Prêmio Top Blog 2011

http://www.topblog.com.br/2011/

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Dupla Decepção!

A noite chegava silenciosa, iluminando aqueles corpos deitados no tapete verde, que circundava a “Árvore dos Desejos”, sem que Pedro e Nina dessem conta de que a tarde deixava-os a seus bel-prazeres!
Assim, abraçados, como quase colados, seus corpos nus eram um só. Sob a luz prateada da Lua, Pedro e Nina se banhavam naquele amor tão fulgente e ao mesmo tempo inocente, mas repleto de encanto e brilho!
Bia, sentindo a falta dos amigos, sem saber onde encontrá-los, caminhava em direção àquele “lugar mais bonito do mundo”, que ela retratou e havia presenteado Nina no dia de seu aniversário. Desejava acariciar, com os dedos, a marca “N & B” gravada, por elas, no tronco da árvore, muito tempo antes.
Ao se aproximar, esquivou-se, por um instante, ao ouvir sussurros! Porém, tropeçou em algo. Ao levar as mãos, viu que se tratava de roupas, ali, espalhadas. Seguiu um pouco mais... Qual não foi a sua surpresa em ver Pedro e Nina, num só corpo, bem diante de seu nariz? Antes que saísse correndo dali, soltou um grito desesperado, que ressoou como um estrondo por toda a ilha, o que fez o casal se dar conta, agora, de que não estavam a sós. Ainda conseguiram ver Bia, num desatino, deixar a cena!
Nina estava certa. Bia se sentiu traída por Pedro, que ela também amava em segredo, e sentiu ciúmes de Nina, sua amada amiga! Uma dupla decepção para Bia... o malogro de uma esperança, o desapontamento!
BA!








O Perdão Entre Aspas

Desde àquele dia, quando Pedro apareceu, junto com o nascer do Sol, na janela da casa de Nina, levando-lhe uma flor vermelha, Alexander continuava em seu mundo solitário apesar de ter entendido que havia recebido, entre aspas, o perdão da filha, uma vez que ficou feliz em tê-la ainda em casa, mesmo sendo da maneira como sempre fora: um não sabendo, ao certo, da vida do outro! Trocavam apenas poucas palavras, como “bom-dia”, boa-tarde”, “boa-noite” e nenhuma outra mais...
Nina, depois de ter seus pensamentos em ordem, concluiu que seria melhor ficar em casa, não poderia mesmo abandonar seu pai, e foi vivendo o que a vida lhe oferecia: o amor de Pedro e a amizade de Bia!
Enquanto ela se entregava àquela paixão arrebatadora, assim às escondidas, nem percebeu que a amiga andava um pouco sumida. Quando se encontravam, bem que sentia vontade de lhe contar sobre o seu romance com Pedro, mas logo entendia que ainda não era a hora certa... Pensava: “Bia poderia se sentir traída, ou sentiria ciúmes?”
BA!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tempo Marcado

30 dias! Esse era o tempo que restava aos jovens amantes, que, depois de tanto tempo de amizade, descobriram seus desejos. Cientes disso, e sem que ninguém desconfiasse, nem mesmo Bia, eles viviam aquele amor como se a morte fosse chegar a qualquer instante. Se entregaram com tamanha intensidade que mal podiam suportar a distância um do outro. Eram noites e noites, abraçados, desbravando seus corpos e sentindo cada vez mais a paixão arrebatadora que sentiam um pelo outro. E foi numa noite dessas que foram flagrados, numa destas cenas de romance, por Bia.
CS!

Uma Flor Vermelha

Naquela noite, ao chegar em casa, Nina ainda procurou por Alexander, mas não o encontrou. Foi logo se aquietando, sentindo na boca o doce sabor do beijo de Pedro. Adormeceu e sonhou com Lia, mesmo sem ter visto uma foto sequer da mãe, materializou-a. Em seu sonho, elas corriam juntas nos campos floridos da planície. De mãos dadas, sentavam à sombra da "Árvore dos Desejos." Riam muito, e quando Lia aconchegou a filha em seus braços, abraçando-a e acariciando seus cabelos, prestes a dizer seu maior desejo, Nina acordou, assustada pelo barulho que vinha de fora de seu quarto. O Sol já estava levantando, devagar e radiante! Nina levou as mãos na janela, empurrando o velho pedaço de madeira para fora. Deu de cara com Pedro, do lado de fora, segurando em suas mãos uma rosa vermelha.
CS!  

Buscando as Estrelas

Pedro bem que pensou em alcançar Nina. Mas, desistiu, ao imaginar que ela precisava ficar a sós. Ele sentiu que aquele beijo havia provocado algo em Nina, como a ele, por isso, sua corrida arrebatada, assim tão encantada, dominada pela emoção.
De fato, aquele beijo de seu príncipe encantado foi como uma pedra jogada no lago parado de Nina! Agora, tudo seria movimento... Foi como uma nota musical a abrilhantar uma canção! Agora, tudo seria uma grande sinfonia... Foi como uma agonia que deixou de existir! Agora, tudo seria uma imensa alegria, coroada de flores, que enfeitariam a sua caminhada...
Ao ver Nina correndo, Pedro deu um salto do chão, desejando buscar as estrelas, tamanha a felicidade por tê-la beijado tão docilmente. Pensou: “Se eu pudesse tocar uma só estrela, eu a traria para a minha doce Nina.” Mas, no mesmo instante, a tristeza lhe chegou por pensar que iria embora da ilha com seus pais, logo, logo! E o amor por Nina?
Pedro deixou a praia, assim que a Lua se fez chegar majestosa. Foi caminhando para casa, conversando com seus botões...
BA!


terça-feira, 28 de junho de 2011

Uma Vida em Um Dia

Ainda tonta, Nina saiu em disparada, correndo de volta para casa e deixando para trás os braços de Pedro. Parecia flutuar, tentando botar em ordem seus pensamentos. Aquele dia ficaria marcado pelo resto de sua vida. Seus 15 anos lhe deram de presente os escritos de Lia, uma festa de aniversário surpresa, um belo quadro do lugar mais bonito do mundo e ainda um beijo de seu príncipe encantado. Mas também lhe trouxeram o gosto amargo da tristeza ao ouvir as palavras de Alexander. Nina estava confusa. Como seria o dia de amanhã? Como olhar para Alexander? Como deixar Pedro, agora o amor de sua vida, ir embora assim? Chegou a lembrar das palavras de seu pai, dizendo: "Um dia, você vai amar... Um dia, você verá o que é perder um grande amor!"
CS! 

Festins no Ar!

Feito festa, assim como festins no ar, o amor fez morada no coração de Nina, que pulsava acelerado, jubiloso, enquanto seu corpo se enfraquecia, esmorecendo, a ponto de um desmaio delicioso, que a deixou sem sentidos por um breve espaço de tempo, aquele, enquanto o beijo durou!
Seria esse o amor que Nina imaginou?
BA!

A Voz da Alma de Nina

A veemência de todos os sentimentos de Nina, ao longo de seus 15 anos de existência, mesmo sofrendo por tudo o que passou, não fez dela uma garota sem entusiasmo pela vida. Pelo contrário, arrebatadora e forte, ela seguia seu caminho na certeza de que seria, um dia, feliz!
Naquele momento em que sentiu as mãos do pai em seus ombros, pareceu-lhe que ele, sem o saber, estava tirando deles toda a sua dor, todo o peso que ela carregava neles desde pequenina. Ouvindo a voz sussurrada de Alexander, que lhe pedia perdão e que não o abandonasse também, Nina ouviu a voz de sua alma, através de seu coração inocente e cheio de amor! A voz da alma de Nina lhe soou como a voz de Lia, que ela jamais havia ouvido.
Só Nina sabe o que a voz lhe contou! Por esta razão, largou seus pertences na varanda de casa e, aos prantos, correu em direção ao lugarejo, levando consigo a sua tristeza!
BA!

A Incerteza do Perdão

A dúvida corroía a alma de Alexander naquele instante em que se consumia, lentamente, a verdade diante de seus olhos! Ao ver os pertences da filha jogados num canto da varanda, ele não sabia ao certo se ela voltaria para buscá-los depois, ou se eles, deixados ali, eram um sinal de que ela havia lhe perdoado e esqueceria aquela idéia de abandoná-lo também, assim como o fez Lia, por conta de seu falecimento. Era o que ele pensava...
De ímpeto, desejou buscar os pertences dela e trancá-los no armário. Mas, logo em seguida, deixou-os ficar onde estavam e saiu em direção à praia. Lá chegando, avistou o mar com olhos de quem avistava o infinito. Nele, viu o Sol, a Lua, as estrelas... até mesmo cometas! E ambicionou ver a imagem de Lia. Ali, sozinho e moribundo, dividiu com a natureza o remorso de suas culpas, que eram tantas... Pediu, novamente, perdão à filha, à Lia e a ninguém mais!
Cabisbaixo, após ter ficado dois quartos de hora na praia, voltou para casa, humilhado por aquela incerteza do perdão da filha, que continuava corroendo sua alma. Pensou: “Minha Nina há de voltar!”
BA!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Despertar de Um Desejo

Os amigos estavam tão eufóricos que não perceberam a tristeza de Nina, e ela, por sua vez, não quis contar-lhes para que a surpresa não fosse estragada. De improviso, comeram doces e cortaram o bolo ao som de "Parabéns Prá Você", cantado por Bia e tocado na gaita por Pedro. Nina, para que os amigos não percebessem seu drama, ainda arriscou uns passos de dança, como costumava fazer. Os três riam quando Bia foi chamada para casa. Ela deu de ombros, deixando na areia o presente de Nina, um belo quadro que ilustrava o lugar preferido do trio, a grande planície de tapete verde, rodeado por flores vermelhas tendo a "Árvore dos Desejos" ao centro. Nina amou aquele presente. Despediram-se com um longo abraço e Bia se foi. Sozinhos, Pedro e Nina deitaram-se na areia e passaram a contar as estrelas no céu. Pedro então resolveu contar um segredo para a amiga. Ele e seus pais estavam de partida para a cidade grande e ele queria dar o presente que guardara para Nina, desde que a vira, pela primeira vez, desesperada em busca de Borboleta. Devagar, virou seu rosto ao encontro do rosto de Nina e pediu que ela fechasse os olhos. Nina obedeceu de pronto, sentindo as mãos esfriarem, o coração disparar e o corpo enfraquecer. Com os olhos cerrados, sentiu a respiração quente de Pedro bem de perto. Pela primeira vez, ela sentia o despertar de um desejo. Pela primeira vez, seus lábios tocaram os lábios de Pedro. Pela primeira vez, ela sentiu o que imaginou ser Amor!
CS!

O Perdão de Nina

Decidida, Nina buscou o caminho de casa, com passos confiantes. Em seus planos, entraria, juntaria suas poucas roupas e sairia rumo à casa de Bia para ali encontrar o caminho da felicidade, no seio de uma família completa. Ao entrar em casa, procurou por Alexander e não o encontrou. Quando já estava de saída, sentiu as mãos do pai em seus ombros. Alexander parecia ainda mais velho. Com a cabeça baixa, falou em sussurros: "Por favor, não me abandone você também. Perdoe-me. Um dia, você saberá o que é ter um grande amor. Um dia, você saberá a dor que é perder um grande amor." Antes mesmo que Nina se virasse, Alexander voltou-se para dentro de casa, atirando-se num canto da parede. O coração inocente e cheio de amor de Nina bateu mais forte, e ela não conseguiu dar nem um passo adiante. No mesmo instante, jogou para o lado o que havia juntado e pôs-se, aos prantos, a caminho do lugarejo. Neste momento, ela sequer lembrava-se que aquele era o dia do seu aniversário. Sua tristeza foi interrompida pelo abraço de Pedro, e de Bia, puxando-a pelos braços e dizendo: "Venha conosco. Temos uma surpresa para você!" 
CS!

domingo, 26 de junho de 2011

No Coração da Vida de Nina

Ali, naquela clareira, sentada junto ao tronco da “Árvore dos Desejos”, a menina moça Nina lia e relia, devagar, todos aqueles escritos de Lia, mas com um desejo incomensurável de logo, logo conhecer, enfim, a sua mãe, através de seus sentimentos eternizados naqueles papéis mal traçados e rasgados pelo tempo que ela havia enterrado num pote! Parecia-lhe que a mãe estava bem ali, ao seu lado, lhe contando pedaços de sua vida que, bem ou mal, ela viveu... Mas, havia se encantado por tudo o que passou. No último pedaço de papel, Nina encontrou palavras que bem queriam dizer a respeito da felicidade que Lia sentia em esperar um filho ou uma filha, e a este ser ela deixou um recado, proveniente de um desejo seu: “Ele, ou ela, será uma pessoa muito feliz!”
Os raios do Sol salpicavam o rosto de Nina, como a aquecê-lo, para estancar suas lágrimas, pois ela chorava de saudades da mãe, agora, que já sabia um pouco sobre ela! E como tinha sido boa essa descoberta, mesmo tendo de ouvir de seu pai toda aquela verdade que ele jamais lhe disse em tempo algum. Mas Nina não queria, nunca mais, se lembrar das palavras do pai. Entregou-as ao vento e ele que se encarregasse de levá-las para bem longe dela.
No coração de Nina, após a bênção de saber de Lia, só caberia alegria, amor e uma grande vontade de viver a sua vida. De dentro dele, brotavam uma força tamanha, um anseio de ser livre, de voar com as asas que ainda lhe restavam inteiras, uma vontade de começar a escrever, pois bem o sabia, a sua nova estória, uma “estória com H” para que o mundo todo pudesse ler algum dia... Nina, além de bailarina, desejava também ser uma escritora!
Deixando para trás todos os seus medos e os desenganos que a vida lhe causou até aquele momento, Nina se ergueu do chão, sem nem mesmo se apoiar no tronco, assim como uma fênix, revigorada, renascendo das cinzas, e andou em direção de volta para casa, decidida a juntar todos os seus pertences, e junto a eles todos os escritos de Lia, numa única mala velha que possuía. Assim que o fizesse, comunicaria àquele homem, que jamais foi seu pai, que o deixaria, enfim, sozinho com a sua tristeza de vida! Era isso que faria!!!
Nina não tinha um teto todo seu, para onde pudesse ir, mas sabia que poderia, por enquanto, se ajeitar na casa de Bia, onde, com certeza, a família da amiga teria o grande prazer em abrigá-la...
BA!

Nova Estória


Sem rumo, Nina adentrou a mata em disparada, abrindo caminho entre árvores e flores vermelhas. Ah!... As vermelhas! Mais tarde, ela saberia que as vermelhas eram as preferidas de Alexander. Nina só parou de correr quando avistou bem de perto a "Árvore dos Desejos." Ela foi aproximando-se e sentindo a respiração voltar ao normal. De pronto, reviu a marca talhada na madeira, duas letras, duas amigas, dois destinos! Com os dedos sangrando, ela começou devagar a folhear os papéis que levara consigo. Ali, ela começava a conhecer os segredos de Lia. Ali, ela começaria a escrever uma nova estória. Sua estória com H!
CS!

sábado, 25 de junho de 2011

A Descoberta


Ao ver Nina tocando aquele tesouro guardado há tanto tempo, Alexander desesperou-se e aos berros ordenou que ela largasse tudo o que já tinha em mãos. Nina, sem entender e nem ao menos saber do que se tratava, ainda arriscou uma leitura em voz alta, cortada pela fúria de Alexander, que, arrancando os papéis de suas mãos, começou a chorar e a dizer palavras que Nina jamais se esqueceria. "Tire as  mãos do que não te pertence, menina! Este é o meu tesouro! É tudo o que Lia, minha amada Lia, deixou para mim. Lia se foi e a culpa sempre foi sua! Jamais a perdoarei por isso.", disse ele em prantos. Para Nina, foi como se o céu carregado de estrelas caísse sobre sua cabeça. Ela ficou em choque. Era a primeira vez que eles falavam sobre a mãe, e Nina acabara de saber que era a culpada por sua ausência, mesmo sem conhecer a verdade dos fatos. Sua única reação, ao saber que os papéis pertenciam à Lia, foi buscar o restante dos escritos entre cacos no chão e sair dali correndo. Deixou para trás, Alexander, ajoelhado ao chão, com as mãos espalmadas no rosto, beijando os papéis que arrancara de sua  mão e com os olhos parados em direção à janela.
CS!

O Presente do Futuro


Os aniversários de Nina nunca foram motivos para festa. Enquanto Bia comemorava seu dia, soprando velas enterradas em um bolo caseiro, Nina, muitas vezes, se esquecia do dia de seu nascimento. Alexander, por sua vez, mal podia levantar-se da cama neste dia. Lembrava-se de cada detalhe do dia em que perdeu Lia. E se arrastava, dentro de casa, como se fosse um moribundo. Porém, naquele ano, Pedro e Bia resolveram fazer uma surpresa para Nina. Iriam fazer uma festa de aniversário com bolo e até bisnagas coloridas. Afinal, 15 anos vividos mereciam ser comemorados! O dia começou, para Nina, como um dia normal, até que Alexander entrou no cômodo onde ficava o velho fogão à lenha, guiado pelo cheiro forte do aroma de café. Eles se olharam, fazendo um ligeiro movimento com a cabeça, como se dissessem "bom-dia" um para o outro. De repente, uma forte ventania invadiu a casa, arrombando portas e janelas ainda fechadas. No meio da poeira do chão batido, ainda pôde-se ver as curvas daquele belo pássaro, que por alguns instantes ficou parado no meio do nada, até que suas asas arqueadas bateram no Pote dos escritos de Lia, espatifando-o ao chão. O barulho da cerâmica partida em cacos ficou encravado nos ouvidos de Alexander e Nina. Alexander ainda tentou agarrar o pássaro antes que ele saísse em revoada. Mas, Nina se voltou para o entulho de vidros, dividindo espaço com papéis amassados e começou a juntá-los.
CS!

O Que Estava Escrito no Firmamento?

Numa daquelas deliciosas tardes à praia, quando Nina estava a dançar na areia, sendo observada por Bia e Pedro, ela sentiu um inesperado arrepio, que lhe fez dar a volta nos pés, terminando, de súbito, aquele seu belo bailado! Sem que seus amigos percebessem, ela lhes deu as costas e correu para a beira-mar, se colocando de frente para o oceano que tanto lhe fascinava!
Os amigos se entreolharam, mas deixaram-na ficar em seu posto, sem a incomodarem. Nina olhava o horizonte e seus olhos eram como duas fagulhas, percebendo mensagens que lhe brilhavam no céu, assim como letreiros em néon! Após aquele instante fascinante, que havia durado uma eternidade para Nina, ela deu saltos de alegria, agradecendo! Como se fosse mesmo uma bailarina, ela calçou suas imaginárias sapatilhas mágicas e voltou a rodopiar na areia, deixando nela seus passos de menina moça feliz, feliz!!!
BA!

Nina, Menina Órfã de Pais

Já não lhe bastava a cilada que a vida lhe causou, logo quando sorriu para ela, naquele momento de seu nascimento, tendo as mãos de sua mãe falecida a segurar seu corpo, Nina sempre foi uma órfã também de pai! Sempre ausente, Alexander não lhe deu, em tempo algum, o verdadeiro amor que ela merecia receber. Criada sem o vínculo de família, sem ter tido a oportunidade de conhecer aquela espetacular mulher que lhe deu à luz, Nina jamais viu naquele homem a figura de um pai, apenas de um ser que não se mostrava, que não se deixava levar pelas mãos de sua filha que nem sabia direito como deveria amá-lo, se é que ela entendia alguma coisa sobre o amor dentro de casa!
Por esta e outras razões, a menina órfã, achava que quem a cuidava foi sempre aquele lá de cima, o seu “Papai do céu”, com quem sempre contou em seus tempos difíceis, porque, nos tempos felizes, seu gato, o Borboleta, era capaz de sempre borboletear em seu coração, e quando encontrou a amizade de Bia, era ela quem ia sempre remando, ao seu lado, no Barco de Lia! E a vida, desta vez, lhe guardava surpresas que fariam dela uma grande mulher!
BA!

A Solidão de Alexander

Aquele homem novo, Alexander, havia deixado, por 13 anos, suas barbas de molho e lavado suas mãos para a vida... Por algum tempo, a lembrança de Lia ainda era capaz de lhe devolver instantes felizes, mas, fora isso, sua vida sem Lia se tornava cada vez mais sem sentido. Como um moribundo, não tinha mais razão para continuar levando a sua vida, assim sem sua Lia!
O estado de solitude em que se encontrava Alexander era lastimável! Nem mesmo a filha, Nina, lhe fazia companhia mesmo estando ao seu lado naquela pequena casa. Ela e uma sombra, a ele, pareciam a mesma coisa... Apenas quando ele demorava um pouco mais o olhar sobre ela, absorto em vê-la tão parecida com a mãe, é que deixava de ser único e, num lampejo, se lembrava que Nina era o fruto do amor que a morte havia lhe arrancado da vida!
De mãos dadas com sua solidão, aquele homem velho, Alexander, só desejava ainda estar vivo por uma única razão, porque sentia que haveria de ter mais um encontro com Lia. E esperava, esperava... Mas nem o pássaro não mais lhe vinha! Alexander pensava: “Quando ele aparecer, minha Lia virá, desta vez, para me buscar.”
BA!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Fazer Arte

Nina, Bia e Pedro passaram a ser inseparáveis. O que parecia ser impossível acabou acontecendo. Pedro passou a fazer parte daquela "dupla" como se já tivesse nascido nela. Juntos, desenvolveram o gosto pela arte. Pedro tocava vários instrumentos, enquanto Bia cantava e Nina dançava. Ah!... Como Nina dançava! Ela se entregava tanto que seus movimentos de menina moça paralisavam Pedro. Juntos tomaram o primeiro pileque. As meninas moças riam sem parar, enquanto Pedro inventava histórias de príncipes e princesas. Ah!... Como Pedro contava belas histórias! E Nina e Bia se encantavam com isso! Costumavam, também, ficar horas a fio deitados na areia, enquanto Bia misturava cores em papéis. Bia adorava desenhar! Ah!... E como Bia pintava belas paisagens! E Pedro e Nina amavam isso! CS!

Semelhança

Durante os 13 anos vividos após a viagem de Lia, Alexander envelheceu. Existiam aqueles que diziam que ele parecia mais ser um velho senhor do que um homem de 50 anos ou menos. A barba, agora crescida e já com alguns cabelos brancos, escondia a boca que Lia tanto amava beijar. Os cabelos ao ombro, quase sempre soltos, escondiam o rosto que nunca mais esboçou um sorriso sequer. O corpo sustentava um Alexander que vivia por esperar mais um encontro com sua amada. Alexander jamais falou de Lia para Nina e Nina jamais mostrou interesse por isso. Trocavam poucas palavras até que Alexander percebeu que Nina havia crescido. Ele evitava perceber as semelhanças que a filha tinha com seu grande amor. O sorriso escancarado, os cabelos cacheados, os pés quase sempre descalços, a alegria de viver. Nina se parecia muito com Lia e Alexander sofria com isso. CS!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Soma que Subtrai


Pedro acabara de chegar à ilha junto com seus pais. Era um belo menino! Vindo da cidade grande, parecia ter muito mais do que os 13 anos que vivera. Era um menino prestativo e muito corajoso. Naquele dia, véspera de uma virada de mais um ano no calendário, Pedro se reencontrou com Nina, desta vez ao lado de Bia. As meninas brincavam na praia, construindo castelos de areia, quando ele se aproximou. Bia foi logo perguntando seu nome  e de onde ele era. Nina olhou aquele menino e se lembrou logo que ele havia salvado Borboleta da tempestade. Seu coração bateu forte e, sem saber exatamente o porquê, Nina saiu correndo. Parecia até que pôde prever... que ali começaria um grande amor. Mas, por causa deste amor, Nina perderia, o que para ela era a coisa mais importante da vida, a amizade de Bia.
CS!

Nasce Um Novo Amor


Enquanto corria, Nina ia pedindo ao Papai do Céu que protegesse Borboleta. Pela primeira vez em sua vida, sentia o desespero daqueles que pensam ter perdido alguém ou alguma coisa que amam. O sorriso iluminado, que sempre enfeitava seu rosto, agora estava escondido por detrás de uma cachoeira de lágrimas. Nina procurou Borboleta por todos os cantos e, quando estava prestes a desistir da busca, deu de cara com seu Gato querido no colo daquele menino. Seus olhos encheram-se de luz. Borboleta foi logo pulando para os seus braços, ansioso em receber o carinho de sua companheira. Nina nem ao menos percebeu que quem o carregava ainda havia tratado da patinha que parecia quebrada. Dando de ombros, ainda pôde escutar, de longe, a voz daquele menino perguntando qual era o seu nome. CS!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A Procura de Nina


Alexander levantou da cama, deixando para trás as marcas do seu corpo ainda molhado. Nas mãos, uma pena de cor bem escura. Ainda desnorteado, escutou os gritos de Nina chamando pelo Gato Borboleta. Desde a noite da grande tempestade, Borboleta não voltara para casa. A menina moça estava em prantos. Alexander não pôde consolá-la, absorvido por toda energia que despendera na noite anterior. Depressa, Nina pôs-se a caminho do pequeno lugarejo.
CS!

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Surto de Alexander

Desde àquele tempo, quando Alexander passou a viver uma vida “a dois”, como se Lia estivesse o tempo todo ao seu lado, ele vivia como se fosse uma embarcação ancorada, amarrada ao cais, o ponto onde quem embarcava e desembarcava era apenas a sua amada Lia e mais ninguém, nem mesmo a filha, Nina, que estava em outra galáxia, do lado de fora daquela pequena casa! Seu espaço cósmico não era preenchido por poeira e gás, e sim por duas únicas estrelas: O Gato Borboleta e sua amiga Bia!
Sempre à espera de mais um encontro mágico e diáfano com Lia, Alexander voava alto em seus pensamentos e o seu desejo intenso foi ficando cada vez mais perigoso. E enquanto Lia não lhe aparecia ele chorava e chorava como um bezerrinho desmamado! Até que, numa noite, quando as estrelas não apontavam no céu e o vento forte prenunciava uma chuva caudalosa, Alexander, sentindo uma infinita saudade, uma, que jamais havia sentido desde a partida de Lia, e sem saber que Nina já sonhava em sua cama, sorrindo para os Anjos, saiu em disparada, de casa, e foi dar à beira do penhasco, de onde se avistava o mar engolindo as águas da chuva abundante. Raios fortes quase que o partiram em mil pedaços, do mesmo jeito que se encontrava seu coração naquele instante. Mas Alexander não se intimidava com aquela luz intensa e viva, que clareava quase todo o lugarejo. A noite parecia dia!
Alexander chorou bem mais que a quantidade de água que caía sobre a ilha, aquela de Lia!!! Foi quando precipitou um passo quase à frente, desejando saltar do penhasco, no doce desejo de seu encontro com Lia! Porém, não saltou... O belo pássaro lhe apareceu, trazendo Lia em suas asas arqueadas!
BA!

Uma Dupla de "Duas"


O tempo passava rápido, marcado pelas estações do ano. Enquanto a primavera era a estação preferida de Nina, Bia gostava mais do inverno. As duas tinham gostos diferentes, mas quase sempre cediam uma à vontade da outra. As meninas cresciam e ficavam cada vez mais amigas. Não havia espaço para outra ou outro, fora, claro, o Gato Borboleta que as acompanhava como fiel escudeiro. Nina era a mais esperta. A que mais idéias tinha. Mas, na hora de praticar, Bia era a mais corajosa. Assim como iam deixando para trás os contornos de meninas, a ilha onde moravam também ia se transformando. O que antes era uma pequena vila agora já seria um pequeno lugarejo. O turismo trouxe para o lugar alguns luxos desconhecidos assim como hábitos e pessoas da cidade grande. Por trás dos corpos desajeitados de meninas moças, as amigas, em breve, poriam à prova a amizade que construíram durante todos aqueles anos. CS!

A Árvore dos Desejos

Enquanto Alexander ia cada vez mais se afastando de Nina, ela, por sua vez, cada vez mais ia se entregando à vida do lado de fora daquela pequena casa. Nina, agora com 10 anos, passava a maior parte do tempo na vila. Todos a conheciam e gostavam dela. Era uma menina esperta e ligeira, assim diziam. Vivia correndo de um lado a outro. Inseparáveis, Nina, Bia e Borboleta, costumavam percorrer longas distâncias, seja nos campos floridos ou nas praias desertas. Sempre que chegavam a algum lugar desconhecido diziam ter encontrado um tesouro e ali deixavam suas marcas. Tudo era motivo para brincadeiras! E como brincavam aquelas crianças!!! Um dia, numa destas excursões para desbravar novos terrenos, eles subiram em um morro bem alto e quando chegaram lá ficaram de boca aberta com o que viram. Que lugar maravilhoso era aquele que ainda não conheciam? Do alto, puderam avistar uma planície coberta com um tapete verde rodeado por um mar de flores vermelhas e bem ao centro uma árvore exuberante!!! Em correria, alcançaram rapidamente aquele lugar mágico e ali Nina e Bia, tendo o Gato Borboleta como testemunha, juraram amizade eterna e que ninguém jamais a separariam. Aquela bela árvore foi marcada para sempre com as inicias N & B e passou a ser o lugar preferido das duas amigas. CS!

O Milagre de Lia

Ainda hoje, existem aqueles que pensam que tudo não passou de uma loucura da cabeça de um "desmiolado", assim como era chamado Alexander. Mas, ele nunca teve dúvidas do que passou a sentir desde o dia em que escreveu aquela carta de amor: " Minha amada Lia, queria eu poder tê-la em meus braços uma só vez. Queria eu poder encher seu colo de pétalas de rosas vermelhas, as minhas preferidas. Queria eu poder olhar em seus olhos e dizer aos quatro ventos o tanto que a amo!" Antes mesmo de terminar a última linha, após mais de um ano de espera, Alexander sentiu-se tonto e envolvido numa atmosfera, como se estivesse voando entre as nuvens do céu. Levou rapidamente as mãos, esfregando-as no rosto, com medo de que fosse apenas uma miragem. Mas não era! Lia estava ali, bem defronte às suas pernas cruzadas. Ele levantou-se rapidamente em sua direção, e o que conseguiu foi sentir um cheiro forte de alfazema no ar. Deste dia em diante, Alexander guardou a carta ainda sem final no pote dos segredos de Lia e nunca mais foi uma pessoa como antes. Vivia arredio e falando baixo, como se comunicasse, em sussurros, com outra pessoa. E ele se comunicava sim!!! Passou a viver uma vida a dois, como se ali Lia estivesse. Passou a dizer pela manhã "Bom-dia meu amor!!!" Passou a contar-lhe seus segredos mais íntimos. Somente ele e Lia e ninguém mais. CS!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Nina e Bia

De mãos dadas, as amigas Nina e Bia remavam no barco de Lia, sem o saber... A mãe de Nina, onde estava, abençoava essa amizade. Gostava de ver a filha em tão boa companhia, pois Bia era uma menina, também, adorável. Com um pouquinho só de mais idade que Lia, ela era capaz de entender aquela vida tão sofrida, pela qual Nina passou, quando lhe relatou detalhes dela, assim à sua maneira de contar. Não conheceu sua mãe, e seu pai era aquele homem a quem todos o chamavam de “desmiolado”, coitado!
Seu único amigo, com quem então ainda contava, era o Gato Borboleta, que lhe fazia festa todos os dias...
Bia, desde o início de sua amizade com Nina, passou a tratá-la como uma bonequinha, a quem teria grande apreço e por ela seria capaz de despencar de um penhasco, se acaso pudesse salvá-la de algum perigo!
Nina, todas as noites, na solidão de sua cama, enquanto podia ver a claridade da Lua através da janela, rezava por Bia, no seu santo laço infantil:
“Papai do céu, abençoa a Bia.”
BA!


Amizade para a Vida


Nina crescia uma criança feliz e radiante!!! Seus cabelos encaracolados, seu rosto de menina com finos traços, as pernas finas, porém ligeiras, chamavam a atenção de todos. Nina passou seu primeiro ano de escola degustando cada pedacinho de algo novo que conhecia. Foi na escola que Nina passou a perceber o papel da família, pai, mãe, irmãos. Foi na escola que Nina sentiu o preconceito de ser filha daquele que estava com problemas nos "miolos" desde que seu grande amor partira. Foi na escola que Nina conheceu Beatriz!
Beatriz, que todos conheciam como Bia, foi a descoberta mais incrível para Nina! Juntas, desde o dia em que se conheceram, deram as mãos, para, como amigas, experimentarem os desafios, as conquistas e os dissabores que o destino a elas reservava.
CS!

À Espera de Um Milagre

Enquanto Nina irradiava felicidade pela nova vida na escola, Alexander passou a se dedicar à espera de um novo encontro com Lia. Aquela visão e sensação, que antes tivera, jamais lhe saíram dos pensamentos. Daquele dia em diante, passou a se assentar na mesma cadeira, no mesmo horário e com a mesma intenção de escrever uma carta de amor à Lia, esperando assim que visse novamente aquele belo pássaro e que, pousada em suas asas, Lia adentrasse novamente o pequeno cômodo da casa. Foram dias e meses à espera que isso acontecesse... até que um ano se completou.
CS!

Pausa para Agradecer à Minha Amiga Cláudia Simões

Peço, também, permissão, aos  nossos nobres personagens de Estória com H, para poder agradecer a bela "surpresa" que me fez minha grande amiga Cláudia Simões, ao postar  aqui, ontem, dia de meu aniversário, o seu espetacular "escrito" dedicado a mim!

No pulsar da grande alegria, ao me emocionar com essas suas carinhosas palavras, e com meu coração feliz, só quero deixar anotado aqui:

"Muito em breve, será a minha vez..."

Obrigada, "Bonitinha", por sua amizade absoluta!

BA!

domingo, 19 de junho de 2011

O Dia em que Bebete Alvim Nasceu!

Permitam-me nossos nobres personagens de Estória com H para abrir hoje, um pequeno parêntese, e dedicar, para alguém especial demais, algumas poucas palavras.
Te dedico, minha querida amiga, este e todos os dias de nossas vidas.
Te dedico, minha querida amiga, o sabor de cada vitória conquistada.
Te dedico, minha querida amiga, um gole na cerveja gelada e na fumaça que exala do prazer de, para aqueles que gostam, fumar um cigarro.
Te dedico, minha querida amiga, dias e noites de inspiração, onde o teclado fica pequeno para receber tanta criação espetacular.
Te dedico, minha querida amiga, os amigos que te amam de verdade.
Te dedico, minha querida amiga, as fantasias escondidas, que só você sabe onde encontrar.
Te dedico, minha querida amiga, a alegria daqueles que têm o privilégio de te conhecer e com você conviver.
Te dedico, minha querida amiga, a admiração, de quem só te conhece através das palavras escritas.
Te dedico, meu carinho, meu amor!!
Parabéns querida!!!
CS.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A Vida é Bela para Nina

O Sol acordou fazendo cócegas no rosto de Nina, e brincou com seus olhos que acordavam com um sorriso, ainda tímido, para uma nova, bela e emocionante vida!

BA!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Primeiro Dia do Resto dos Outros Dias

Nina atravessou a porta estreita da escola, como se estivesse atravessando os portais de um castelo. Os chinelos velhos e gastos pelo tempo lhe pareciam sapatos de cristal. Foi logo se assentando no banco à frente. Com os olhos brilhando, pôde acompanhar o vaivém dos colegas. Borboleta ficou do lado de fora, procurando um lugar seguro para aguardar sua companheira. Nina começava ali uma longa viagem que lhe faria descobrir novos sentimentos como a amizade, a vergonha, a inveja, o ciúme, o amor! Nina estava radiante!
CS!

A Visão de Alexander

Sentindo medo sem razão de ser, por experimentar um alegre e confuso arrepio que lhe percorria o corpo todo, e após desviar seus olhos dos olhos do pássaro, Alexander se encostou na parede, quase a ponto de um desmaio. Viu quando Lia lhe chegou, entrando pela porta da frente da casa, com aquele seu sorriso tímido, exalando seu cheiro de alfazema no ar.
Inebriante, Alexander abriu seus braços para ela! Lia parecia flutuar até chegar a eles, que a envolveram com amor. Assim, abraçados, permaneceram um infinito de tempo naquele mundo onde sempre viveram juntos e felizes.
Lia estava mais linda ainda! Antes que ele pudesse tocar seus lábios nos dela, aquela visagem se dissipou rapidamente, lhe deixando apenas aquela prazerosa sensação de tê-la nos braços! Porém, o cheiro de Lia permaneceu impregnado no corpo de Alexander até o nascer do outro dia.
BA!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Resposta para Lia

Alexander agora imaginava ter mais tempo para, sozinho, dedicar seus pensamentos à Lia. Sete anos se passaram, sem que ele, em nem um minuto sequer, se esquecesse de seu grande amor. A lembrança do sorriso tímido, dos cabelos cacheados, muitas vezes embaraçados pelo vento, da pele lisa e com cheiro de alfazema ainda faziam Alexander se transportar para um outro mundo. Um mundo onde ele e Lia viviam juntos e felizes. Ah, quanta saudade sentia. Foi então que se lembrou da carta que pensou em escrever para ela. O resto de ponta do lápis velho deu de encontro com o papel queimado de sol e já rabiscado por Nina. Alexander então se sentou perto da janela e, de pronto, passou a escrever o que seu coração ditava. Naquele mesmo instante, sentiu como se uma rajada de vento passasse detrás de suas costas. Levantou-se assustado, empurrando o banco para perto da parede, quando de repente olhou nos olhos daquele pássaro, pousado no peitoril da janela e com as asas arqueadas. Alexander teve medo.
CS!

Um Alegre Despertar

Finalmente era chegado o grande dia! Nina chegou a pensar que aquele era o dia mais feliz de sua vida! Ela e Borboleta, seu gato colorido, mal pregaram os olhos durante a noite. Já se podia sentir os primeiros raios de sol invadindo as frestas da casa de pau-a-pique, e Nina já estava de pé, ansiosa em ir logo para a vila. Alexander fingia não perceber toda a excitação da filha e de ombros passou as instruções que julgava fossem necessárias. Explicou-lhe o caminho, como se Nina nunca houvesse estado lá, e disse que esperaria por ela, 20 minutos após sua saída, do que, na vila, chamavam de escola. Nina estava absolutamente pronta e segura. Sim, em seus pensamentos, ela agora seria tão livre quanto seu gato Borboleta.
CS!

A Notícia

Ela não chegou tão rápido como o vento, que adentrava a casa em noite de chuva forte! A notícia foi dada à Nina em pequenos goles, que ela ia saboreando, aos poucos, até entender que já não lhe sobrava nem mais uma gota para sorvê-la, assim tão gostoso como provar uma fruta doce!
Não que Alexander quisesse fazer um suspense ou um agrado, mas pelo fato de que ele jamais trocava tantas palavras de uma só vez com a filha. Ao chamá-la para lhe dar a notícia, ele não sabia por onde começar e nem tampouco como terminar. Só sabia que queria comunicar a ela que, muito em breve, ela iria freqüentar a escola da vila da ilha.
Dada a notícia, após gaguejar um bom tempo, visto que vacilava com as palavras, com grande hesitação, na dúvida se era bem ouvido, ou não, por Nina, Alexander suspirou por fim. Viu verterem lágrimas dos olhos da filha, que o abraçou com afago, para a sua admiração!
Ela apenas lhe disse: “Vou levar comigo “Borboleta”, meu “Gato Cheio de Cores” para a escola.”
BA!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Uma Decisão Acertada

Naquela noite, após guardar os escritos de Lia de volta no pote, Alexander, que sempre desejou que a filha não conhecesse as letras, tomou a decisão de que, quando ela completasse sete anos de vida, ela iria freqüentar a escola da vila da ilha. Mas, para isso, ela teria de conviver com os nativos de lá. Se não fosse por conta disso, ele a manteria afastada de tudo e de todos, pensava, para o seu próprio bem, assim como ele, que vivia feito um caramujo desolado, arredio e melancólico! E o que lhe dava mais certeza, ainda, de sua decisão era pensar que a sua amada Lia iria gostar de ver a filha na escola, sabendo ler e escrever direitinho, conhecendo um mundo de possibilidades, as quais ela não teve a chance.
Quem sabe, colocando Nina para estudar, ele também não teria a chance de se redimir de todos os pecados que cometeu por ser tão estúpido e insensível! A filha poderia, um dia, lhe ensinar a ser uma criatura mais aberta para a vida.
BA!

O Tempo Não Para

Nina crescia tão rápido quanto a chegada da maré na encosta da praia. Alexander mantinha sua filha longe do convívio com outras pessoas. Ele próprio passou a levar uma vida cada vez mais isolada. Mantinha o pequeno pedaço de terra, comercializando parte do leite que ordenhava do rebanho de poucas cabeças. O que Nina, agora com 7 anos, conhecia da vida parte era criada por ela e suas aventuras com Borboleta, e a outra parte por monossílabos trocados com o pai. Nina não perguntava pela mãe, por nunca ter ouvido falar dela. Sem lembranças, sem histórias, Nina ia construindo seu mundo paralelo e, de longe, observava o vaivém de nativos e turistas na pequena vila da ilha.
CS!

O Que Não Estava Escrito

À medida que ia descobrindo o que estava escrito nos papéis escondidos por Lia, Alexander ia sentindo um profundo arrependimento. Quantas palavras deixaram de sair de sua boca! Quantas palavras fariam o grande amor de sua vida um pouco mais feliz! Por que não dizer o quanto a amava? Por que não dizer que ele adorava ver a casa repleta de flores? Por que não dizer que ela era linda? Foram tantos os "por quês" que Alexander, naquela noite, tomou uma decisão que mudaria, para sempre, o destino de Nina e o seu também. CS!

"Vídeo de Divulgação de Nosso Blog"

domingo, 12 de junho de 2011

Uma Carta de Amor

Quando o Sol já beijava as águas do oceano, bem próximo da linha do horizonte, a tarde caía! Nina brincava, lá fora, com seus amigos naquele seu mundo encantado. Alexander gostava de vê-la assim bem alegre, correndo pra lá e pra cá, com seus lindos cabelos cacheados sendo afagados pelo vento.
De repente, ele se lembrou de seu tesouro maior, o pote. Nele, guardados a sete chaves, aqueles rabiscos de Lia. Quis ler mais alguns e mesmo reler outros, que o deixaram tão feliz em saber dos pensamentos mais íntimos dela. Encontrou um, bem dobradinho, assim como se estivesse encolhido, cheio de vergonha. Sem pedir licença, ele foi logo abrindo-o, e estava com seu coração batendo tão forte que pensou ser possível ser ouvido mundo afora.
Qual não foi a sua surpresa quando percebeu que se tratava de uma “carta de amor” que ela lhe escreveu bem antes de sua gravidez, pois, naquele pedacinho de papel, colocou a data. Imediatamente, após ler, com tanta satisfação na alma, aquelas doces palavras, ele se perguntou: “Porque Lia nunca me entregou essa carta?”
Alexander buscou papel e lápis e começou a escrever uma "carta de amor" para a sua Lia...
BA!

sábado, 11 de junho de 2011

O Gato Borboleta

A colcha de retalhos, tecida por Lia, começava a ficar pequena para aquecer a menina... Nina crescia forte e livre. Os cabelos cacheados lembravam os cabelos de Lia. Com Alexander ela trocava poucas palavras. Mas com "Borboleta", o seu "Gato Colorido", Nina desbravava a ilha, e criava seu mundo próprio, um mundo encantado por rainhas, príncipes e princesas. Nina amava aquele gato! E o que mais gostava nele era sua liberdade! Borboleta ia e vinha, sem ter que escutar de ninguém o quê fazer e como fazer. Borboleta retribuía o amor de Nina com companheirismo e ouvidos acolhedores. Juntos, cresciam e faziam novas descobertas.
CS!

Lia e Nina nos Sonhos de Alexander

Já passava da hora... precisava colocar a filha para dormir! Por enquanto, aqueles rabiscos de Lia, que passaram a ser o seu maior tesouro, ficariam guardados no pote. Dia após dia, ele voltaria a lê-los, todos, tentando entender e desvendar o que Lia tanto escrevia neles...
Acabou pegando no sono, depois de chorar de tanta saudade!
Aquele belo pássaro lhe apareceu primeiro, pousando em seu ombro, quando ele se encontrava numa das pontas da praia, com o Sol a irradiar um grande momento de paz e alegria. De repente, surgiram à sua frente, vindas do mar, Lia e Nina. Alexander correu em direção a elas, com o coração acelerado. Antes que pudesse alcançá-las, escutou quando Lia, que trazia numa das mãos uma flor vermelha e na outra, a mão de Nina, lhe disse: “Meu amor, eis aqui o nosso fruto, a nossa adorável filha... e o seu nome é lindo... é Nina!”
Acordou, sem poder abraçá-las.
BA!

Entre Rabiscos

Alexander não conseguia entender onde iniciavam e onde terminavam aqueles rabiscos. Devagar, ele pensou em organizar aquela desordem. Mas, vencido pela impaciência, começou, ansioso, a decifrar aqueles escritos:
"Ele chegou hoje e notou a casa cheia de flores, não falou nada, mas eu sei que ele gostou! Agora sei também que de longe ele sente o cheiro do que preparo no fogão."
Seus olhos se enchiam de lágrimas à medida que seguia sua leitura solitária. De longe, escutou o chamado de Nina.
CS!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Papéis Rasgados

Os três anos que se passaram na vida de Nina fizeram um Alexander mais velho. O corpo, antes, forte e bem traçado dava lugar aos braços cansados. Alexander deixou a barba crescer, e por trás da pele escura e queimada de sol escondia uma tristeza profunda. Durante todo aquele tempo, ele jamais esquecera de Lia. Costumava percorrer longas distâncias para olhar as flores, que antes eram colhidas para o seu olhar. Eram todas coloridas... brancas, amarelas, vermelhas. Ah... as vermelhas! As vermelhas eram suas favoritas e Lia sabia disso. Num dia qualquer, retornando com algumas flores vermelhas à mão, ele encontrou, num pequeno pote, o diário de Lia. Aqueles papéis mal traçados e rasgados pelo tempo encheram seus olhos de luz!
CS!

Nina por Nina

Ela estava perto de completar seu terceiro ano de vida. Com os cabelos cacheados, assim como Lia, Nina gostava de correr ao redor da casa, cantarolando canções inventadas e balbuciando palavras que Alexander desconhecia. Nada lhe faltava, pois Nina nada tinha ainda conhecido na vida. As pernas roliças pulavam de um pedaço de galho a outro. Nina começou a criar uma forte relação com a natureza. Na sua cabeça de menina não existiam amigos invisíveis. Todos eram bem reais, até mesmo a "Borboleta", o "Gato Cheio de Cores", que assim que chegou àquela casa foi logo ganhando esse nome. Nina adorava a natureza e com ela ia conhecendo novos sentimentos, até que, naquele dia escuro de inverno, Nina se assustou com o que viu e sentiu pela primeira vez.
CS!

Um Nome Para a Criança

Num daqueles dias que se arrastavam infelizes na vida de Alexander, que continuava inconformado com a perda de sua amada Lia, o pássaro bateu suas asas bem defronte ao seu rosto, quando ele avistava, ao longe, turistas que passavam à beira da praia.
A menina chorou ao seu lado, dentro de seu berço improvisado. Era hora de lhe dar um pouco daquele leite. Ao buscá-la no colo, Alexander viu pela primeira vez os seus olhos, que lhe lembraram os olhos da mãe. Enquanto a alimentava, ele chorou baixinho e prometeu a si mesmo que, daquele dia para frente, cuidaria melhor de sua filha.
No mesmo instante, se lembrou de que ela ainda não tinha um nome. Qual nome lhe daria Lia? De tanto tratá-la por “menina” simplesmente, foi acostumando a responder “Nina”, quando ela lhe olhava nos olhos. Pronto! Até que Lia venha em seus sonhos, um dia, para lhe cochichar qual nome a menina terá, ela se chamará Nina... Foi o que ele decidiu, com um leve sorriso no rosto!
BA!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Uma Ilha em Movimento

O pranto daquele homem ecoou nos 4 cantos da ilha. Os poucos moradores da redondeza comentavam da vida de um jovem, ou até mesmo de um senhor solitário, que, sozinho, cuidava da filha. Diziam que nas noites de Lua bem cheia, podia se ver as pegadas de Alexander marcadas na areia da praia, que, sozinho, costumava fazer longas caminhadas, olhando as estrelas, e perguntando pra si mesmo por que Lia havia partido! Mas a vida seguia seu rumo... e a ilha passou a ser visitada por turistas que desejavam desbravar as belezas daquele lugar ainda selvagem. O pequeno bebê crescia, ainda sem nome, alimentando-se do leite do rebanho que preenchia o pequeno mundo, ao redor da pequena casa, agora sem Lia.
CS!

Um Grito em Agonia

Ao perceber, atônito, que sua amada se fora, Alexander correu a beijar sua boca ainda quente com aquele seu belo sorriso. As lágrimas lhe vieram como uma torrente que se precipitava cobrindo todo o rosto belo de Lia!
Após aquele instante de pura melancolia, dando adeus à sua amada, Alexander voltou do transe em que se encontrava e viu a menina nos braços de Lia, bem junto ao seu peito. Suas mãos a agarravam, como se a amparasse para nunca mais deixá-la resvalar de seus dedos.
Depois de sentir a presença daquele pássaro mensageiro, foi quando soltou um grito em agonia, como se quisesse se unir, lá no cosmo, com Lia!
BA!

O Dia Após o Outro Dia

Os dias que seguiram, após o dia da viagem de Lia, foram dias cobertos de uma profunda tristeza e um silêncio marcante. O vazio só era preenchido pelo choro faminto da pequena criança, que ainda sequer tinha um nome. Alexander passou a cuidar da filha, porém, sem jamais ter-lhe olhado nos olhos.
CS!

O Adeus de Lia

Alexander empurrou a porta de madeira como se estivesse arrombando-a. A força foi tamanha que pôde sentir a porta voltar quase que em cima de seu ombro. Avistou Lia com os olhos fechados e um sorriso nos lábios. Chegou a sentir uma breve sensação de alívio, até perceber que sua amada se fora. Restava ali, em seus braços, um pequeno ser, que, com os olhos bem abertos, parecia procurar por alguém. A menina, sonho de Lia, com traços delicados e cabelos escuros e fartos, acabara de chegar à vida, roubando de Alexander seu grande amor. Deste dia em diante, Alexander jamais voltou a sorrir. Antes de soltar um grito em agonia, viu de relance, passando pela janela, o que lhe pareceu ser as asas de um pássaro em voo rasante.
CS!

O Desejo de Alexander


Naquele Outono, Lia bem que tentou... Perguntou a ele se queria que viesse menino homem ou menina mulher. Mas ele deu de ombros e foi para o alpendre. Lia chorou, sem que ele soubesse.
Alexander, na verdade, jamais pensou em filhos, ainda mais com Lia, que era a grande mulher de sua vida. Para ele, bastava apenas ela e aquele seu amor tão dócil e sempre acolhedor. Ele não queria filhos correndo pela casa, e nem mesmo um, a correr pelo pasto, ou uma, que lhe acariciasse os cabelos no fim de um dia de trabalho. Ora! Tudo isso era uma fantasia de Lia!

O desejo de Alexander era seguir em frente somente com Lia, aquela que lhe encantava a vida!
Mas, quando ele deu de cara com a sua gravidez, percebeu que não havia volta, e teve de encarar seu mundo com Lia e com quem estava, agora, para chegar.
BA!


quarta-feira, 8 de junho de 2011

É Chegada a Hora

O corpo franzino carregava com dificuldade a barriga pontiaguda. Os cabelos cacheados haviam crescido próximos à cintura arredondada. Os seios, fartos de leite, aguardavam a chegada do bebê. Lia se desdobrava nos serviços de casa e à noite adormecia nos braços fortes de Alexander. Alexander, fez do corpo da mulher amada, um altar, onde, de longe, apreciava e admirava. Naquela noite, Lia lhe deu um abraço demorado, um beijo carinhoso nos lábios e, falando em seu ouvido, declarou todo o amor que sentia por ele. Alexander recebeu aquelas palavras como um afago divino.
CS!

Outono

As folhas secas caídas no chão anunciavam a chegada do Outono. Nesta época, o sol brilhava por trás das nuvens cinzas e do tempo seco. Ventava muito e Lia apreciava o balanço dos lençóis pendurados, imaginando ali a correria das crianças. Lia passou a desejar ter muitos filhos. Ou melhor, filhas. Ela queria viver de novo, passando a escrever a história de seus descendentes diferente da sua. Lia jamais soube o desejo de Alexander. Queria ele um menino para correr entre os pastos ou uma menina que lhe acariciasse os cabelos no final de um dia de trabalho? Alexander nunca falou.
CS!

Daquele Encontro

Na ilha, onde viviam Alexander e Lia, o mar azul celeste sempre trazia pérolas de bons desejos,  assim como um colar, de sua profundeza, abissal, para as tardes nas quais eles se enamoravam, avistando o horizonte sem fim, onde o céu parecia se encontrar com a Terra ou com o mar!
Numa daquelas tardes, Lia ansiava saber se ele teria gostado de alguém, assim como gostava dela, ao que ele lhe respondeu que jamais o seu coração estava em outro, a não ser no seu! Ela então percebeu que era ela a dona do coração de seu amor!
O vinho, proposto por ele, foi quase, quase todo degustado por ela, se deleitando gota a gota. Grande prazer para Alexander, que via Lia beber, naquele instante, sem ter hora para terminar...
Mas, num lampejo, aquele pássaro apareceu,  voando rasante, como a prenunciar a hora de um desencontro! Lia se lembrou que deveria partir. Outro dia, poderiam se encontrar... Saiu correndo, deixando suas pegadas na praia!
Alexander, desolado, vendo-a partir, sorveu, no copo dela, a última gota do vinho que ela havia deixado! Desejava saborear seus lábios mais um instante!
BA!

Tecendo a Colcha Para o Bebê

Tecendo e tecendo a sua colcha de retalhos, essa "espetacular" mulher sabia de todos os seus desejos, aqueles, os mais íntimos...
Ansiava por aquela espera! Queria tanto ver o seu filho, ou filha, nascer, de dentro de seu ventre! Desejava que este seu bebê viesse ao mundo para continuar a sua grande história. E ela bem o sabia... Iria estar, algum dia, quando não mais estivesse, em vida, no ser desse ou daquela! Uma cria que pudesse continuar a sua história, com a marca de seu amor por Alexander.
Não importava a ela o que Alexander sentia. Mesmo andando pelos cantos da casa, arredio e calado, depois que soube da notícia de sua gravidez, ele jamais foi o mesmo. O seu amor por ela não foi mais igual!
Alexander não desejava um filho... uma filha... Por quê?
Lia sentiu, e como sentiu! Mas precisava estar presente durante todos aqueles meses...
E a colcha de retalhos, para o seu bebê, já estava quase pronta!
BA!

terça-feira, 7 de junho de 2011

O Diário de Lia

Mal sabia ela pôr, no papel, as três letras de seu nome. Seu diário começou a ser escrito, com garranchos rabiscados no papel. Ela queria, entre outras coisas, escrever sua história e que essa história fosse contada de geração em geração. Quantas Lias não poderiam, como ela, fazer parte desta história?
CS!

A Espera de Lia

A confirmação da gravidez tardia só veio após meses de espera. Já tendo passado dos 40 anos, Lia nunca imaginou sentir tamanha felicidade! De repente, seus anseios em viver outras vidas era tomado pelo amor que já sentia por aquela criança, que crescia em seu ventre. Desde que soube da notícia, Alexander andava pelos cantos da casa, ainda mais arredio e calado. As noites de amor foram substituídas por afagos passageiros. Alexander jamais a amou do jeito que amava antes. Mas Lia não se entimidava e ia tecendo a colcha de retalhos para esquentar, nas noites de frio intenso, o bebê que já tanto amava.
CS!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Amor de Encher a Alma

Esse amor de Lia era o "amor" de encher os olhos e a alma de Alexander, que se considerava o homem mais feliz do Planeta, ou, quando não exagerava, pelo menos pensava: "Sou o homem mais feliz desse lugar!"
Ter o amor de Lia era ter o espaço infinito, até mesmo diáfano, era ter a Lua e o Sol juntos, era ter um mar repleto de felicidade, que a cada dia preenchia sua vida!
Mulher tão forte, ela se tornava frágil e dócil quando fazia amor debaixo daquele lençol, um pouco roto, sim, mas muito bem lavado e cheiroso, quando, pela manhã, Lia nele sentia ainda o cheiro daquele amor!
Alenxander bem o sabia... não poderia jamais imaginar um dia, sequer, sem sua Lia!
BA!

Amor de Lia

As noites de amor com Alexander faziam clarear o quarto escuro com finas paredes de barro. O amor era silencioso. O silêncio só era cortado por raros murmúrios e suspiros de Alexander. Lia deixava-se levar pelos movimentos do corpo de seu grande amor, fazendo com que, por alguns instantes, os dois se tornassem um apenas. Lia adormecia com o coração ainda acelerado. Era sempre a primeira a abrir os olhos e ficava ali fitando, de perto, o rosto marcado de Alexander. Quanta coisa ele não teria dito a ela, se ainda houvesse tempo!
CS!

domingo, 5 de junho de 2011

A Flor Que Enfeita a Lapela

O céu não estava para estrelas e nem para a Lua, naquela noite fria e úmida, quando Lia já sentia as gotas da chuva lhe roçando os pés descalços, enquanto caminhava naquele seu caminho cheio de pedras. Apesar de tantas delas, Lia sabia como transpô-las, ou mesmo conseguia retirar algumas, aquelas de grande peso em sua vida!
Alexander foi uma de suas grandes conquistas...  a melhor delas. Aquele homem de poucas palavras era o seu mundo! Lia gostava de dizer a ele: "Sou a flor que te enfeita a lapela!"
Agora, inquieta, ao ouvir o chamado de seu verdadeiro amor, sentiu o assoalho do alpendre tremer, ao voltar de seus devaneios, pisando firme em direção à porta da entrada de casa.
Pensou ser melhor se desviar daqueles seus  pensamentos e se aconchegar no abraço de Alexander. Naquela fria noite, todos os seus sonhos seriam coroados de êxito e paixão!
Lá ia a flor enfeitar a lapela de seu único amor...
BA!

A Espera do Que Não Se Conhece

O caminho, cheio de pedras, costumava ser coberto por uma grossa camada de poeira. Durante as chuvas, Lia se sentava do lado de fora do alpendre, com as pernas esticadas e os pés suspensos, apenas para sentir o frio das gotas de chuva nos pés descalços. Com os olhos apertados, começava a imaginar como seria a vida detrás dos altos montes que cortavam o vale à sua frente. Como deveriam viver aquelas pessoas? Será que seriam tão felizes como ela? Será que amavam tanto um homem como ela? Os pensamentos eram facilmente cortados pelo chamado de Alexander, dizendo ser hora de irem para a cama. Lia se arrepiava, sempre. Aquele homem era seu mundo, sua vida. Mas Lia sentia uma profunda inquietação.
CS!

Ser Alexander

Enquanto rachava a lenha, sentindo o cheiro bom da comida, que vinha do fogão de barro da casa, que Lia preparava, Alexander jurou que a amaria para sempre!
Menina, ainda, num corpo de mulher, Lia era a paixão maior em sua vida... Desejava-a até em seus sonhos. Era como, assim, uma volúpia a arrebater-lhe, sempre, o coração!
De porte apresentável, corpo esguio, cabelos longos, presos por uma
"gominha", de rosto amigável, com sorriso branco nos dentes bonitos, a boca desejável por Lia, e olhos da cor de mel, Alexander era um homem desejável por ela, mas o seu abraço, naquele momento, não lhe fez se sentir feliz. Por quê?
BA!

sábado, 4 de junho de 2011

Alexander

Alexander, um homem de poucas palavras... justo ele, que amava
Lia, que amava Alexander! Jamais conseguiu dizer palavras de amor
a ela, por mais que tentasse. Elas, as palavras, ficaram sempre
engasgadas na garganta, mas tinham acolhida em seu coração!
Ela bem o sabia...
Verdade, ele amava flores, todas elas, principalmente as vermelhas,
aquelas que simbolizavam o amor.
No inverno, ele a abraçava com tanto carinho como quem desejava
lhe cobrir com o manto de seu afago, uma carícia após a outra.
Lia, sentindo-se protegida, lhe cobria de beijos, os mais doces...
Seu abraço, másculo, era sentido, por Lia, como uma casa quente!
BA!

Ser Lia

O barulho ensurdecedor da lenha sendo rachada ao meio invadia cada canto daquele lugar. Enquanto isso, Lia mantinha a brasa acesa no fogão de barro. Ela era uma bela mulher! Os pés descalços a sustentavam em um corpo de menina. Os cabelos crespos percorriam sua nuca até os ombros. As mãos calejadas cobriam seus olhos, antes de ela despertar. O abraço de Alexander a fazia sentir-se absoluta mas não completamente feliz!
CS!

Lia

Na primavera, ela costumava percorrer longas distâncias até que chegava no alto, onde colhia as flores preferidas de Alexander. Voltava com os lençóis repletos de flores. Brancas, rosas, vermelhas, especialmente vermelhas. Eram as preferidas de Alexander. Mas, Alexander nunca falou. Alexander era um homem de poucas palavras. Mas, ano após ano, Lia enchia a casa de flores...
CS!

Mensagem para as Novas "Seguidoras" Nossas!

Com grande prazer, nós, eu e Cláudia Simões, as acolhemos aqui,
nesse nosso canto tão aconchegante. Agradecemos, especialmente,
agora, a essas minhas queridas amigas do FB:
Ethel Kacowicz, Renata Reis, Tânia Tiburzio, Silmara, Eliane Lemos,
Gleide Bárbara, Cássia Viger e Nydia Bonett, todas, grandes mulheres,
também "donas da escrita", que nos prestigiam aqui com suas
honrosas presenças constantes!
Em breve, estaremos, nós duas, seguindo a todas! Aguardem...
Não poderia me esquecer de também agradecer à nossa primeira
seguidora, a Letícia, para quem a Cláudia já escreveu. Faço de suas
palavras também as minhas, a essa linda criatura que abriu, aqui,
o "caminho das pedras" para que mais pessoas cheguem junto!
Nossos abraços, com nossas saudações literárias!
BA!

No Barco de Lia

No barco de Lia, era ele quem ia...
Remando, também contra todas as marés que a vida lhe impunha
naquele momento, o astro rei beijáva-lhe o rosto suado.
Agora... no barco de Lia, era Lia quem ia?
BA!

Chegada e Partida

Com os olhos apertados, as mãos trêmulas e a face cortada pelas marcas da sua existência, Lia sentia sua força esvairindo-se aos poucos. A chegada daquele filho representava para ela a consumação do amor infinito que sentia por Alexander. Nunca, jamais, em tempo algum, uma mulher amou tanto um homem assim. Já podia serem ouvidos os primeiros ruídos anunciando a chegada da manhã, quando ela, mergulhada em seu suor, escutou um choro distante. Lia sentiu uma profunda e plena felicidade. Ainda deu tempo de olhar nos olhos claros daquele bebê e senti-lo, apertado, entre seus seios. No cômodo ao lado, Alexander sentiu um arrepio percorrendo seu corpo. Engoliu, com pressa, o último trago e foi correndo ao encontro de Lia.
CS!

Encruzilhada

De repente, a estrada foi cortada por um fio de água cristalina. Não se podia saber de onde vinha e para onde ia aquele líquido que, devagar, ia cortando a terra e desenhando figuras desconhecidas. A decisão estava tomada, e da mesma forma que aquela água corria para algum lugar Alexander também buscava seu destino. Longe dela, mas em busca de esperança de tempos melhores. No cair do dia e com a tropa cansada, eles pararam num campo aberto, com cores que iam do verde ao amarelo queimado pelos raios de sol. Alexander era um homem de poucas palavras. Foi ali, bem perto do rio, que ele viu pela primeira vez aquele pássaro de asas arqueadas e beleza estonteante. Ele o acompanharia pelo resto de suas vidas.
CS!

Sonho

Num sono, meio tranquilo, meio inquieto, o belo pássaro, aquele que lhe trouxe o bilhete de Lia, aparecia, assim... com suas duas asas arqueadas, prenunciando um alegre despertar...
Quem sabe, ela poderia ir ao seu encontro!
BA!

Do Que Sou

Sou do que sou! Sou daquilo do que posso ser. Sou das matas, sou das águas, sou de todo esplendor. Sou da matéria, do universo, sou do meu verso, porque sou inteira!
Sou da poesia, que acalma o coração dos grandes poetas, sou da magia de não ser, mas abuso da essência do saber. Sou da carência de viver de qualquer momento que me faça feliz! Sou meio velha, meio nova, sabendo bem o porquê.
Sou da razão do querer, sou do tempo de poder.
Sou das asas que libertam, sou do tempo de amanhecer.
Sou esperança que abraça o meio de conseguir. Sou nuvem, sou estrela, sou azul de céu.
Eu sou o vento que sopra, trazendo boas novas. E sem querer sou o grafite que escreve melodias; canções que unem corações.
Sou a Lua que se parte, sou borboleta de gravata, perdida, eu sou meu outro lado!
Sou careta, sou bandida. Eu sou um som de uma flauta doce. Sou uma sempre-viva da terra do sem-fim. E para “você” colhi uma, para dizer que estou viva.
Sou do pedaço, sou da colheita, sou da mira, sou canção esquecida.
Sou da fumaça de meu cigarro, sou do laço de nosso abraço. Sou terra produtiva, sou mulher que ama a vida! Sou consolo, sou alma destemida. Sou o berro de um berrante anunciando uma nova vida; uma outra vida!
Sou esquema traçado, sou um achado. Sou carta de baralho, que dá vitória para quem joga. Sou menina, sou criança nos seus braços que me abraçam. Sou a pessoa que lhe ama...
Sou assim, meio esquisita, mas, sem sombra de dúvida, sou uma criatura querida!
Sou do lodo, sou da lima, do fruto da limeira, mesmo que não ache a rima.
Sou a mivla que bebetea o seu coração!
Sou a pessoa que lhe arrasta para o meio da explosão do que sou, do que sou, do que sou...!
BA!!!







Espelho

O despertar não impediu que ele enquadrasse de longe a foto empoeirada na parede. Lembranças de um tempo feliz! O cheiro que ela exalava estava guardado no vidro de perfume conservado em cima da penteadeira. Ela não estava lá, mas o espelho côncavo ainda refletia sua imagem. Alexander adormeceu à espera novamente de com ela se encontrar.
CS!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eu Sou

Falando em descrição: EU SOU.
Mãe é tudo de bom!


Não poderia iniciar qualquer reflexão, de EU SOU, antes de passar rapidamente por EU FUI. A maternidade repentina, me obrigou rapidamente a fazer esta passagem, que às vezes a gente leva a vida toda para conseguir.
Portanto, aí ESTOU EU!!!
 
Eu FUI chicletes com bala chita.
Eu FUI cigarrinho quando estava triste, alegre, batendo papo, indo dormir, tomando uma...
Eu FUI um bom uísque com pouco gelo e muito tira-gosto.
Eu FUI viagens, fronteiras, homens, desejo, calor, frio.
Eu FUI sexo selvagem e cheiro de amor que gruda no ar durante um tempo.
Eu FUI confusão, consumo, abuso.
Eu FUI massa, doce, sorvete, larica.
Eu FUI coragem, extravagância, luxo.
Eu FUI 160 km por hora.
Eu FUI verão, inverno, primavera, outono, quase tudo, quase ao mesmo tempo...
EU FUI noite mal dormida.
Eu FUI sono pesado até às 13:00.
Eu FUI família.
Eu FUI amigos, presença, abraço de URSO.
 
Eu SOU saudade.
Eu SOU banana, maçã, pêra, melancia, pinha, goiaba, abacaxi.
Eu SOU salada, prato colorido...
Eu SOU incerteza, vontade de mudar.
Eu SOU amor, solidariedade, companheirismo.
Eu SOU saúde.
Eu SOU uma enciclopédia para mães.
Eu SOU filmes diversos: romance, ação, drama, aventura não!
Eu SOU meu pai.
Eu SOU família, vontade de estar junto.
Eu SOU vento no meio de um maremoto.
Eu SOU sapatinho, meinha, babador.
Eu SOU saudade do CHICO prá sempre.
Eu SOU medo.
Eu SOU muita água.
Eu SOU sono leve.
Eu SOU caminhada e reflexão.
Eu SOU calmaria, lágrima.
EU SOU LUZ. EU SOU MÃE.
De alguém prá outro alguém que ama demais!
CS!  

Homenagem à Letícia

Preciso dizer algo à Letícia. Preciso lhe contar o que  ela representou como a primeira seguidora do Estória com H. Detalhe: eu não conheço a Letícia. E isso representa demais pra alguém avessa à tecnologia. Muita modernidade distancia as pessoas. Mas, enfim, se no primeiro momento me perguntei quem é você Letícia, qual sua identidade, tá vindo de onde, tá indo pra onde, logo no segundo momento me deparei com um belo texto... uma bela descrição de Letícia. Portanto, bem-vindas todas as Letícias, Marias, Graças e bacanas que aparecerão por ai afora!!!
CS!

À Espera de Uma Notícia

Se ele ainda tivesse o vício do tabaco, acenderia um cigarro após o outro.
Alexander, andava em círculos, ansioso, à espera de uma notícia!
Será que "ela" havia recebido aquele seu bilhete?
(O mensageiro a encontrou de fato?) E se ela nem ao menos desejou abrí-lo, amassando-o, feito bola de papel, com um sentimento ferrenho de raiva? Não cederia, ela, nem mais um encontro? Não valeria mais a pena?
Viu, quando, num bater de asas, aquele lindo pássaro pousou no peitoril da janela. No bico, trazia um bilhete, tão roliço que lhe lembrava o cigarro...
Correu, a buscá-lo. Antes que pudesse lê-lo, acordou!
BA!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Parto para Anunciar a Chegada

O cheiro do pavio queimado ardia a narina de quem adentrasse o quarto. Na cama, um cheiro suave de alfazema mantinha os lençóis sobrepostos, aguardando a chegada dela. De longe, ouviam-se os passos frenéticos das pessoas caminhando pelo velho assoalho. Ela estava quase lá!! Mas ainda não era chegada a hora. Enquanto sentia os primeiros sinais das dores do parto, ou melhor, da chegada, Lia se deixava levar pelas lembranças de uma vida repleta de tentativas e fracassos. De repente, ela se lembrou dele...
CS!

Nossa Colcha de Retalhos

Minha adorável amiga "Bonitinha", esse seu presente, Estória com H, estando aqui apenas em seu começo, já tem a nossa cara, a nossa força, a nossa amizade, o nosso talento para a escrita, essa singular arte que também tanto nos aproxima.

Seremos, sim, as "donas espetaculares" dele! Iremos, sim, tecer com nossos escritos espetaculares essa nossa colcha de retalhos, a partir, não de uma de suas pontas, mas de seu centro. E será assim... do centro para o infinito de suas 4 pontas: Norte, Sul, Leste, Oeste. E ela será a nossa bússola, a nos orientar, sempre, para a tecermos com amor!

Obrigada por este tão belo presente.
BA!

Começamos

Começamos... me faz lembrar os bons tempos de bingo. Alguém gritava COMEÇAMOS, em seguida fazia uma LINHA e lá estava eu correndo atrás do BINGO!! Querida amiga, aqui está a concretização do nosso projeto. A partir de agora, Estórias com H tem donas. Mulheres Espetaculares, que escreverão sobre Estórias com H Espetaculares. Uma na sequência da outra... a outra na sequência de uma... e assim vamos tecendo nossa colcha de retalhos. Meu carinho.
CS!