos e começou a sonhar. Em seu sonho, ela se via dentro da garrafa onde colocou a carta de amor para Pedro. Nina estava presa lá dentro, perdida no mar revolto. Seu corpo balançava pra lá e pra cá ao sabor das ondas e dos fortes ventos. Nina sentiu medo! De repente, viu aproximar da garrafa duas mãos estendidas como se fossem tocá-la. Do lado de dentro da garrafa, Nina pensava ter chegado ao seu destino. Pensou que pudesem ser as mãos de Pedro, mas, antes mesmo que fosse descoberta, do lado de fora, Nina não reconheceu aquelas mãos e, como se pudesse se salvar, gritou do lado de fora da garrafa para ela própria que estava do lado de dentro: "Nina, acorde Nina, acorde!" Nina acordou com o coração acelerado e o corpo molhado de suor!
CS!

Papéis Trocados

Assim como Bia, Roberto, desta vez, sem querer, interceptava uma correspondência que não o pertencia. O destino, senhor dos tempos, trocava mais uma vez os papéis de lugar. Curioso, Roberto retirou o papel da garrafa com todo cuidado para que não se molhasse. Ficou encantando com as palavras que lia. Tais palavras soavam tão verdadeiras em sua mente que, por alguns instantes, chegou a sentir o sentimento de quem a escrevera. Foi só quando chegou perto da última linha e que se deparou com a assinatura de Nina que Roberto percebeu o que acontecia. Então era por isso, este era o motivo de tamanha falta de atenção com ele. Nina sequer cogitou ser sua amiga. Agora sim. A explicação estava ali logo à sua frente. Nina era apaixonada por um tal de Pedro. No minuto seguinte, Roberto se sentiu mal por ter tomado para si aquela garrafa, e, com força, lançou-a por sobre as ondas novamente, desejando que elas a levassem para longe dele. A garrafa atravessou aquela cobertura de espuma e pareceu nadar para dentro do oceano. Roberto já tinha dado as costas para o mar quando, de repente, se voltou com pressa e jogou seu corpo, atravessando as ondas como um soldado que atravessa o campo de batalha. Suas mãos buscavam no mar o que acabara de  achar e de perder. Queria ele poder tocar novamente aquela garrafa. Queria ele que aquela carta tão verdadeira de amor para ele fosse destinada. Quando estava prestes a desistir, sentiu novamente o contorno daquele vidro preenchido pela Carta de Amor de Nina para Pedro. Roberto não vacilou e depressa puxou a garrafa para si.
CS! 

Preparando a Arapuca para Nina

 
Bia, a “mulher de cores”, traçava, agora, a segunda parte de seu plano de vingança contra os ex-amigos, Pedro e Nina. Em sua cabeça mirabolante, arquitetava a arapuca, uma armadilha infalível para que nela Nina fosse apanhada, sem dó nem piedade!
Dias atrás, a malvada Beatriz, que era tão dócil, soube, por uma conhecida, que Nina havia ficado horrorizada com o que ouviu falar sobre ela. Aliás, todos, na ilha, já comentavam sobre a fama de Bia depois que ela passou a ser alguém infeliz, sem noção, e por esta razão havia chutado o pau da barraca de vez, não se incomodando com os mexericos a seu respeito. Ela dizia para si mesma: “Que se dane! Não estou nem aí... Eu quero é abalar o povo dessa ilha. Quero que todos se explodam! Vou viver a vida que escolhi e ponto final!”
Diante daquele seu espelho, Bia pintou os lábios carnudos com seu batom carmim. E desenhou, no espelho, duas mocinhas de mãos dadas ao lado de uma árvore frondosa!!! Ali, do espelho para o plano real era um pulo só! Antes que fosse para “os braços de Morfeu”, Bia já estava com o plano traçado em sua cabecinha maluca! No dia seguinte, iria dar um jeito de tropeçar, sem querer, em Nina...
BA!





O Paradeiro da Garrafa Lançada ao Mar!

Três Luas depois que Nina havia jogado a garrafa ao mar, aquela que continha sua Carta de Amor endereçada a Pedro, resultado de seu desatino, o jovem médico, Roberto, passeava na areia da praia com os pés descalços, deixando para trás as pegadas de um pensador!
Há um mês, ele fazia essa mesma caminhada, acompanhado de Alexander, que lhe contou as estórias de seu grande amor por Lia. Durante três horas, todas as palavras que saíram da boca daquele homem de poucas palavras, preencheram o coração de Roberto, que passou a admirar este homem que ele havia lhe salvo a vida e de quem se tornou um amigo.
Com o olhar no horizonte ao longe, enquanto caminhava, Roberto também pensava na filha do homem, a bela jovem Nina, por quem ele havia se apaixonado, sem o saber, desde que a viu pela primeira vez. Rapaz de princípios, com seus 25 anos, pensou que a garota de 15 seria muito nova ainda e por isso imaginou também que ela jamais poderia se interessar por alguém mais velho.
Ao se aproximar do vaivém das ondas, à beira da praia, Roberto viu algo iluminado pela luz prateada da Lua. Deu mais cinco passos e sentiu quando o objeto lhe roçou os pés. Agachou para melhor visualizar. E qual não foi a sua surpresa ao se deparar com uma pequena garrafa arrolhada. Ao examiná-la, com suas mãos vacilantes, viu em seu conteúdo um papel enrolado...
BA!

domingo, 17 de julho de 2011

Mulher de Cores

Assim como uma "mulher de fases", Bia passou a se comportar como uma mulher de cores. Adorava misturá-las. Deixou de pintar e passou a se colorir. Do sutiã azul, do short amarelo ao top azul, passando pelo batom escarlate! Ah!... o batom escarlate! Ninguém jamais possuiu lábios que se parecessem com os lábios de Bia, quando ela passava aquele batom! Enquanto isso, do outro lado do oceano, Pedro começava a se entregar a pequenos prazeres que a vida o presenteava. Passou a se entregar a pequenas conquistas, aquelas que serviam para preencher seu tempo enquanto tentava se esquecer de Nina.
CS!

O Amor que Serve

"Para que serve o amor, senão para servir ao outro"? Assim se dava o início de uma das cartas que Nina havia dedicado um dia a Pedro: "Amor que serve ao outro é amor que doa, que divide, que reparte e que multiplica. Assim é o amor que sinto por você, Pedro!"
CS!

A Garrafa e a Carta de Amor

Nina estava muito solitária. Durante esses dias, passou a fazer longas caminhadas na praia. Vez ou outra, esticava seu corpo na areia branca e ficava a contar estrelas, assim como faziam ela, Pedro e também Bia. Fechava os olhos e chegava a sentir a sensação como se tudo estivesse acontecendo. Podia ver Bia pintando seus belos quadros! Podia ver Pedro tocando seu violão. E então ela se levantava e dançava. Dançava e dançava, até que seu corpo se curvava de joelhos para a saudade que sentia de Pedro. Foi numa dessas noites que Nina teve uma ideia. Se não sabia o paradeiro de seu grande amor, ela poria então um dos escritos, dedicados a ele, dentro de uma garrafa. Ela escolheu a Carta de Amor. Ao lançar a garrafa, passando por cima da fina camada de espuma do mar que mais parecia nuvens no céu, Nina jogava ao mar, sem destino certo, não só a carta mas também toda sua esperança, todo seu desejo em estar com Pedro, ao menos mais uma vez!
CS!

Passa Tempo que Passa

Aquele mês que se seguiu após a partida de Pedro foi um tempo de procura. Nina ainda pelejava em descobrir o endereço de Pedro e sofria por não ter recebido sequer um bilhete do seu grande amor. Pedro, por sua vez, tentava esquecer Nina, desde que recebera aquela carta com palavras tão duras, palavras essas que ele jamais imaginou que um dia pudessem partir de Nina. Enquanto isso, Bia começava a colocar em prática a segunda parte de seu plano. Ela se reaproximaria de Nina e fingiria ser novamente sua amiga. Pobre Nina que sequer duvidou que Bia estaria sendo sincera.
CS!

sábado, 16 de julho de 2011

Um Amor Tão Grande Assim!


Nina, nessa mesma noite, também se sentia assim tão triste quanto Pedro! Por quase todo o dia, após ter tido a visita daquela Borboleta Azul, em seu quarto, e a chegada do Dr. Roberto, que viera visitar seu pai, ela estava às voltas, no lugarejo da ilha, em busca do endereço de Pedro. Perguntou aqui, ali e acolá, às pessoas que tiveram contato com ele e seus pais, mas ninguém, absolutamente, sabia. Ninguém foi capaz de entregar à Nina o que ela tanto desejava. Se pudesse ter o endereço dele, escreveria logo uma carta, para lhe contar do mal que Alexander havia passado e o porquê de não ter ido ao seu encontro quando de sua despedida.
Revoltada, sofrendo mais que qualquer pessoa poderia sofrer, naquele momento de desilusão, posto que o tamanho da decepção encostava no tamanho de seu desejo, Nina voltou para casa, já bem tarde. Foi quando decidiu reler as cartas que havia escrito para Pedro, sem ter tido a chance, sequer, de tê-las entregue a ele. Mas, elas faziam parte de seus escritos guardados no pote que também guardava os escritos de sua mãe, Lia!
Agora, Nina lia aquela Carta de Amor, onde escreveu: “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você...” E pensava que Pedro poderia estar também, àquela hora exata, em seu coração, sentindo essas mesmas palavras, fazendo delas as suas!
Exausta, ela dormiu abraçada à carta!
BA!



 




A Boca Escarlate

Enquanto Pedro, naquela noite tão triste para ele, olhava a Lua cheia, da janela de seu quarto, após ter lido a carta de Nina, escrita por Bia, carta esta que guardou junto à caixinha preta do colar de Borboletas, lembrando-se das noites de amor que passara com Nina, Bia se encontrava em êxtase total. Nesse seu arrebatamento íntimo, pensava na reação de Pedro lendo a tal carta!
De frente para o espelho de sua escrivaninha, ela fazia caras e bocas, achando bem feito o que tinha feito. Sem se dar conta do tamanho do estrago, havia provocado um verdadeiro “tsuname” na vida de Pedro e de Nina, o que ela veria mais tarde.
Dona, agora, de um poder, coragem e ambição, tornando-se uma mulher com atitude, buscou na gaveta aquele seu batom vermelho, cor escarlate, carmim, encarnado. Passando-o levemente em seus lábios, sentia-se a poderosa, e assim que terminou sua pintura, chegou a deixar no espelho o beijo de sua vingança, o beijo vermelho!
BA!



Como É Grande o Meu Amor Por Você!

Nina continuava a leitura da Carta de Amor que escrevera para Pedro como se, nas palavras que lia, cantasse uma canção de amor. Quanta harmonia, quanta beleza, quanta poesia havia nas palavras que Nina dedicava à Pedro naquela Carta de Amor. "Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você..."
CS!



quinta-feira, 14 de julho de 2011

Destino

Foi como se um raio tivesse partido ao meio o tronco de uma árvore. Foi assim que Pedro se sentiu, quando acabou de ler a carta tão esperada de Nina. Como podia ter se enganado tanto? Como podia ter sentido um amor tão verdadeiro por uma pessoa que pensava conhecer? Pobre Pedro! Pensou que jamais se apaixonaria novamente. E com o orgulho que tomava conta de tão pouca experiência dobrou o papel com raiva, e jurou esquecer Nina daquele dia em diante. Guardou a carta junto à caixinha preta do colar de Borboletas e ali sequer pensou em buscar a verdade, a explicação dos fatos. Se tivesse enviado uma carta, se ao menos tivesse dado uma chance de Nina se explicar, talvez seus destinos pudessem ter sido diferentes. Ainda sem saber, o plano de Bia parecia ter dado certo.
CS!

Bia que Amava Nina, que Ama Pedro, que Ama Nina, que Amava Bia, que Ama Pedro!

A furiosa Bia, que era um doce de criatura, agora estava em casa, recolhida em seu quarto, com o bilhete de Pedro, em suas mãos, endereçado à Nina. Totalmente amassado, depois de ser retirado de seu sutiã azul, o bilhete continha também o endereço de Pedro. Bia sentou-se, tranquilamente, em sua escrivaninha e começou a escrever uma carta para Pedro, como se fosse de Nina, maquinando em sua idéia colocar o ponto final no romance dos dois ex-amigos. Essa seria a sua vingança!
Ao pontuar o nome "Pedro" dentro de uma estrelinha, deu gostosas gargalhadas, dessas que nos lembram a risada ruidosa e maldosa de alguma “bruxa”, antes de tramar algo que possa causar um aniquilamento total, uma grande destruição.
Bia que amava Nina, que ama Pedro, que ama Nina, que amava Bia, que ama Pedro, não hesitou em colocar no papel a punição, o castigo a eles imposto por ela:
“Pedro, você foi um bom amigo, de quem sentirei saudades. Mas preciso lhe contar que o amor por você jamais existiu dentro de mim. Foi tudo um engano, pura fantasia de minha alma. Enganei-me a seu respeito e acho que não estou pronta ainda para o amor. Ele virá, um dia, a galope! Sei que ainda o meu verdadeiro príncipe encantado está por vir. E eu irei esperá-lo. Se você for esperto, não espere mais por mim. Viva a sua vida, procure por alguém que realmente possa amá-lo de verdade, porque eu, caro amigo, não o amei, não o amo e nem o amarei eternamente conforme eu lhe dizia. Era tudo mentira. Por favor, me esqueça, pois eu já lhe esqueci!”
Essa carta de Nina, escrita por Bia, seguirá pelo correio, amanhã, para Pedro!
BA!


quarta-feira, 13 de julho de 2011

A Estória Contada por Alexander

Alexander, de pronto, pôs-se de pé em frente ao jovem médico, como se no dia anterior não tivesse passado por maus bocados. Puxando a mão do Dr. Roberto, disse: "Venha comigo rapaz. Vamos fazer uma viagem." Roberto, sem entender o que aquilo significava, pôs-se, apoiando pelos braços os braços de Alexander, a caminho da praia. Os dois caminharam a passos lentos em silêncio, até que Alexander começou a falar: "Filho, o que você vai escutar é uma verdadeira estória de amor. Preste muita atenção e aprenda com os erros de um velho que, na vida, teve somente um grande amor. Registre essas palavras em seu coração, e quando chegar a hora saiba como amar, respeitar e cuidar do seu amor." Aquele homem de poucas palavras parecia que tinha o dom da fala. As palavras saiam de sua boca como poesia. E assim seguiram as 3 horas seguintes, tempo marcado no relógio em que aquelas palavras marcaram o coração do jovem médico pelo resto de sua vida.
CS!

A Borboleta Azul

No dia seguinte à partida de Pedro, Nina acordou bem cedo e ainda deitada sobre a cama tentava pôr os pensamentos em ordem. Quanta coisa tinha acontecido na vida daquela jovem! Desde que completara 15 anos, ela ganhara uma festa de aniversário, descobrira o que é o amor, se tornou mulher, perdeu a melhor amiga, conheceu o tesouro dos escritos de Lia, passou a se preocupar com a saúde de Alexander, Borboleta, seu velho gato colorido, aparecia e desaparecia de casa sem mais ser o companheiro de antes, e seu grande amor partira sem ao menos terem tempo de se despedirem, de jurarem amor eterno, de planejarem o futuro dos dois, de trocarem os endereços para se corresponderem. Nina sentia-se só. E juntando forças levantou-se da cama e levou os braços em direção à janela para deixar a luz do dia entrar. Foi quando, voando sobre seus cabelos embaraçados, uma bela borboleta azul invadiu seu quarto e foi buscar assento em cima do quadro pregado na parede. Nina chegou mais perto e por alguns minutos ficou ali a apreciar a beleza daquela borboleta. Chegou a tocar seus dedos nela, que ficou imóvel. Nina saiu do quarto a caminho do lugarejo em busca do endereço de Pedro.
CS!

De Volta para Casa

Pedro, inconformado pelo fato de que sua amada Nina não havia aparecido para se despedirem, seguia, agora, na embarcação que o levaria de volta para casa. Triste e sem ânimo, ao lado de seus pais, o rapaz que faria, dentro de alguns dias, 18 anos, estava absorto olhando a paisagem daquela ilha que ia ficando para trás. O mar estava calmo e era como se fosse um tapete liso de águas tranqüilas que levariam Pedro de volta ao seu mundo, a um mundo sem Nina!
Distanciando-se dos pais, ele foi para o convés e ficou ali por um bom tempo. Olhava o mar, abaixo, e nele era capaz de ver, nitidamente, o rosto de Nina desenhado nas pequenas ondas, num vaivém cadenciado, junto à proa da embarcação.
Buscou no bolso da jaqueta a caixinha preta e abriu-a. Ficou a olhar o colar de “Borboleta” que ele havia comprado para Nina. Só então se deu conta de que o bilhete que o acompanhava não estava junto. Procurou, ainda, nos bolsos da calça Lee, mas não o encontrou. Pensou: “Céus! Aonde foi parar o bilhete que escrevi para ela? Será que o perdi? Será que o deixei cair aos pés da “Árvore dos Desejos”, quando lá eu aguardava Nina? Será que o vento o levou?”
Ficou mais triste ainda. Mal sabia ele que o bilhete fora parar dentro do sutiã azul de Bia, que o encontrou, e ele seria a sua “vingança” maior contra os amigos, Pedro e Nina, que a abandonaram, sem eira nem beira, e fizeram dela a pessoa mais infeliz do mundo!!!
BA!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Procurando Nina

Alexander acordou assustado, ainda jogado no sofá, com um cutucão de Nina: "Papai acorde. Ele está aí!" Sem saber direito quem seria "ele", foi logo procurando pelos vestígios de Lia, que há poucas horas sentia esquentar seu corpo. Confuso, deslizou as mãos em seu rosto e surpreso falou: "Dr. Roberto! O que faz aqui? Quem o chamou?" O jovem médico foi logo tentando explicar que sua visita era para saber do estado de saúde de Alexander. Que, além de tê-lo socorrido, tinha se interessado muito pelas estórias dele. Foi logo puxando uma cadeira como se estivesse em casa, e de canto de olho buscou a sombra de Nina que desapareceu pela porta.
CS!

Entrando na Estória

Sem se dar conta, Bia, enfurecida e cheia de rancor, carregava entre os seios o endereço que Pedro deixara no bilhete para que recebesse a primeira carta de Nina. Enquanto corria com raiva, Bia quase se deixou levar pelas boas lembranças que tinha do trio que faziam. Quanta arte, quantas brincadeiras, quantas cantigas, quantas descobertas. Por quê? Por quê? Por quê? Por que agora se encontrava tão sozinha sem a amizade de Nina e sem o amor de Pedro que sequer desconfiava deste amor? E foi quando buscou o bilhete dentro do sutiã azul que Bia teve um lampejo. Iria escrever uma carta para Pedro fingindo ser Nina e nesta carta poria fim àquela estória que jamais deveria ter começado um dia.
CS!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O Bilhete de Pedro para Nina

Enquanto Nina lia sua Carta de Amor, junto a seu pai, sem saber que o espírito de sua mãe estava presente, Bia lia o bilhete, aquela carta simples e breve que Pedro escreveu para Nina: “Meu amor sublime, Nina! Esse colar com o pingente de “Borboleta”, que lhe deixo nessa minha partida, representa o elo que nos uni nessa nossa vida. Ele será um amuleto para lhe proteger, já que não poderei estar junto de você para salvá-la de todo e qualquer mal. Use-o sempre, pois nele está o meu amor eterno por você! Quando nos encontrarmos, e eu espero que seja breve, estarei vendo a moça mais linda que já vi, trazendo em seu pescoço a própria jóia que é você! Amo-te-amo muito! De seu eterno namorado, Pedro!”
Bia, enfurecida, amassou o papel, mas guardou-o dentro de seu sutiã azul. Deixou “o lugar mais bonito do mundo”, assim feito um foguete em disparada, soltando fogo pelas asas de seu nariz!
BA!
 

domingo, 10 de julho de 2011

A Carta de Amor de Nina para Pedro

Fazendo força para que sua voz rouca não a traísse naquele momento tão especial, Nina continuou a leitura da Carta que achara dentro do pote: "Você me preencheu do amor mais completo que já pude experimentar. Com você sou princesa, menina, mulher..." Alexander, com os olhos fechados, ia sentindo o encanto de cada palavra ditada. Em silêncio, ele chorava e foi aí que percebeu também a presença de Lia. Desta vez, o cheiro de alfazema estava ainda mais forte. Ele ficou imóvel quando sentiu Lia aconchegar-se em seus ombros, assim como fazia nas noites frias de inverno. Nina continuava sem saber que ali agora eram três. Juntos e envolvidos completamente no conteúdo daquela Carta de Amor!
CS!

sábado, 9 de julho de 2011

Sob a Árvore dos Desejos

Naquele dia de muitas declarações, Bia não conteve toda a coragem com que acordara. Sentindo-se triste e sozinha, pegou o caminho que daria na planície de tapete verde rodeado por flores vermelhas. Seu destino era a "Árvore dos Desejos." Um lugar sagrado que simbolizava a amizade com Nina e onde também a teria perdido quando flagrou os dois apaixonados. Jogando-se sob a sombra da frondosa Árvore, Bia sentiu um pedaço de papel entre os dedos. Curiosa, tratou de desdobrá-lo e, para sua mais completa surpresa, começou a ler o bilhete de Pedro que acompanhava o colar de Borboletas que ele iria presentear Nina na sua última noite juntos!
CS!

Uma Estória Dentro da Outra

Com a voz um pouco rouca, Nina iniciou a leitura da carta. Parecia que ao invés de ler ela cantava as palavras. "Para o meu grande amor! Só quem não sabe o que é o amor poderia não entender o que sentimos um pelo outro..." A frase bem escrita chamou a atenção de Alexander, não reconhecendo ali os rabiscos de Lia. As palavras bem postas começaram a desenhar uma nova Estória com H que ele imaginava ser a sua estória. Não sabia ainda que Nina, tendo como desejo mais profundo ser uma escritora, começara a escrever sobre seu amor com Pedro e, assim como Lia, começara a guardar essas estórias no mesmo pote. Alexander não se incomodou, fechou os olhos e se entregou ao sabor da voz rouca de Nina.
CS!

A Estória Recontada

Enquanto Bia se exibia como se as aparências enganassem, Nina ajudava a levar, em seus ombros, o pai debilitado. De volta para casa, ele segurou suas mãos, e devagar fez um pedido. Ordenou que ela pegasse o pote dos escritos de Lia e que para ele lesse devagar. Nina assim o fez e com atenção enfiou as mãos trêmulas no pote, retirando um único papel. Um papel que continha uma Carta de Amor!
CS!

O Colar de Borboleta

Sabendo que Nina adorava borboletas, que sempre borboleteavam em seu coração, e tinha dado ao seu gato o nome de “Borboleta”, Pedro havia comprado um colar para ela, cujo pingente era uma delicada borboleta! Seria esse o presente que ele daria a ela em sua despedida. O colar significaria o elo entre eles e haveria de ser como um amuleto para Nina. Com seu grande poder mágico, aquele objeto poderia afastar dela todos os males, além de guiá-la em sua caminhada e ainda seria uma eterna lembrança! Mas, o tempo não foi capaz de deixar o tempo da entrega! Pedro seguiu rumo à sua cidade com a caixinha preta em seu bolso da jaqueta. Dentro dela, a “borboleta” adejaria, dando seus voos curtos e repetidos sem direção certa até que encontrasse sua verdadeira dona!
BA!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Dia Que Amanheceu Com o Pé Esquerdo!

Assim que o astro Sol colocou a cara para fora, pleiteando ser o ator principal da ilha, outros personagens disputavam ser a estrela do dia! Qual nada! Aquele dia amanheceu com o pé esquerdo e tumultuou a vida de todos.
Pobre do rapaz, o Pedro, que, contando as estrelas na noite passada, acabou por não ter sua Nina em seus braços, conforme era o seu desejo antes que partisse, com os pais, da ilha. Ficou a ver navios, embarcando numa canoa furada! Sentindo tanto a não presença de Nina àquele encontro, sem saber o motivo real, imaginou que ela estava infeliz com sua partida e por essa razão deixou de ir. Ou será que ele imaginou que ela preferiria não se despedir dele? Mas seria aquela a última noite deles, e eles deveriam conversar a respeito do amor que eles sentiam um pelo outro. De que forma eles manteriam um contato? Quando marcariam para se encontrarem depois, e onde? Pedro ficou perdido, e acabou indo embora da ilha sem se despedir de sua amada, Nina, a filha de Lia!
Nina, no posto de saúde, às voltas com o devaneio do pai, coitada, nem viu quando o dia clareava e a luz do sol entrava por aquela janela estreita do quarto, onde Alexander ainda se parecia mais com um morto vivo do que uma pessoa viva! Aquele jovem médico, que havia se encantado por Nina, estava por perto a todo instante. Resolveu que ele deveria passar o dia no posto e adiantou a dizer a Nina: “Seu pai não está bem. É melhor que fique aqui, sob cuidados. Vá descansar em casa, e quando ele estiver melhor eu mando lhe chamar. Fique bem!” Só então, Nina se lembrou que Pedro já deveria ter partido. Ao deixar o posto de saúde, em direção à sua casa, ela foi chorando pelo caminho... tantas lágrimas que o Sol não foi capaz de secá-las!
E Bia mulher, aquela que resolveu “chutar o pau da barraca” de vez, circulava pelo lugarejo à procura de uma conquista qualquer, que faria dela a menina moça mais mal falada da ilha!!!
BA!

Bia Mulher

Pedro se fora sem se despedir também de Bia. Desde a noite do flagrante, eles não mais se encontraram. Aquele último mês para Bia foi um mês de reclusão. Seus pais chegaram a pensar que a menina moça estava doente. Porém, no mesmo dia da partida de Pedro, Bia abriu as janelas do seu quarto e voltou a circular pelo lugarejo. Mas, ela estava diferente. Poucos notaram, mas Bia se comportava de maneira estranha. Além de mudar seus hábitos, mudara também o jeito de andar e as roupas que vestia. Parecia mais moça do que os 17 anos de vida. Na cabeça de Bia, tudo isso era parte de um plano. Já que havia perdido a amizade de Nina e ainda o amor de Pedro, ela passaria a conquistar tudo o que visse pela frente, mas jurou a si mesma que jamais se apaixonaria de novo.
CS!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Encanto de Nina

Enquanto Nina velava o devaneio de Alexander, não percebeu a presença daquele jovem e também médico que ajudara a socorrer seu pai. Roberto estava de férias na ilha e foi ele quem colocou Alexander nos braços e o trouxe até o lugarejo. Era um belo moço! Recém formado, esbanjava aquela certeza que sabia de tudo e logo foi tomando a frente do atendimento de Alexander. Suas mãos examinavam Alexander, enquanto seus olhos ficavam vidrados em Nina, desde que ela rompeu a entrada da sala aos prantos. Sem saber explicar, sentiu um encantamento alucinante. Alguns anos depois, se lembraria deste dia como o dia em que viu um raio de sol no corpo de uma menina moça.
CS!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Alexander Entre o Sono e a Vigília

Durante toda a noite, tendo ao seu lado a filha, Alexander não dizia coisa com coisa! No posto de saúde, para o qual ele havia sido levado ainda desacordado, ninguém era capaz de entender suas palavras tortas e desalinhadas. O médico que o socorreu explicou para Nina que ele estava numa espécie de transe, algo como uma crise de angústia, mesmo depois de ter voltado do desmaio.
Nina, que havia chorado tanto em vê-lo naquele estado, também não entendia o que o pai dizia: “Ela veio falar comigo, Santo Deus! Devo cuidar dela... devo cuidar dela. Algo terrível poderá acontecer! Não, não me deixe! Leva-me contigo!”
E foi assim até o amanhecer. Ele, mesmo tendo tomado um calmante, entre sono e vigília, não deixou de repetir as mesmas palavras...
Na cabeça de Nina, elas fervilhavam! Pensava: “Será que ele ouviu minha mãe?”
Preocupada com a saúde do pai, ela não poderia ir ao encontro de Pedro, que ficou a ver estrelas no céu!
BA!

"Vídeo de Divulgação de Nosso Blog"

terça-feira, 5 de julho de 2011

A Última Noite de Pedro e Nina

Enquanto se preparava para, dali a pouco, encontrar-se com seu príncipe encantado, Nina foi chamada às pressas para que corresse até o lugarejo e fosse ter com Alexander. Ele fora achado desacordado e socorrido na praia por alguns turistas, e ainda estava desmaiado. Nina saiu desesperada, temendo pela vida de seu pai. Ao chegar ao posto de saúde improvisado, jogou-se ao chão, abraçando o pai deitado em uma cama. Nina segurou uma das mãos de Alexander e chorou. Do outro lado da ilha, Pedro a esperava, cheio de amor e ansioso pelo beijo da amada antes que partisse para a cidade grande. Pedro esperou até que o brilho da última estrela se apagasse no céu e o dia devagar fosse acordando... Mas, Nina não apareceu! CS!

O Luto de Bia


Enquanto Nina e Pedro aproveitavam cada segundo daqueles poucos dias que ainda restavam, desde o primeiro beijo, Bia se refugiou dentro da própria casa. Bia se entregou a uma profunda tristeza. A menina, de pouco mais de 16 anos, sairia daquele quarto se sentindo um pouco mais velha. Sairia dali com a certeza do que deveria fazer para se vingar dos dois amantes. E ela conseguiria isso!!!
CS!

A Volta de Borboleta!

Não pensem vocês, caros "Leitores", que Borboleta desaparecera da Estória com H sem avisar. Isso realmente aconteceu. Ele simplesmente sumiu da vida de Nina... Foi gastar um pouco das "sete vidas" que tinha. Mas, não se sabe bem como, ele voltou. De longe, sentiu o pranto que Nina ainda viveria e voltou para o lado dela. Assim como desaparecera, aparecera num lindo dia de muito sol!
CS!

Duas Moças, Dois Gumes!

Bem antes que a noite quente de verão chegasse, Nina foi deixada, por Bia, no meio do nada! Após proferir, aos gritos, as palavras duras que cortaram, feito uma faca de dois gumes, o coração da amiga, Bia deu-lhe as costas e seguiu seu caminho em direção a uma outra vida... Pensou que seria mil vezes melhor ficar sozinha, sem amigos, do que ser apunhalada outra vez! Nem olhou para trás, no único desejo de tirar a imagem de Nina de sua lembrança.
Somente o Sol por testemunha! Terminava ali uma doce amizade por conta de um encanto de amor! As moças jamais poderiam supor o que a vida lhes reservava dali para frente...
Nina, segurando a vontade de chorar, pisou firme na terra e rumou em direção à sua casa. E lá chegando, ao entrar em seu quarto, deu de cara com o quadro de Bia, que ela havia pendurado na parede com dois pregos. De ímpeto, quis atirá-lo pela janela, mas se conteve. Tomada pela raiva, pelo desgosto, pela decepção, por mais esta surpresa que a vida lhe golpeava, Nina sorriu e disse em voz alta: "Este quadro há de permanecer bem aqui, para que ele sempre possa me ensinar a vencer todas as batalhas. Bia é uma delas."
BA!
  

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Uma Missão para Alexander

Naquela noite quente de verão, Alexander arriscou uma caminhada na praia, enquanto o pouco sono que tinha ainda estava a caminho. Devagar, foi alcançando a areia. Seu coração batia sem pressa e seus pensamentos corriam léguas, sempre com Lia na cabeça. Ah! Quanta saudade sentia... Sentou-se num velho pedaço de madeira jogado na areia e, debruçado sobre seus joelhos, fechou os olhos. Sentiu, por trás de seus ombros, um vulto. Na esperança de ser o belo pássaro que traria Lia em suas asas, entregou-se. Mantendo os olhos fechados, com medo de que aquela sensação evaporasse no ar, ouviu de longe a voz delicada e inesquecível de Lia, soprando em seus ouvidos: "Alexander, meu amor. Cuide de nossa filha. Tempos difíceis estão por vir. Cuide de Nina." Alexander desmaiou.
CS!

A Vida Como Ela É

Desta vez, Nina resolveu ir atrás da amiga. Sem saber ao certo o tamanho do mal que havia lhe feito, segurou seu braço, forçando-a a uma parada no meio do nada. Levou suas mãos ao rosto de Bia, querendo acariciá-lo, enquanto secasse também suas lágrimas. Mas, Bia hesitou, segurando com força as mãos da amiga. Naqueles minutos que se seguiram, Nina, mais uma vez, sentiu o poder que as palavras têm em ferir, quando assim quer quem as diz. Da boca, que até aquele dia Nina só escutara palavras de amizade, sonhos, alegrias e planos, agora gritava palavras duras e que separariam as duas amigas. Mas, Nina não se deu por vencida. Ainda tentou explicar a Bia, que nada o que havia acontecido entre ela e Pedro fora planejado e que nada, nem ninguém, poderia separá-las. Doce engano de Nina! Afinal, a vida trataria de desenhar novos contornos em seu destino!
CS!

Lágrimas em Gotas

Na manhã seguinte, Nina acordou com a água gotejando em seu rosto! Levou as mãos aos olhos, esfregando-os. Pareceu-lhe que a chuva castigava o telhado da casa e havia uma fenda no teto de seu minúsculo quarto... por isso, a goteira! Qual nada! Levou um grande susto ao ver Bia, de pé, bem junto à sua cama.
Alexander, ao sair para o trabalho com a ordenha de seu parco rebanho, deu de cara com a moça na varanda. Ao perceber sua aflição, apenas lhe disse: "Entre lá e vá acordar a sua amiga, pois você está precisando dela..."
Bia estava com o rosto banhado em lágrimas e o coração em pedaços, e tinha os olhos descansados em Nina.
Após sentir um leve gosto de sal em seus lábios, Nina saltou da cama com os braços abertos em busca do abraço da amiga. Mas, Bia a empurrou de volta. Olhou-a, agora, com um certo ar de desprezo, dando meia volta com os pés, alcançando a porta de saída.
Deixou Nina, assim, esparramada na cama, sem saber ao certo se corria atrás de Bia ou se ficava com aquela infeliz sensação de tê-la perdido para sempre!!!
BA!

sábado, 2 de julho de 2011

Amizade em Pedaços

Bia corria, tentando alcançar o outro lado da ilha se pudesse. A cada passo, olhava para trás, esperando que algum de seus dois melhores amigos viesse atrás dela. Mas, isso não aconteceu. Nina e Pedro, por sua vez, embrulhados um ao outro, desataram a gargalhar. Jamais imaginariam a tristeza e decepção que Bia sentiu. Como dois amantes apaixonados, por ali ficaram, esparramados na grama verde, de mãos dadas e jurando amor eterno um pelo outro.
CS!