Naquela noite, Pedro tocava sua gaita, e carregava um coração despedaçado de tanta dor... Ali, sobre o palco, sendo a atração daquele show anunciado na Ilha, sendo visto e ouvido por nativos e turistas, mesmo debaixo de toda a chuva que insistia em atrapalhar sua apresentação, ele se lembrava das palavras de Marina, quando lhe contou toda a verdade sobre os fatos ocorridos e principalmente sobre o seu amor por Nina, sendo traído por ela. Aliás, ele pensava: “Fui traído também por minha doce Nina!”
Agora, enquanto sua música invadia, delicadamente e cheia de magia, os ouvidos daquelas pessoas que se deliciavam com o som dela, Pedro, imaginando que Marina já tivesse contado toda a verdade para Nina, conforme ele havia lhe exigido, notou na platéia aquela moça de costas, que, num balanço de seu belo corpo, lhe fez interromper o sopro naquele pequeno instrumento. Assim que ela virou o rosto, como que a buscar a continuação daquele som, Pedro, colocando seus olhos nos olhos dela, sentiu seu corpo flutuar ao constatar que era ela... Bia!
Buscando a nota que havia interrompido, continuou a melodia até o fim, sem deixar, contudo, de admirar aquele “monumento” de mulher, no qual virara a sua amiga maluquinha daquele tempo em que ele viveu na Ilha.
E Bia fazia questão de se ver notada por ele. Exibia aquele seu balanço de corpo como a desejar enfeitiçar o pobre Pedro, que, instantes antes, sofria aquela dor lancinante dentro do peito.
Já imaginando uma traquinagem na cabeça, Bia correu até uma barraca e comprou uma garrafa de vinho, antes de o show de Pedro terminar. Assim que ele desceu do palco, sob os calorosos aplausos do público, ela foi em sua direção, sentindo o coração lhe saltar pela boca. Pensou: “Hoje, ele não me escapa! Estarei, finalmente, nos braços de Pedro, como quando daquela vez em que eu, anos e anos atrás, apanhei ele e Nina juntos... Hoje, serei de Pedro pelo menos uma vez!”
BA!
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