Marina tratou de puxar a cabeça da amiga para bem perto de seus ombros, tentando assim confortá-la. Nina deixou-se levar por uns instantes e logo depois levantou-se. Enxugando as lágrimas do rosto, pediu que Marina fosse embora. Queria ficar sozinha com seus pensamentos, tentando colocar tudo o que vivera naqueles últimos tempos em ordem. Pobre Nina! Como colocar ordem na bagunça que o destino faz na vida da gente?! Marina ainda insistiu para ficar, mas, respeitando o desejo da amiga, foi embora depois de dar um beijo carinhoso em Nina. Nina ficou parada ali mesmo durante horas e horas, até que a noite começou a chegar, trazendo consigo um vento forte que fazia um barulho amedrontador como se previsse a chegada de uma grande tempestade. Nem o forte vento tirou Nina do lugar onde estava. Seus pensamentos revezavam entre lembranças antigas e recentes. Quanta coisa acontecia à sua volta sem que ela pudesse fazer nada. E foi num desses pensamentos profundos que Nina sentiu uma pontinha de ciúmes de Roberto. Ela nunca havia olhado para ele como um homem interessante. Mas algo aconteceu naquele dia. Nina ainda não sabia se por causa da cena de amor que havia visto ou por causa da revelação que ele havia feito para ela. Desde a mudança de Pedro, ela jamais havia se interessado por outra pessoa. E isso já estava perto de completar seis anos. Seis anos sem dar nem receber um beijo, seis anos sem fazer amor, seis anos sem se sentir mulher, assim como se sentia nos braços de Pedro. Nina então levantou-se, e foi a caminho do quarto em busca do presente que Roberto a entregou tantos anos atrás. Sem a proteção da ostra, arriscou abrir com a ponta dos dedos a fresta que separava as duas partes da concha. Surpresa, sentiu seu rosto ser iluminado por uma bela pérola branca. Branca como as areias da praia. Nina sorriu!
CS!
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