Ali, naquela clareira, sentada junto ao tronco da “Árvore dos Desejos”, a menina moça Nina lia e relia, devagar, todos aqueles escritos de Lia, mas com um desejo incomensurável de logo, logo conhecer, enfim, a sua mãe, através de seus sentimentos eternizados naqueles papéis mal traçados e rasgados pelo tempo que ela havia enterrado num pote! Parecia-lhe que a mãe estava bem ali, ao seu lado, lhe contando pedaços de sua vida que, bem ou mal, ela viveu... Mas, havia se encantado por tudo o que passou. No último pedaço de papel, Nina encontrou palavras que bem queriam dizer a respeito da felicidade que Lia sentia em esperar um filho ou uma filha, e a este ser ela deixou um recado, proveniente de um desejo seu: “Ele, ou ela, será uma pessoa muito feliz!”
Os raios do Sol salpicavam o rosto de Nina, como a aquecê-lo, para estancar suas lágrimas, pois ela chorava de saudades da mãe, agora, que já sabia um pouco sobre ela! E como tinha sido boa essa descoberta, mesmo tendo de ouvir de seu pai toda aquela verdade que ele jamais lhe disse em tempo algum. Mas Nina não queria, nunca mais, se lembrar das palavras do pai. Entregou-as ao vento e ele que se encarregasse de levá-las para bem longe dela.
No coração de Nina, após a bênção de saber de Lia, só caberia alegria, amor e uma grande vontade de viver a sua vida. De dentro dele, brotavam uma força tamanha, um anseio de ser livre, de voar com as asas que ainda lhe restavam inteiras, uma vontade de começar a escrever, pois bem o sabia, a sua nova estória, uma “estória com H” para que o mundo todo pudesse ler algum dia... Nina, além de bailarina, desejava também ser uma escritora!
Deixando para trás todos os seus medos e os desenganos que a vida lhe causou até aquele momento, Nina se ergueu do chão, sem nem mesmo se apoiar no tronco, assim como uma fênix, revigorada, renascendo das cinzas, e andou em direção de volta para casa, decidida a juntar todos os seus pertences, e junto a eles todos os escritos de Lia, numa única mala velha que possuía. Assim que o fizesse, comunicaria àquele homem, que jamais foi seu pai, que o deixaria, enfim, sozinho com a sua tristeza de vida! Era isso que faria!!!
Nina não tinha um teto todo seu, para onde pudesse ir, mas sabia que poderia, por enquanto, se ajeitar na casa de Bia, onde, com certeza, a família da amiga teria o grande prazer em abrigá-la...
BA!
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