Na mão esquerda, Marina segurava a ponta da caneta, e enquanto isso sua mão direita tentava alcançar a navalha por cima dos papéis, que guardavam os escritos da carta que acabara de escrever para Nina. Suas mãos continuavam trêmulas, e no mesmo segundo em que Nina, depois de tantos anos, sentia o hálito quente da boca de Pedro em seus ouvidos, Marina fechava os olhos e levava a navalha rumo a seu pulso. A única coisa que se pôde ouvir, naquele momento, foi o barulho dos vidros da janela espatifados no chão, assim que o grande pássaro negro adentrou o quarto de Marina, levando, embrulhadas em suas garras, as duas folhas de papel que, em meio a gotas de sangue fresco, escondiam entre suas linhas o amor que Marina sentia por Nina. Marina então abriu os olhos e sorriu.
CS!
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