Prêmio Top Blog 2011

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quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Concha, a Ostra e a Pérola

Naquela noite, após a visita inesperada do doutor Roberto, assim que ele lhe deu as costas, rumo à praia para encontrar Alexander, Nina sorriu ao abrir a caixinha preta que ele lhe havia deixado. Deparando-se com uma ostra ainda dentro de sua concha meio aberta, ficou a admirá-la, lembrando-se das palavras que ele lhe disse: “Guarde isso com você. É uma lembrança de alguém que te quer muito bem.” “Cuide disso, um dia eu voltarei para buscar o tesouro que existe ai dentro.”
Sem ao menos entender a mensagem que havia nelas, estranhou o presente, mas sentiu-se um pouco envaidecida por recebê-lo.
É sabido que as pérolas são causadas pela dor e sofrimento de uma concha, que, para se nutrir e sobreviver, ela se expõe às ameaças externas, sendo invadida, por exemplo, por um grão de areia. Ele, por sua vez, lhe causa danos, ferindo o seu interior. E a ostra, para aliviar esse incômodo, esse seu sofrimento, libera uma substância, de nome madrepérola, que irá revestir o grão de areia. Dessa maneira, a ostra cuida de sua proteção, minimizando seu sofrimento. Por isso, dizem, toda pérola é resultado de uma dor, que chegou, dessa maneira, por causa do amor à vida! E é assim, retirada de uma concha que passou por sua dor, que a pérola surge tão límpida, pura, bela e preciosa! Há uma brisa de magia que a cerca...
Nina não sabia dessa estória... Não desse jeito, apenas sabia que toda pérola nasce de dentro de uma concha de ostra. Mas, naquele instante, enquanto admirava o presente, ela não poderia supor que Roberto bem sabia, com detalhes, sobre tudo isso... Ele, sabendo um pouco sobre a vida que a menina moça passou e ainda passava, sentindo em seu coração, além de amor, toda uma comoção por esta criatura, resolveu lhe deixar aquela sua lembrança, pois ela bem retratava Nina! Essa estória reproduzia, com exatidão, vividamente, a imagem dela, que ele guardava em seus pensamentos. Nina era a pérola, o tesouro que buscaria mais tarde, para si, quando retornasse à ilha um dia!
E Nina, sem o saber, guardou a caixinha preta, contendo aquela ostra esquisita, em cima de sua cômoda. Haveria de espiá-la de vez em quando...
BA!


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