- Assim que terminarmos esse nosso café da manhã, vamos dar um passeio pela praia?
Angélica assentiu, devolvendo um sorriso largo para o jovem Ícaro, que lhe pareceu, naquela manhã, um pouco mais simpático e amável. Isto lhe causou a impressão de que ele estava envolvido com sua situação, quando o sentiu preocupado com o fato de ela estar enxergando, agora, tudo em preto e branco.
Ela continuou a tomar o café preto daquela xícara branca. O resto todo, ao seu redor, irradiava-lhe somente estas duas cores! Angélica sentia-se agoniada, e sabia que sua condição poderia ser um grave efeito de sua doença. Desde que, ao acordar, havia visto seu rosto não mais em cores, assim feito um filme antigo, diante do espelho, ela entendeu perfeitamente... Mas não poderia imaginar se este estado seria reversível ou não! Os médicos estavam certos quanto a este diagnóstico? E os milagres? Para quê servem?
Presa em sua agonia em p&b, Angélica, ao lado de Ícaro, caminhava, com seus pés descalços, pela areia da ponta da praia... Areia preta, em contraste com o Sol, que propagava a cor branca. O mar se despiu de sua cor azulada, e era como uma tinta preta... As ondas, essas, sim, ao lhe beijarem os pés, ainda lhe emitiam a cor original, o mesmo branco de suas espumas!
- Mas, me diga, Ícaro... Ainda sou uma das suspeitas pela morte de Roberto?
- Você e mais aquelas outras três mulheres. Ainda nessa semana, irei convocá-las para o interrogatório. Não vejo a hora de encontrar logo a assassina!
- Ou o “assassino”...
Ícaro engoliu em seco. Tratou de mudar de assunto. Buscou uma concha na areia e a colocou nas mãos de Angélica:
- Que cor ela tem?
- Uma cor de “aflição”, meu caro!
BA!
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