Assim como Bia, Roberto, desta vez, sem querer, interceptava uma correspondência que não o pertencia. O destino, senhor dos tempos, trocava mais uma vez os papéis de lugar. Curioso, Roberto retirou o papel da garrafa com todo cuidado para que não se molhasse. Ficou encantando com as palavras que lia. Tais palavras soavam tão verdadeiras em sua mente que, por alguns instantes, chegou a sentir o sentimento de quem a escrevera. Foi só quando chegou perto da última linha e que se deparou com a assinatura de Nina que Roberto percebeu o que acontecia. Então era por isso, este era o motivo de tamanha falta de atenção com ele. Nina sequer cogitou ser sua amiga. Agora sim. A explicação estava ali logo à sua frente. Nina era apaixonada por um tal de Pedro. No minuto seguinte, Roberto se sentiu mal por ter tomado para si aquela garrafa, e, com força, lançou-a por sobre as ondas novamente, desejando que elas a levassem para longe dele. A garrafa atravessou aquela cobertura de espuma e pareceu nadar para dentro do oceano. Roberto já tinha dado as costas para o mar quando, de repente, se voltou com pressa e jogou seu corpo, atravessando as ondas como um soldado que atravessa o campo de batalha. Suas mãos buscavam no mar o que acabara de achar e de perder. Queria ele poder tocar novamente aquela garrafa. Queria ele que aquela carta tão verdadeira de amor para ele fosse destinada. Quando estava prestes a desistir, sentiu novamente o contorno daquele vidro preenchido pela Carta de Amor de Nina para Pedro. Roberto não vacilou e depressa puxou a garrafa para si.
CS!
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