Naquela noite quente, Roberto havia voltado para a pousada, após deixar Bia, toda satisfeita, na praia. Assim que colocou os pés no quarto, deu de cara com a namorada, Angélica, ainda acordada, mostrando-se aflita com seu sumiço: “Céus, Roberto! Onde você se meteu?” Ele, sem ter uma desculpa melhor que lhe caísse à cabeça, apenas respondeu: “Estava à sua procura, querida! Percorri toda a ilha... andei léguas.”
Angélica, passou as mãos em seu rosto e lhe beijou a boca: “Eu estava com Nina, na casa dela... Amanhã, lhe conto tudo. Agora, vamos para a cama...Venha!”
E enquanto isso Nina caminhava na praia. Pensava em seu sonho, querendo descobrir pistas sobre ele. Acabou encontrando “marcas na areia”, que lhe causaram uma certa estranheza. Imaginou que poderiam ser marcas deixadas por conta de uma briga feia, ou por um animal, talvez! Seguiu em frente, arrastando seus pés descalços, agora, na orla, e chutava de leve as ondas que vinham acariciar o seu andar...
Assim que o Sol beijou uma ponta da praia, Marina, que mal conseguiu esperar a tarde chegar para o seu encontro com Nina, apareceu ao seu lado, tão de repente, que Nina sentiu ser uma visão: “É você? O quê faz aqui tão cedo, Marina? Não me diga, também, que irá embora da ilha...”
Antes de dizer palavra, Marina abraçou a amiga, bem forte, e acariciou seus cabelos, respondendo-lhe com o ar de sua graça: “Vou nada, sua boba! Queria lhe encontrar logo, logo. Tenho uma proposta para lhe fazer. Andei pensando bem... Essa ilha me encanta tanto. Quero ficar mais, por aqui, por um bom tempo. Sei que o parco rebanho, que você herdou de seu pai, não está lhe trazendo muito lucro com a venda do leite... Você está sozinha, mora tão só, junto à sua solidão... E se eu lhe contar que pensei em nós duas nessa noite? Não seria uma ótima idéia se eu deixasse a pousada e fosse morar com você? Assim, poderei ajudá-la... Você não sabe ainda, mas a minha família tem grandes posses, e eu recebo uma mesada bem generosa... Imagine, querida, nós duas vivendo juntas... Será uma festa! Poderemos, as duas, reformar sua casa, reformar nossas vidas, hem? Diga-me, Nina, nesse instante em que o Sol já alcança seu belo rosto, o que você acha dessa minha ideia?”
Sem pestanejar, mesmo com a claridade batendo em seus olhos, e sentindo uma alegria infinda, Nina apenas respondeu: “Vamos, agora mesmo, na pousada, buscar suas bagagens e aquele seu velho e lindo violão!”
Marina lhe abriu um sorriso radiante, mais do que o próprio Sol...
Marina lhe abriu um sorriso radiante, mais do que o próprio Sol...
BA!