Ainda
sem conseguir abrir os olhos, como se estes estivessem colados em seu rosto,
Nina só conseguia sentir a pele de Pedro amparando a sua. Queria virar-se de
frente, olhar bem no fundo dos seus olhos e dar-lhe um beijo demorado e cheio
de amor. Mas algo a impedia. Nestes segundos em que o tempo teimava em
roubar-lhe, um filme passava na cabeça de Nina. Uma mistura de sentimentos,
frases, encontros e despedidas, tomou conta de sua mente. Lembrou-se de Lia,
que nem ao menos conhecia, reviu o belo quadro, presente da amiga Bia, escutou
o barulho da música tocada pela gaita de Pedro, lembrou-se do barulho da porta
batendo às suas costas, quando da vez que deixou sua casa, após as duras
palavras de Alexander... Lembrou-se também de quando salvou a vida de Bia,
dando-lhe as mãos nas águas agitadas do mar da ilha... Pôde sentir, como
ninguém, o olhar de Roberto ao entregar-lhe o tesouro guardado em uma caixinha
de madeira... Seus lábios se mexeram, quando se lembrou de Marina e da paixão
que viveram juntas tão pouco tempo atrás... De pronto, sentiu o afago do abraço
de Angélica, em meio às longas conversas que as duas trocavam durante o período
em que Alexander esteve desaparecido... Até Ícaro, o detetive brutamontes,
passou bem rapidamente pelos pensamentos de Nina naquele instante... Assim como
o pote, recheado de rabiscos do amor de Lia por Alexander, de Alexander por Lia
e de Nina por Pedro... Este filme só foi interrompido quando Nina sentiu a boca
quente de Pedro encostando na sua, e
seu suor misturando-se ao seu. Nina então abriu os olhos.
CS!
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