Naquela
manhã agitada, enquanto Angélica estava atônita por receber, "para a sua
alegria", a visão em cores, o detetive Ícaro já preparava, outra vez, a papelada
para um novo julgamento dos dois casos que viera resolver, desde quando pisou
na areia da prainha da Ilha; o desaparecimento de Alexander e o assassinato do
doutor Roberto. Iria enviar a convocação para as quatro mulheres: Nina, Bia,
Angélica e Marina. Mas, ficará furioso quando souber que Marina deixara a Ilha
dias antes... Ficará furioso, quando descobrir que Alexander voltara,
maltrapilho e desmemoriado, sabe-se Deus vindo de onde!
Pedro,
jogado aos encantos do doce balanço do corpo de Bia, ainda atordoado de amor
por ter visto Nina, conhecerá, muito em breve, a fúria que habitará seu
coração, quando souber que Bia carrega um filho seu, no dia em que ela lhe
revelará, pois nem ela mesma ainda o sabe...
Nina,
em total estado de entorpecimento, segurando a gaita de Pedro, que ela bem
conhecia de cor, jurava que haveria de ficar insana se soubesse que ele estava
por perto. Seu coração, tocado pela melodia que ouvira instantes antes, parecia
uma locomotiva louca para saltar-lhe da boca, cujos lábios foram capazes de,
num segundo mágico, sentir o gosto do último beijo de Pedro!
Alexander,
estirado nas areias da praia, onde reaparecera, continuava à espera de um
milagre, tendo nas mãos a pena do Pássaro Preto, que, após o bater de suas asas
estonteantes, agora arqueadas, coroava sua cabeça sem memória...
O
som da gaita de Pedro cobria a Ilha, que, sem ter a ideia da fúria dos deuses,
ainda espreguiçava, quando a tarde adentrava, prenunciando uma grande
tempestade...
Na
varanda da casa de Nina, o gato “Borboleta”, reaparecido com mais uma de suas
sete vidas, aguardava sua dona... Estirado no piso de madeira envelhecido,
percebeu a primeira gota de chuva!
BA!
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