Como se a ilha fosse uma imensa bola redonda, enquanto Nina corria atrás de Pedro, e tendo seu trajeto interrompido ao meio pelos braços fortes de Ícaro, Bia carregava Pedro em
direção à Árvore dos Desejos. Sua paixão
era tamanha que já havia esquecido os planos de vingança, que durante tantos
anos alimentaram seu corpo de mulher. De todos os homens que já a
haviam tocado, Pedro era o mais especial. Ele, sim, era seu verdadeiro amor. E
ela jurava que jamais iria perdê-lo novamente. Bia sabia muito bem como seduzir
um homem. A caminho da Árvore dos Desejos, enquanto Pedro tentava se desvencilhar,
com a cabeça na figura de Nina, seu corpo acabava cedendo aos caprichos do
corpo de Bia. Entre passos, mãos ágeis corriam pelos cabelos de Pedro, e o corpo
de Bia roçava em seu corpo, como se bailassem numa coreografia frenética de
desejo e perdição. Fizeram amor ali mesmo, antes da chegada à Árvore dos
Desejos. Enquanto seu corpo ainda se recuperava do frenesi da paixão, Pedro se
levantou e em meio a um grito agonizante
disse: “Chega. Você está me sufocando.... Tudo bem... Adorei te reencontrar,
quanto mais assim... Você é um tesão de mulher, é minha amiga, mas, não quero
mais, não posso mais. Vim aqui por acaso, mas meu coração deseja reencontrar o
grande amor da minha vida, meu coração deseja rever a Nina..." "Rever a Nina",
essas últimas palavras entraram nos ouvidos de Bia como uma lança que
atravessa o corpo de um soldado no campo de batalha. Bia levantou-se, e seu
corpo nu refletiu os raios de um sol que caminhava para se pôr bem
devagar. Passou a mão entre os cabelos
fartos, como se quisesse arrumá-los, e enfiando os dedos entre os lábios, também
fartos, como se lambesse os restos de um doce saboroso, Bia sorriu, estalou um
beijo para o alto, juntou suas roupas coloridas e pôs-se a caminho de volta
para a vila. Pedro ficou ali, de pé, parado. Apenas pensou em voz alta:
“Meu Deus, o que está acontecendo comigo?”
CS!
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