Prêmio Top Blog 2011

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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Quando o Tempo Não é o Senhor do Destino


-“Então é isso! você volta pra nossa ilha, diz que foi por minha causa, que é apaixonado por mim, me seduz, me ama uma noite toda, me ama de dia e me jura sua fidelidade, aí eu viro as costas e lhe encontro carregando nos braços aquela que nos separou um dia?”

Os gritos de Bia acordaram Nina de seu desmaio, fazendo-a acordar também de seus devaneios. Marina virou fumaça nos pensamentos de Nina. Ela abriu os olhos e se afastou de Pedro. Nesse mesmo instante, Ícaro agarrou os braços de Pedro e forçou suas mãos para trás. Sentindo as algemas, Pedro respondeu com um grito:

“Nina, meu amor, já sei de tudo, sei da sua carta de amor na garrafa, sei de você e de Marina, tenho muito o que lhe dizer, me deixa falar com você!”.

Essas foram as últimas palavras de Pedro, antes que Ícaro, jogasse seu corpo em meio ao chão batido, e as grades da delegacia caindo aos pedaços. Bia acompanhou Pedro à delegacia, e após confirmar seu paradeiro deu um abraço apertado em Ícaro, cochichando em seus ouvidos que ele era um homem incrível e que tinha feito a coisa certa. Com os cabelos presos, a maquiagem pesada, o forte perfume doce, encostou seu corpo bem perto do corpo de Ícaro, puxando seu braço direito, até que ele se enrolasse em sua cintura, e ali mesmo, distante de Pedro por uma parede de barro mal batida, lascou um beijo nos lábios fartos do detetive ambicioso. Ícaro deixou-se levar pelo balanço do corpo de Bia e rasgou as roupas da moça, atacando-a como se abate um animal no cio. Pedro, de costas, se isolou no fundo daqueles dois metros quadrados de cela, tapou o rosto com as mãos e chorou.
CS!

O Pulo do Gato


Com o barulho do raio, que partiu, bem ao meio, a Árvore dos Desejos em duas partes iguais, caindo cada uma delas para um lado diferente da outra e separando, assim, as letras N e B para sempre, o grande pássaro negro sobrevoou, mais uma vez, a sala do pequeno posto de saúde. De seu bico, ele lançou duas folhas de papel, manchadas por tons de vermelho, que iam do claro ao escuro, parecendo sangue. Sim, era o sangue de Marina, que acabara de cortar os pulsos, minutos depois de escrever aquela Carta de Amor para Nina. Os papéis cortaram o ar e pousaram bem nos ombros da menina. Ela passou a mão entre os cabelos e amassou todo o papel, levando-o ao encontro dos seios pequenos. Seu coração parou de bater por alguns instantes. Neste momento, o Gato Borboleta saltou da beira do penhasco numa nova viagem, para gastar mais uma de suas 7 vidas.
CS!

O Caminho da Ira


No instante em que Nina fechava os olhos, ainda sentindo o calor da respiração de Pedro em sua boca, Bia se aproximava do posto de saúde, atraída pelo tititi das pessoas do lugar que espalhavam, aos 4 ventos, que Alexander, o maluco solitário, estava de volta. E quando Bia atravessou a sala apertada, deixando para trás seu rastro de cores e rebolados, foi que ela flagrou o corpo curvado de Pedro, sustentando em seus braços, que, entrelaçados, davam um nó na cintura de Nina. Bia se enfureceu. Sentiu tamanha raiva, que todas as nuvens da ilha se tornaram cinzas, quase pretas. Nuvens carregadas. Carregadas pela tempestade que, em muito pouco tempo, desabaria sobre a ilha. E o primeiro raio cravejou e rachou bem ao meio o tronco da Árvore dos Desejos, dividindo as siglas das amigas Nina e Bia em duas consoantes separadas pelo mal tempo. Um tempo perverso e severo. Um tempo onde somente o amor poderia vencer a magia. E a ira de Bia pairou sobre a ilha, fazendo parar até o vaivém das ondas do mar.
CS!

No Meio da Dor, Há de Nascer Uma Flor


E nessa estória com h, com tantos encontros e desencontros, nesse mundo povoado por borboletas mágicas e coloridas, e rosas que exalam seu cheiro em cada canto que tocam, o amor de Nina e Marina eternizou-se. Tudo durou não mais que um segundo, mas, sim, uma vida toda. Aquele minuto passou a ser sentido como se sente horas a fio, tempo suficiente para tecer aquela colcha de retalhos que, um dia, Lia, sonhou fazer para Nina. Aquela colcha que, durante anos, cobriu o corpo da menina e depois ficou pequena para aquecer seu corpo de mulher. A mulher Menina, linda aos olhos dos homens que tanto a amavam. Nina, a menina dos olhos ariscos e dos belos rabiscos. E o amor assim se fez. E elas se amaram como se fosse a primeira ou a última vez, não se sabe. Mas na ilha mágica tudo pode acontecer. E aquele último grão suspenso no ar, de dentro da ampulheta, finalmente caiu no monte de grãos do fundo do vidro fosco, e um novo tempo se formou. O tempo. O tempo fechou.
CS!

domingo, 6 de outubro de 2013

A Borboleta e Seus Mistérios!


Sorriu, ainda sem sentidos, porque já estava indo embora... Tudo estava ficando para trás, apenas lembranças doces que o tempo de sua viagem carregariam... Levaria consigo!
Mas, eis que, já quase no pulsar de sua derradeira hora, uma borboleta colorida, cheia de vida, lhe pousa em seus pulsos, primeiro num, depois no outro, como num passe de mágica, desferindo-lhe um líquido precioso, imaculado, para lhe devolver a vida que já sangrava, costurando e fechando suas chagas.
Marina abriu os olhos... E viu, nitidamente, a imagem de Nina pousando em seu novo coração!
Que mistérios trazia aquela borboleta encantada? Além de devolver a vida à Marina, trouxe-lhe também uma rosa vermelha, que deixou o seu perfume em cada canto de seu quarto! E sua fragrância percorreu terras e mares, deixando-se exalar bem junto ao rosto de Nina, que já voltava, na Ilha, de seu desmaio...
Não foi à toa que a vida lhe deu asas! A borboleta voou, num voo manso e feliz, deixando Marina e Nina, mais uma vez juntas, naquele reencontro, naquele reinício, naquele recomeço de uma nova história de amor!
Há quem acredite!
BA!